Por Leonardo C. de Almeida Em Artigos Atualizada em 20 MAI 2020 - 08H54

Maio de Maria, mãe e mestra, de mil nomes

Perfume doce de flores do andor; cortejos de crianças vestidas como anjinhos; orações, ladainhas e cânticos populares; pétalas de rosas pelo chão; toalhas, cortinas, rendas e mantos azuis e brancos; sinos e procissões; terços ou velas às mãos e lágrimas nos olhos...

Assim é, para muitas de nossas comunidades, o mês tradicional de maio, mês de Maria, a quem coroamos como Senhora e a quem assim nos dirigimos neste tempo pascal: “Regina Coeli” - Rainha do céu... E Rainha de todos os povos da terra!

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As manifestações de devoção que a piedade popular presta a Maria alcançam seu ápice neste mês mariano com as coroações das imagens da Virgem, comumente no dia 31, Festa Litúrgica da Visitação de Nossa Senhora. O gesto da coroação, repleto de sentimento e afeição, não é meramente ingênuo e infundado.

A coroação de Maria, por trás do simbolismo, que evoca a Mulher do Apocalipse (Ap 12,1-2), é uma prestação de devido reconhecimento Àquela que pelo Deus Libertador foi preservada da mancha do pecado em previsão dos méritos de Cristo, de quem tornou-se Mãe e fiel Colaboradora no plano divino da salvação. Elevada aos céus de corpo e alma, Maria nos permite antever o prêmio da eterna glória. Filha, Esposa e Mãe do Deus Uno e Trino, a Senhora recebe a coroa esplendorosa da glória celestial.

Ao fazermos memória desse mistério nas cerimônias de coroação de Maria, reconhecemo-La não apenas como Rainha dos céus, mas Rainha das nações todas, que encontram Nela um sinal da proteção do Alto. Nesse sentido, as variadas etnias atribuem a Ela um sem-fim de títulos, invocações e nomes que evidenciam sua missão como Mãe da Igreja, bendita herança que o Cristo nos deixou antes de sua morte (Jo 19,26-27).

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Esses títulos, com tantas e distintas formas e representações iconográficas, designam a mesma Mãe de Deus e nossa, podendo fazer referência geográfica alusiva ao desenvolvimento da devoção em questão (como em Nossa Senhora de Fátima, de Lourdes, de Nazaré, do Monte Carmelo, de Guadalupe, da Penha); referência a alguma característica pessoal da Senhora (a partir de analogias, inclusive) ou a algum atributo que Ela apresenta (como em do Perpétuo Socorro, do Divino Amor, Auxiliadora, Porto da Eterna Salvação, da Rosa Mística, do Rosário, da Candelária, das Graças ou da Medalha Milagrosa, da Escada); referência a episódios bíblicos da caminhada terrena de Maria ou a pontos dogmáticos (como em Imaculada Conceição, Mãe de Deus – “Theotokos”, da Anunciação, da Expectação do Ó, do Bom Parto, do Leite, do Desterro, da Boa Morte, da Assunção, das Dores, Rainha dos Apóstolos); referência a alguma necessidade da Igreja e da humanidade (como da Saúde, do Bom Conselho, da Boa Viagem, do Bom Sucesso, do Patrocínio, do Trabalho, dos Navegantes, da Ajuda, da Defesa); ou, ainda, referência à maneira como se deu a aparição/manifestação da Virgem (como Aparecida, Achiropita), além de outras formas possíveis de categorização dessas invocações. Obviamente, alguns títulos marianos se enquadram, simultaneamente, em duas ou mais dessas categorias, que dialogam entre si.

Em todo lugar, situação ou época histórica em que a vida se esvai e as trevas doridas da escravidão, da penúria, da carestia, dos desastres naturais, da opressão, da peste, da desolação, da guerra, da enfermidade, da perseguição, da crise social e política e de outras tantas intempéries se abatem sobre os povos, Maria torna atual seu Magnificat, evidenciando a predileção divina pelos pequenos e dando sentido e concretude à sua missão de Mãe da Igreja.

Providencialmente, nesses momentos cruciais e críticos da História da humanidade, Ela se manifesta em aparições, imagens ou inspirações que principiam as devoções e os títulos marianos, os quais trazem alento e, tal como nas Bodas de Caná, o Vinho Novo da Alegria, Jesus Cristo, aplacando todas as vicissitudes. Cabe a nós, assim, render graças, porque a majestade servidora de Maria nos permite chamá-la, antes de Rainha, “Mãezinha do céu”, como muitos cantamos, filialmente, nas noites plácidas de coroação deste maio festivo.

Leonardo C. de Almeida
Associado da Academia Marial de Aparecida

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