Mais uma vez o Santuário Nacional é palco de religiosidade e luta popular no dia 7 de setembro, data em que se comemora a Independência do Brasil. Este é 21º ano que a Casa da Mãe acolhe o Grito dos/as Excluídos/as, e o 28º ano da Romaria dos(as) Trabalhadores(as), onde diversos movimentos sociais e pastorais se reúnem para reivindicar justiça e pedir a Nossa Senhora por uma sociedade mais digna.
A programação começou às 7h com uma oração no Porto Itaguaçu, local onde foi encontrada a imagem de Aparecida. Em seguida, houve uma caminhada até o Santuário, com palavras de ordem, cantos e reflexões sobre questões da classe trabalhadora.
Nesta caminhada estava a aposentada Maria Aparecida, militante sindical que atua na Pastoral Operária. Ela conta que, apesar da distância, caminhou com tranquilidade, cantando e pedindo as bênçãos da Mãe Aparecida para os trabalhadores e trabalhadoras do Brasil. “Todos os trabalhadores tem a responsabilidade de lutar por um mundo mais justo. Nós já sofremos muito. Vamos pegar nossos mártires e olhar Jesus Cristo, que deu seu sangue por nós, procurando seguir os seus passos”, disse.
Após a caminhada, os devotos se reuniram em frente à Tribuna Bento XVI para o momento do Grito, que neste ano traz como lema, “Que país é este que mata gente, que a mídia mente e nos consome?”. O lema busca promover o debate da influência da mídia na sociedade e a consciência de que a comunicação é um serviço público que precisa ser democrático. É o que explica Ari Alberti, um dos coordenadores do movimento:
“O Grito, desde a sua origem, tem uma fala muito clara que é “a vida em primeiro lugar”. A cada ano mudamos o lema para nos atualizarmos conforme as lutas. A mídia tem um compromisso social, ela tem o poder de conduzir a massa. Então é preciso democratizar, é preciso que a sociedade pense como é que são feitas as concessões dos canais de comunicação, como é que são renovadas essas concessões e como é que a sociedade pode e deve participar desse processo. Neste sentido, a gente busca chamar a atenção da sociedade e denunciar a concentração de mídia que está acontecendo no país”.
“Aquilo que é direito dos trabalhadores e da sociedade fica como letra morta, e isso é criminoso"
Ari ainda reforça que o Grito vê a regulação da mídia como uma questão fundamental, comparando a falta de regulação com os direitos sociais: “aquilo que é direito dos trabalhadores e da sociedade fica como letra morta, e isso é criminoso. Se a gente, quanto sociedade civil, não se alertar e não for pra rua e forçar a mudança de baixo pra cima, isso não vai acontecer”, reitera.
O ato do Grito deste ano deu atenção também à situação da mulher, destacando a importância da Lei Maria da Penha e incentivando as mulheres a se candidatarem e a participarem ativamente da política, como uma forma de buscar justiça e igualdade.
Homilia no Altar Central reflete sobre democracia e relembra as palavras de Papa Francisco
Foto de: Thiago Leon
Dom Luciano Bergamin, bispo da Diocese de Nova Iguaçu (RJ)
Após o momento do Grito, aconteceu uma celebração no Santuário Nacional, presidida por dom Luciano Bergamin, bispo da Diocese de Nova Iguaçu (RJ).
A missa contou com um momento emocionante de oração pela paz na Síria, onde todos os devotos presentes rezaram uma ave-maria conforme o pedido de Papa Francisco. Dom Luciano promoveu um momento de reflexão sobre os sofrimentos que são provocados pela guerra, pelas perseguições, pela injustiça social e pela intolerância religiosa.
O bispo também deu destaque à situação do Brasil, pedindo por uma justiça acompanhada de amor, ternura, misericórdia e perdão. Confira trechos de sua homilia:
“Estamos celebrando e recordando um momento histórico para nosso país, sua independência de Portugal. Tantas pessoas doaram e doam suas vidas para sermos independentes, custou muito sangue. Vivemos um período difícil e conturbado para a nossa república. E o que devemos fazer? Devemos pedir a deus para que nossos governantes tenham sabedoria, para que tenham cuidado com os trabalhadores (...). Nós todos devemos olhar o futuro e o presente com esperança, condenando toda forma de corrupção, pequena ou grande, toda forma de discriminação. Devemos defender as instituições democráticas do país. Se cada um realizar o seu papel com garra, podemos sair dessa situação complicada. Devemos insistir para uma reforma política democrática. Devemos falar menos e fazer mais. Precisamos trabalhar mais e responder aos desafios que a realidade apresenta”.
Refletindo o tema do Grito dos Excluídos deste ano, Dom Luciano pediu para que não nos deixemos engolir pelas notícias que a mídia propaga. “Devemos saber discernir e ter um olhar crítico”, disse. Por fim, ele citou a mensagem que Papa Francisco deixou em sua visita à Bolívia, com palavras que suplicam pela luta dos povos pela paz e pelo cuidado com o planeta Terra.
A celebração também representou o envio da imagem Peregrina de Nossa Senhora Aparecida à diocese de Nova Iguaçu (RJ).
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