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Sétima dor de Maria Santíssima - A sepultura de Jesus

Escrito por Academia Marial

14 ABR 2023 - 15H40 (Atualizada em 14 ABR 2023 - 16H25)

Aparecida do Brasil

(Lc 23,55-56)

“As mulheres, que tinham ido com Jesus desde a Galiléia, foram com José para ver o túmulo e como o corpo de Jesus tinha sido colocado. Depois voltaram para casa e prepararam perfumes e bálsamos. E no sábado elas descansaram, conforme ordenava a Lei”.

A presença de Maria no sepultamento de Jesus é silenciosa, parece passar despercebida nos Evangelhos. O Evangelista Mateus ao narrar o episódio do sepultamento de Jesus afirma que após o rico José de Arimatéia depositar o corpo de Jesus no túmulo novo em sua propriedade, rolou uma grande pedra para fechar a entrada da sepultura (Mt 27,60). A ação de José de Arimatéia é acompanhada no Evangelho de Mateus por “Maria Madalena e a outra Maria que estavam sentadas, em frente ao sepulcro” (Mt 27,61). A figura feminina citada como “a outra” trata-se segundo os exegetas de Maria de Cléofas, também descrita no mesmo evangelho como sendo a mãe de Tiago e José (Mt 27,55-56). O Evangelho de Lucas afirma que o rico homem de Arimatéia teve como companhia na singela cerimônia fúnebre as “mulheres, que tinham ido com Jesus desde a Galiléia" (Lc 23,55). Elas “foram com José para ver o túmulo e como o corpo de Jesus tinha sido colocado. Depois voltaram para casa e prepararam perfumes e bálsamos (Lc 23,55-56). Lucas deixa a entender que não só Maria Madalena e Maria, mãe de Tiago e José estavam presentes no funeral de Jesus como nos narra Mateus, mas um “grupo de Mulheres que o seguiam desde a Galiléia”. Essas mulheres eram “Maria Madalena, Joana, e Maria, mãe de Tiago. Também as outras mulheres que estavam com elas” (Lc 12,10). Dentre as mulheres nomeadas na descrição de Lucas está Joana, esposa de Cusa, alto funcionário de Herodes Antipas. Podemos supor que no grupo das “outras mulheres que estavam com elas” estivesse Suzana que o Evangelista descreve juntamente com Maria Madalena e Joana como sendo mulheres que seguindo Jesus desde a Galileia “o serviam com os seus bens” (Lc 8,2-3). O Evangelista João sempre muito atento aos detalhes parece não notar o que Mateus e Lucas fizeram questão de descrever no momento do sepultamento: a presença das mulheres. João descreve a presença de Nicodemos como companhia de José de Arimatéia, e oculta a face feminina no funeral do Senhor. Por fim, o Evangelho de Marcos nos confirma a presença de Salomé no túmulo de Jesus: “Quando o sábado passou, Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, e Salomé, compraram perfumes para ungir o corpo de Jesus” (Mc 16,1). A presença de Maria, Mãe de Jesus, no sepultamento do Filho amado permaneceu oculta nos evangelhos sinóticos, inclusive em Lucas que traz em seu evangelho uma biografia de Maria de Nazaré , deixando entender que conheceu pessoalmente a Virgem Maria.

Para entender a presença de Maria de Nazaré no funeral do Filho precisamos traçar um caminho a partir dos costumes do povo judeu para sepultar seus mortos. Por ocasião do falecimento de uma pessoa da comunidade, rompia-se os afazeres do cotidiano para prestar solidariedade aos parentes do falecido. A presença dos que se solidarizam é sempre motivo de grande aglomeração (Mt 9,23-25). O sepultamento de Jesus não causa tamanha comoção entre os membros da comunidade. O falecido é um condenado e por medo de retaliação apenas alguns parentes (Mt 27,61) e amigos (Mt 27,55-56) realizam a cerimônia. A toalete fúnebre, rito de preparação do corpo para sepultar com Mirra e Aloés, é realizada pelos "familiares", o que indica que Maria de Nazaré está presente. A mulher de presença silenciosa e intercessora na alegria das Bodas de Caná da Galiléia (Jo 2,1-11) é também a mulher de presença silenciosa e cuidadora nas dores do povo. Os mais abastados da sociedade contratavam carpideiras e flautistas profissionais (Mc 5,38; Mt 9,23) para tocarem no funeral enquanto “os parentes dão livre curso às expressões de dor: põem pó e cinza na cabeça, rasgam as vestes; as mulheres desgrenham os cabelos e os homens cortam a barba”¹. Carpideiras e flautistas não marcam presença no funeral de Jesus por ser Ele de família pobre. Mas a presença marcante de Maria de Nazaré, oculta e silenciosa, está a lançar cinzas sobre a cabeça e a desgrenhar os cabelos em meio a espada de dor que transpassou seu coração.

Era costume que o enterro fosse realizado sempre oitos horas após o falecimento. O calor intenso do Oriente assim obrigava. Nota-se que o enterro de Jesus é feito às pressas antes mesmo das oito horas e tinha um motivo no qual “os judeus queriam evitar que os corpos ficassem na cruz durante o sábado, porque esse sábado era muito solene para eles” (Jo 19,31). É importante notar que Maria em decorrência do curto espaço de tempo entre a retirada de Jesus da cruz e o sepultamento não se afasta do amado Filho nem mesmo para receber os pêsames dos mais próximos. A condição social do falecido determinava como seria o cortejo até o local do sepultamento. Se o falecido era de condições pobres, seu corpo era levado em uma rede e levado em procissão (Lc 7,11-17). Se o falecido era de condições nobres seu corpo era envolto em tecido de linho e colocado em uma sepultura escavada na rocha. Jesus de Nazaré esse sabemos de onde vem: “não é o filho do carpinteiro? O nome de sua mãe não é Maria?” (Mt 13,55) de família humilde e pobre porém sepultado como os nobres do povo. Tudo isso para cumprir a escritura que diz: “a sepultura dele foi colocada junto com a dos injustos, e seu túmulo junto com o dos ricos” (Is 53,9).

Junto à sepultura de Jesus, assim como junto à cruz, está Maria. Barônio faz uma referência marcante desta presença ao dizer que mesmo “não sendo a divina vontade, acompanhou resignada o sacrossanto corpo de Jesus ao sepulcro, no qual também depositaram os cravos e a coroa de espinho”². Chegado o derradeiro momento de fechar o túmulo, os discípulos voltam-se para Maria e diz: “Eia, Senhora, vai ser fechado o túmulo. Ânimo! contemplai vosso Filho pela última vez e dai-lhe um derradeiro adeus!”³

Santa Brígida da Suécia nos recorda que a Virgem teria dito a ela em uma aparição as seguintes palavras: “Na sepultura do meu Filho estavam sepultados dois corações”. No túmulo de Jesus, Maria deixa seu coração traspassado pela dor e pelo sofrimento. Aí está o corpo de seu Filho amado, seu maior tesouro: “onde está o vosso tesouro, aí está também o vosso coração (Lc 12,34). Após a deposição de Jesus no sepulcro, Maria “é a única que permanece a ter viva a chama da fé, preparando-se para acolher o anúncio jubiloso e surpreendente da ressurreição” (Alocução da Audiência geral, LR. ed. port., 6/4/96. p. 12).

Vinícius Aparecido de Lima Oliveira
Associado da Academia Marial de Aparecida

Bibliografia:

1.BOFF, Clodovis M. O cotidiano de Maria de Nazaré. - São Paulo: Editora Ave Maria, 2014.

2.LIGÓRIO, Afonso. Glórias de Maria. 3 ed - Aparecida: Editora Santuário, 1989.

3. Idem.

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