Maria participa da encarnação do Filho de Deus, Jesus, Aquele que “esvaziou-se a si mesmo e tomou a forma de servo, tornando-se semelhante aos homens” (cf. Fl 2,7). Na História da Salvação Deus revela ao seu povo que cumprirá a promessa feita a Abraão e a sua descendência.
Conforme a Lumen Gentium, n. 55: “Os livros do Antigo Testamento descrevem a história da salvação na qual vai se preparando lentamente a vinda de Cristo ao mundo”, e essa história foi sendo feita por mulheres e homens que permaneceram fiéis, não obstante as adversidades e os desafios, os medos e as mortes, dos que em nome do Deus da Vida, seguiram no Caminho.
O profeta Sofonias chamou estes de “resto de Israel” (cf. Sf 3,13).
Maria participa da “longa espera da promessa” (LG, n. 55), com ela participa a comunidade que espera o tempo novo da Nova Aliança de Deus com o Seu povo, por meio de Jesus, o Enviado do Pai.
No Evangelho de Lucas capítulos 1 e 2 encontramos a narrativa do nascimento de João Batista e de Jesus, e é possível perceber que não há ruptura na promessa, mas sim, uma grande novidade da parte de Deus.
O nascimento de João Batista marca um tempo de esterilidade de profetas. Isabel de idade avançada era estéril, como tantas mulheres do Antigo Testamento: Sara (Gn 16,1; 17,17; 18,12), Raquel (Gn 29,31) e de Ana (1Sm 1,2.6.11).
Da esterilidade Deus concedeu fertilidade em Isabel e Zacarias, que gerou o último dos profetas João Batista. Em Lc 7,28 narra que “não havia maior profeta do que João”. Seu nascimento faz a conexão entre o Antigo e o Novo Testamento. Segundo Mt 3,5 e 4,5 “muitos vinham ouvir os ensinamentos de João”.
João, o Batista citado nos evangelhos (Mc 1,1-15; Lc 1,13; Mt 3,1-6; Jo 3,22-30), traz em seu nome a sua missão: “graça ou favor de Deus”. São Cirilo de Alexandria, doutor da Igreja (séc. V) ao falar de João, comenta que a ele “Foi confiada a missão de pregar-nos e anunciar-nos a Cristo”.
Sua missão revelada por Jesus é a de anunciar que “Cegos recuperam a vista e coxos andam; leprosos são purificados e surdos ouvem; mortos são ressuscitados e pobres recebem a Boa Notícia. E feliz aquele que não se escandalizar por minha causa” (Mt 11,5-6).
A Sagrada Escritura não traz informações sobre a relação de Maria, Mãe de Jesus e João Batista, mas relata o encontro de Maria e Isabel (cujo nome quer dizer: Deus, que faz pacto). Isabel representa todo o povo da Aliança e irrompe de alegria pela visita de Maria ao proclamar: “Você é bendita entre as mulheres e bendito é o fruto do seu ventre! Como posso merecer que a Mãe do meu Senhor (do grego: Kyrios) venha me visitar” (cf Lc 1,42-43).
Deus chamou João, chamou Maria e continua chamando muitos para acolher uma missão. A missão dada a João Batista foi de preparar o caminho do Senhor, assim ensinava “Convertei-vos, porque está próximo o Reino dos Céus”. Que as nações abrissem o coração para acolher a conversão e crer em Jesus, como ele mesmo se colocou como servo, e disse que não era “digno nem de desamarrar as sandálias”. Ele cumpriu sua missão até o último respiro de sua vida.
Maria recebeu um chamado especial para ser a Mãe de Jesus. Ela acolhe sua missão de gerar Jesus em seu ventre (no corpo e na mente) e cuidar d’Ele, que “crescia e ficava forte, cheio de sabedoria. E a graça de Deus estava sobre ele” (cf. Lc 2,40). Enquanto João Batista realizava sua missão de preparar o Caminho do Senhor, Maria, juntamente com José, realizavam sua missão de cuidar do Filho de Deus, acompanhar e segui-Lo, até que Ele pudesse se manifestar em sua “hora” (cf. Jo 2,4).
Celia Soares de Sousa
Mestre em Teologia, especialista em Mariologia
Associada da Academia Marial
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