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Mariofanias - Nossa Senhora de Laus/ Nossa Senhora dos Encontros Felizes

Escrito por Academia Marial

19 NOV 2022 - 07H00 (Atualizada em 07 DEZ 2022 - 08H48)

Reprodução
Nossa Senhora de Laus / Nossa Senhora dos Encontros Felizes
Velho, França (1664)

Título: Nossa Senhora de Laus / Nossa Senhora dos Encontros Felizes
Festa: 27 de setembro
Aparições: mais de 54 anos (Primeira aparição 1664 - Última aparição 1718)
Vidente: Benoite (Benedicta) Rencurel
Investigado: 1665, 2007
Aprovação: 04 de maio de 2008 por Dom Jean-Michel di Falco da Diocese de Gap

A aparição de Nossa Senhora de Laus é a mais recente das aparições marianas aprovadas pela Santa Sé, embora tenham ocorrido entre o final do século XVII e início do século XVIII.

“Situado em Dauphiné, no sul da França, no sopé dos Alpes, a sudeste de Gap, fica o vale de Laus. Seu nome significa "lago" no dialeto local, já que antes havia um no fundo da bacia. Em 1666, a aldeia tinha vinte famílias espalhadas em pequenas cabanas. Os habitantes construíram uma capela dedicada à Anunciação, Notre-Dame de Bon Rencontre (Nossa Senhora do Bom Encontro, ou seja, a Anunciação).”1

Neste lugar bendito a Santa Mãe de Deus designou-se aparecer à pastorinha Benoite (Benedicta) Rencurel para um “Bom Encontro”. A jovem vidente nasceu dois meses antes de Santa Margarida Maria (Vidente do Sagrado Coração de Jesus) aos 16 de setembro de 1647 em Saint-Étienne d'Avançon nos Alpes do sul da França. A Virgem Santíssima anunciava em sua Mensagem a importância dos sacramentos: Batismo, Crisma, Eucaristia, Confissão, Unção dos Enfermos, Ordem e Matrimônio. Em sua mensagem enfatizou o sacramento da penitência ou reconciliação e por isso a Virgem de Laus leva consigo um subtítulo: “Refugio dos Pecadores”.

A família Rencurel passou por grandes dificuldades logo após a morte do patriarca da família em 1654. As dificuldades só aumentaram ao longo dos anos seguintes e em 1659, Benoite, para ajudar nas despesas e no cuidado com a família composta por doze pessoas, empregou-se no cuidado de ovelhas para dois moradores da cidade ao mesmo tempo. Benoite e sua família eram cristãos fiéis no cumprimento dos deveres religiosos e após ouvir uma homilia em sua paróquia, sentiu dentro de si um forte desejo de encontrar-se com a Mãe da Misericórdia.

“Pouco depois desse rompante interior, quem apareceu à jovem pastora de 17 anos foi São Maurício, um santo muito querido naquela região francesa. Ele lhe comunicou a esplendorosa notícia de que o seu desejo seria atendido em breve”.2 Ao aparecer à jovem vidente, São Maurício perguntou-lhes: “Minha Filha, o que você está fazendo por aqui?” Benoite com muita simplicidade respondeu: “Estou cuidando de minhas ovelhas, orando a Deus e à procura de água para beber”. São Maurício ajudou a Benoite a retirar água de um poço que até então a jovem vidente não tinha visto. Enquanto retirava a água do poço, Benoite, elogiou a beleza do Santo e lhe perguntou: “Você é tão bonito!” disse ela. “Você é um anjo, ou Jesus?”. Respondendo à jovem, São Mauricio lhe fez uma advertência: “Eu sou Maurício. A capela em ruínas que vês é dedicada. Filha, não volte mais neste lugar pois ele faz parte de um território diferente. Os guardas neste lugar tomariam o seu rebanho, se a encontrarem por aqui. Vá pastorear no vale acima em Saint-Étienne. Ali você verá a Santa Mãe de Deus.” A jovem Benoite indagou o Santo: “Mas a Virgem Santa está no céu. Como poderia eu a ver no local onde me indicas?” São Maurício respondeu com alegria sua pergunta: “Sim, Ela está no mais alto dos céus, na terra, e onde Ela quer”. Após dizer estas palavras desapareceu.

Na manhã seguinte, 16 de maio,

"Benoite conduziu o rebanho para o local indicado, o Vallon des Fours (Vale dos Fornos), assim chamado porque o alto do morro continha gesso, que os habitantes da aldeia extraíam e preparavam para utilizar em suas construções. Benoite tinha chegado apenas à frente de uma pequena gruta que estava no local quando ela viu uma Senhora de beleza incomparável trazendo uma não menos bela criança em suas mãos. Ela ficou encantada com a visão. Apesar da previsão de São Maurício do dia anterior, a ingênua menina pastora não podia imaginar que estava agora na presença da Mãe de Deus. Pensou que estava diante de uma mera mortal, e disse muito inocentemente: 'Bela Senhora, o que está fazendo aqui? Veio comprar gesso?' Em seguida, sem esperar por uma resposta, ela acrescentou com espontaneidade: 'A Senhora faria a gentileza de nos deixar pegar esta criança? Este menino iria nos deliciar a todos!' A dama sorriu, sem responder. Fascinada, Benoite admirava a bela Senhora. Chegando o momento de sua refeição, ela tomou um pedaço de pão e disse: 'A Senhora gostaria de comer comigo? Eu tenho aqui alguns pãezinhos muito gostosos.' A Senhora sorriu novamente e continuou deixando Benoite desfrutar de Sua presença, indo e vindo para fora da cavidade da rocha da gruta de onde apareceu. Benoite aproximava-se e se afastava dela. Depois, ao cair da tarde, a Senhora tomou a criança nos braços, entrou na gruta e desapareceu”.3

No dia seguinte e ao longo dos próximos quatro meses, Benoite contemplou naquele lugar bendito a Santíssima Virgem e seu Filho. O semblante da jovem pastora se transfigurou no momento das aparições. Ao longo destas aparições a vidente nunca ousou perguntar qual era o nome daquela Bela Senhora. Nestes encontros a Santa Mãe de Deus foi transformando e inundando a alma de Benoite preparando-a para a missão que a esperava. Manifestando-se no silêncio daquela montanha, a Rainha do Céu mostrava ao mundo a sua bondade que não tem limites.

Em uma das aparições a Virgem Maria repetiu palavra por palavra da Ladainha Lauretana no intuito de que as mães da aldeia ensinassem seus filhos e filhas a rezarem. Instruiu Benoite a ensinar as meninas daquela localidade de Saint-Étienne a irem à Igreja para lá com elas rezar e cantar todas as noites.

Muitas conversões foram acontecendo ao longo das aparições, uma delas se destacou para atestar a veracidade das aparições.

“A Sra. Rolland, patroa de Benoite, uma mulher de posses que não tinha qualquer interesse em religião, queria ver por si mesma o que estava realmente ocorrendo no local das aparições. Um dia, antes do amanhecer, em segredo ela chegou antes de Beonite até a gruta e escondeu-se atrás de uma pedra. A menina pastora chegou alguns instantes mais tarde e logo já viu a Virgem Santíssima. 'Sua senhora está escondida atrás da pedra', disse Maria. 'Diga-lhe para que não mais blasfeme contra o nome de Jesus, porque se ela continuar agindo assim não haverá paraíso para ela: sua consciência está em muito mau estado, ela deve fazer penitência'. A mulher, que tinha ouvido tudo, começou a chorar e prometeu mudar sua atitude. E realmente ela manteve sua palavra”.4

A notícia das aparições circulava cada vez mais nas redondezas e as pessoas comentavam sobre o assunto em toda parte. Mas uma dúvida pairava: quem era a mulher que aparecia à Benoite? A pedido do magistrado, Benoite foi obrigada a perguntar o nome da Bela Senhora e como resposta teve uma grande surpresa. Ao perguntar: “A senhora é a Mãe do bom Deus? Agradeceria se me dissesses quem és. Construiremos aqui para ti uma capela para homenageá-la se fores a Mãe do bom Deus”. A Bela Senhora lhe respondeu: “Eu sou Maria, a Mãe de Jesus. Você não me verá mais aqui por algum tempo. Não há necessidade de uma capela aqui. Nos encontraremos em um local mais agradável”.


Jonas da Costa Reis
Jonas da Costa Reis
Arte inspirada na imagem de Nossa Senhora de Laus/ Nossa Senhora dos Encontros Felizes


Após um mês sem ver a Mãe de Deus, seguindo a meio caminho que leva a Laus, Benoite encontrou-se novamente com a Virgem Maria. Atravessando o córrego lançou-se aos pés da Virgem e do Menino, e de Maria recebeu a seguinte instrução: “De agora em diante, você me verá apenas na capela que está em Laus”. Maria ensinou à vidente o caminho que levava à Laus, uma aldeia que Benoite não conhecia, apenas tinha ouvido falar. O sinal para reconhecer o lugar seria uma “doce fragrância" que ela sentiria ao chegar.

Em 1640, algumas pessoas tinham construído uma pequena capela dedicada a Notre-Dame de Bon Recontre (Nossa Senhora do Bom Encontro) erigida na solidão de Laus. Essa capela tinha sido construída com a finalidade de recolher as pessoas para ali rezar quando as águas se elevavam e os impediam de irem até a igreja paroquial em Saint-Étienne. Beonite nunca tinha ouvido falar da capela em honra de Nossa Senhora do Bom Encontro. Procurou por um longo tempo procurar o local que a Virgem lhe indicaria com a “doce fragancia”.

Ao parar na entrada de cada habitação na tentativa de detectar a “doce fragrância" passou por uma porta entreaberta. Ao adentrar no humilde local, Benoite encontrou a sua Bela Senhora de pé, sobre um altar coberto de poeira e lhe disse: “Minha filha, você tem procurado diligentemente por mim, mas não deveria chorar. Mesmo assim, você me deixou satisfeita por não ter se mostrado impaciente.” Benoite notou a condição miserável do altar e perguntou: “Querida Senhora, gostaria que eu depusesse meu avental sob seus pés? Há muito pó!”. “Não, minha filha… Logo nada faltará neste lugar — nem vestes, nem altar de linho, nem velas. Eu desejo que seja construída uma grande igreja neste local, juntamente com um edifício para abrigar alguns padres residentes. A igreja será construída em homenagem ao meu querido Filho e a Mim. Aqui muitos pecadores serão convertidos. Eu irei aparecer muitas vezes neste lugar”. “Construir uma igreja?” exclamou Benoite. “Não há dinheiro para isso aqui!”. “Não se preocupe. Quando chegar a hora de construir, você irá encontrar tudo o que precisar, e não demora. Os tostões dos pobres irão fornecer tudo. Nada irá faltar.”

O desejo da Santa Mãe de Deus foi se realizando e uma nova igreja ali foi construída. Em 7 de outubro de 1666, o padre Gaillard lançou a pedra fundamental da nova igreja. Nessa mesma ocasião os padres dominicanos de Gap realizaram uma grandiosa procissão.

Benoite tornou-se terciária dominicana, passando a usar o véu e a capa e sendo chamada de Irmã Benoite.

Entre os anos de 1669 e 1679, Benoite recebeu cinco visões de Jesus sofredor. Em uma Sexta-feira Santa de julho de 1673, Jesus lhe disse: “Minha filha, mostro-me neste estado para que possas participem da minha Paixão”. Ela recebeu os selos da união mística com Cristo, os santos estigmas. Todas as semanas, a partir daquele dia, sofreu uma crucificação mística entre quinta-feira à noite e sábado de manhã. Essa crucificação semanal durou quinze anos, com uma interrupção de dois anos de 1677 a 1679, quando Benoite serviu comida aos trabalhadores que construíam a residência dos padres. Em novembro de 1679 a crucificação mística foi renovada na Cruz de Avançon.

Em 1672, as aparições da Mãe de Deus em Laus enfrentariam muita hostilidade nos próximos vinte anos. O bispo nomeou dois novos capelães que não eram a favor das aparições de Laus e que afastaram os fiéis. Por quinze anos Benoite foi mantida em prisão domiciliar, sendo permitida a ir apenas à missa dominical.5

Em 28 de dezembro de 1718, após duas décadas vivendo como eremita no lugar das aparições, por volta das vinte horas, Benoite beijou o crucifixo e dizendo adeus aos que o cercavam e adormeceu para este mundo.

Em 1855, o Papa Pio IX coroou a Imagem da Virgem Maria em Laus tendo como seu enviado o Cardeal de Bordeaux.

Em 1872, o Papa Pio IX declarou Benoite “Serva de Deus”. A igreja de Laus foi elevada à categoria de basílica menor em 1893.

Em 31 de julho de 1981, foi reaberto o processo de beatificação de Benoite pelo Papa São João Paulo II, sendo ela declarada venerável pelo Papa Emérito Bento XVI em 3 de abril de 2009.

Em 4 de maio de 2008, Dom Jean-Michel de Falco de Gap aprovou oficialmente as aparições dizendo: “Reconheço a origem sobrenatural das aparições e dos acontecimentos e palavras vivenciados e narrados por Benedicta Rencurel. Encorajo todos os fiéis a vir orar e buscar renovação espiritual neste santuário".

Vinícius Aparecido de Lima Oliveira
Associado da Academia Marial de Aparecida

Bibliografia:

1. Nossa Senhora de Laus. Wikipedia, 2021. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Nossa_Senhora_de_Laus Acesso em: 06, nov de 2022.
2. GARCIA, Solange; VENDRAMIM, Tatiana. et al. Maria entre nós: As aparições marianas a devoção a nossa senhora em seus varios titulos e o explendor do santo Rosário. Petropolis, RJ. pag. 111 - Editora Vozes, 2022.
3. As aparições de Nossa Senhora de Laus. Blog Virgem Imaculada, 2021. Disponível em: <https://virgemimaculada.wordpress.com/2011/09/07/as-aparicoes-de-nossa-senhora-de-laus/. Acesso em: 06, nov de 2022.
4. Idem.
5. Le Laus, França (1664). The Miracle Hunter, 2022. Disponível em: http://www.miraclehunter.com/marian_apparitions/approved_apparitions/laus/index.html>. Acesso em: 06, nov de 2022.   
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