Deus no seu profundo mistério de amor escolheu Maria, nossa verdadeira irmã, para que, depois de seu Filho Jesus Cristo, ocupe entre nós o mais eminente lugar na história da humanidade, ou seja, ser Mãe de Deus. Uma mulher tão próxima de todos nós e, ao mesmo tempo, envolta num mistério de singularidade do amor de Deus sem igual.
Na Marialis Cultus, Paulo VI nos diz,
“Maria, de fato, é da nossa estirpe, verdadeira filha de Eva, se bem que isenta do labéu do mal, e nossa verdadeira irmã, que compartilhou plenamente, mulher humilde e pobre como foi, a nossa condição” (MC 56)
Paulo VI, ao referir-se a Maria como nossa verdadeira irmã, nos lembra que ela participa plenamente de nossa humanidade, ou seja, é um ser humano com todas as implicações do nosso modo de existir e viver, com nossa corporeidade e nossos contextos históricos. Ela é nossa irmã em tudo, exceto no que tange ao pecado, pois pela graça de Deus ela é imaculada e santa desde o primeiro instante de sua concepção.
Essa compreensão é extremamente importante, pois ao afirmarmos Maria como nossa verdadeira irmã estamos também falando do mistério da encarnação, pois o Verbo de Deus se fez homem no seio de uma mulher, da nossa estirpe. Desse modo, a humanidade daquela que concebeu, gerou e deu à luz o Filho de Deus é a nossa maior garantia da humanidade do Verbo, de que “o Verbo se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1,14).
Na referência mais antiga à Virgem Maria, encontrada nos textos do Novo Testamento, ou seja, em Gl 4,1-4, Paulo não cita o nome da Mãe do Senhor, mas se refere a Jesus como nascido de mulher (podemos inclusive ler feito de mulher). Essa primeira referência a Maria é uma das formas em que o Apóstolo dos gentios nos faz alcançar o irrenunciável dado da encarnação do Verbo: o Pai nos enviou seu Filho unigênito no poder do Espírito Santo e o Filho entrou em nossa história humana nascido verdadeiramente como homem e de uma verdadeira “filha de Adão e de Eva”.
A compreensão de Maria como nossa verdadeira irmã, também não é alheia aos escritos dos Santos Padres. Santo Atanásio († 373), “pai da ortodoxia”, irá nos ensinar que
“Constituía parte da humanidade o que procedeu de Maria, não obstante era verdadeiro corpo do Senhor: verdadeiro, digo eu, porque idêntico ao nosso... Na verdade, Maria é nossa irmã, porque todos nascemos de Adão... ” (ATANÁSIO, A Epiteto: PG 26, 1051-1070. Grifo nosso).
Ao mesmo tempo em que a expressão nossa verdadeira irmã se liga ao mistério da encarnação, ela também nos revela o quanto a glória de Maria enobrece toda a condição humana (MC 56). O documento de Puebla (1979) muito bem nos fala desse nosso enobrecimento por meio de Maria, quando diz que
“A Imaculada Conceição apresenta-nos em Maria o rosto do homem novo redimido por Cristo, no qual Deus recria ainda “mais admiravelmente ” (...) o projeto do paraíso. Na Assunção se nos manifestam o sentido e o destino do corpo santificado pela graça.” (DP 298)
Para nós que veneramos a Virgem Maria na sua imagem encontrada no Rio Paraíba do Sul, em 1717, temos muitos motivos particulares para reconhecer Maria como nossa verdadeira irmã. Ela se fez irmã dos pescadores João Alves, Felipe Pedroso e Domingos Garcia que, encontrando sua imagem partida, também foram protegidos de qualquer penalidade injusta; se fez irmã do escravo Zacarias, que carregava a dignidade de filho de Deus e jamais deveria carregar as algemas da escravidão imposta aos negros; se fez irmã de Dona Gertrudes ao curar a cegueira de sua filha, pois todos são chamados a ver a beleza de Deus na criação; enfim, se faz irmã de todos nós, que estamos unidos ao Santuário Nacional de Aparecida, em comunhão de oração, implorando ao Pai pela vinda do Reino anunciado por Jesus no poder do Espírito Santo.
Que a Santíssima Virgem Maria, nossa verdadeira irmã, nos ajude a sermos fiéis a Jesus, no caminho sinodal da Igreja.
Frei Jonas Nogueira, ofm
Graduado em Filosofia e Teologia pelo Instituto Santo Tomás de Aquino (ISTA), em Belo Horizonte. Mestre em Teologia Sistemática pela Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (FAJE). Doutor em Teologia Sistemática pela Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (FAJE), tendo sua pesquisa voltada para a Mariologia
Frei Jonas será palestrante do XV Congresso Mariológico. Participe!
Oração em homenagem a Nossa Senhora das Dores
Ó Nossa Senhora das Dores! Ó dores da maior bondade que estão guarnecidas no brilho do sol que é Cristo, luminosidade irradiada em todas as direções e dores em torno das quais giram todas as partes do mundo.
Salve Rainha, a realeza da Virgem Maria
A doutrina da Realeza de Maria pertence à mais antiga Tradição da Igreja, um legado que foi sendo enriquecido, ao longo dos séculos, pelos pontífices.
Maria, Mãe e consolo dos sacerdotes
A Mãe eucarística ama nos padres o Filho Sacerdote que se configuraram a Ele pelo Sacramento da Ordem, como Cristo Cabeça, na oblação pela salvação de todos.
Boleto
Carregando ...
Reportar erro!
Comunique-nos sobre qualquer erro de digitação, língua portuguesa, ou de uma informação equivocada que você possa ter encontrado nesta página:
Carregando ...
Os comentários e avaliações são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião do site.