FRANCISCO MARTO
Nasceu em 11 de junho de 1908, em Aljustrel, Fátima. Conhecido mundialmente como o Beato Francisco de Fátima. Filho mais velho de Olímpia e Manuel Marto, Francisco era uma criança típica do Portugal rural da época. Como não era obrigatório, ele não frequentava a escola e trabalhava como pastor em conjunto com a sua irmã Jacinta e a sua prima Lúcia. Como Nossa Senhora sugeriu numa das aparições, Francisco ingressou no ensino primário, mas acabou por deixar de assistir às aulas. De acordo com as memórias da Irmã Lúcia, Francisco era um rapaz muito dado, mas calmo, de caráter dócil e tolerante, gostava de música, o qual mostrava habilidade no pífaro. Sendo muito independente nas opiniões, no entanto, era pacificador, e mostrava-se muito respeitoso pelas pessoas. Não se aborrecia quando o contrariavam e, nos jogos, não encontrava dificuldades em se adequar à vontade dos outros.
Conta a sua prima que até os animais não escapavam à sua caridade. Era sensível à beleza da natureza, que contemplava com sensibilidade e admiração; deleitava-se com a solidão dos montes e ficava extasiado perante o nascer e pôr-do-sol. Chamava ao sol “candeia de Nosso Senhor” e enchia-se de alegria ao aparecerem as estrelas que chamava “candeias dos Anjos”. Era de tal inocência que dizia que, ao chegar ao céu, havia de colocar azeite na candeia da Virgem Maria. Participava da missa dos dias festivos e, quando podia, também nos dias santos. Tinha uma devoção especial à Eucaristia e passava muito tempo na igreja, adorando o Sacramento do altar a quem chamava “Jesus escondido”. Recitava diariamente os quinze mistérios do Rosário e muitas vezes mais, a fim de atender à vontade da Virgem; para isso, gostava de recitar orações e jaculatórias que tinha aprendido no catecismo e que o Anjo, a Virgem Santíssima e piedosos sacerdotes lhe tinham ensinado. Rezava para consolar a Deus, para honrar a Mãe do Senhor, a quem muito amava, para ser útil às almas que expiam as penas no fogo do purgatório.
Na sequência das aparições, o comportamento de Francisco e Jacinta alterou-se e, desde então, Francisco passou a preferir rezar sozinho. Marcado pelas palavras de Nossa Senhora para “que não ofendam mais a Deus”, ele retirava-se na solidão “para consolar Jesus pelos pecados do mundo”. Costumava dizer: “Que belo é Deus, que belo! Mas está triste por causa dos pecados dos homens. Eu quero consolá-Lo, quero sofrer por Seu amor”. Sustentou este propósito até ao fim. Durante as aparições, suportou com espírito inabalável e com enorme fortaleza as más interpretações, as injúrias, as perseguições e mesmo alguns dias de prisão. Resistiu respeitosa e fortemente à autoridade local, que tudo tentou para conhecer o «segredo» revelado pela Virgem Santíssima às três crianças, infundindo coragem simultaneamente à irmã Jacinta e à prima Lúcia. Todas as vezes que o ameaçavam com a morte, respondia: “Se nos matarem não importa: vamos para o céu”. Antes das aparições, Francisco já rezava. Porém depois, impelido por um espírito de fé mais intenso e maduro, tomou consciência de ser chamado e de se entregar ao dever de rezar segundo as intenções da Virgem Maria. Procurava o silêncio e a solidão para mergulhar totalmente na contemplação e no diálogo com Deus.
As três crianças, particularmente Francisco, tinham o costume de praticar mortificações, às quais Nossa Senhora, numa das aparições, pedira moderação. Contudo, como penitência, Francisco deixara de ir à escola e escondia-se para rezar pelos pecadores. É possível que prolongados jejuns o tenham enfraquecido a ponto de sucumbir à epidemia do vírus influenza, que varreu a Europa em 1918, em consequência da Primeira Guerra Mundial.
Francisco faleceu santamente no dia 4 de abril de 1919, na casa de seus pais. Os seus restos mortais ficaram sepultados no cemitério paroquial até ao dia 13 de março de 1952, data em que foram trasladados para a Basílica da Cova da Iria, no lado nascente.
Francisco e a irmã Jacinta foram beatificados pelo Papa João Paulo II, em 13 de maio de 2000. O dia festivo dos beatos é 20 de fevereiro. A sua canonização, realizada pelo Papa Francisco, ocorreu no dia 13 de maio de 2017, por ocasião das celebrações do Centenário das Aparições de Fátima.
JACINTA DE JESUS MARTO
Jacinta Marto também nasceu em Aljustrel, Fátima, em 11 de março de 1910. Filha mais nova de Olímpia e Manuel Marto, como de início não frequentava a escola, trabalhava como pastora em conjunto com seu irmão Francisco e a sua prima Lúcia. Mais tarde, logo após as aparições, por recomendação de Nossa Senhora, entrou na escola primária. De acordo com as memórias da Irmã Lúcia, Jacinta era uma criança afetiva, muito afável e emocionalmente frágil. Com frequência, ao entardecer ela saía para o terraço à frente de sua casa e ali admirava a beleza do pôr-do-sol e o surgimento do céu estrelado. Entusiasmava-se com as lindas noites de luar e competia com o irmão e a prima para ver quem era capaz de contar as estrelas, às quais chamavam de “lamparinas ou candeias dos anjos”. A lua era a de Nossa Senhora, e o sol, a de Nosso Senhor. Francisco gostava do sol, mas Jacinta às vezes dizia: “Ainda gosto mais da candeia de Nossa Senhora, que não nos queima nem cega. E a de Nosso Senhor, sim...”
Apesar dessa preferência, manifestava diversas vezes, com gestos e expressões comovedoras, seu intenso amor a “Jesus escondido” (como os três pastorinhos se referiam ao Santíssimo Sacramento). Na sequência das aparições, Jacinta e Francisco foram influenciados por terem tido a visão do Inferno, durante a terceira aparição (julho de 1917). Impressionada com a triste sorte dos pecadores, na sua simplicidade, decide responder ao apelo da Virgem Maria e fazer penitência e sacrifício pela conversão destes. Sua vida foi caracterizada pelo espírito de sacrifício, o amor ao Coração de Maria, ao Santo Padre e aos pecadores.
Em tudo oferecia um sacrifício a Deus, como lhes recomendara o Anjo, dizendo sempre a oração que Nossa Senhora lhes ensinara: “Ó Jesus, é por Vosso Amor, pela conversão dos pecadores (e acrescentava, pelo Santo Padre) e em reparação pelos pecados cometidos contra o Imaculado Coração de Maria”. Jacinta afastou-se das coisas terrenas e se voltou para as coisas celestes, consagrando a sua vida para, um dia, ir para o céu. Vivia constantemente mergulhada na contemplação de Deus, em diálogo íntimo com Ele. Procurava o silêncio e a solidão e de noite levantava-se da cama para rezar e expressar o seu amor ao Senhor.
Em pouco tempo, a sua vida interior se notabilizou por uma grande fé e por uma enorme caridade. A propósito disto dizia: “Gosto tanto de Nosso Senhor! Por vezes, julgo ter um fogo no peito, mas que não me queima”. Gostava muito de contemplar Cristo Crucificado, comovia-se até às lágrimas ao ouvir a narração da Paixão. Então afirmava já não querer cometer pecados para não fazer sofrer Jesus. Alimentou uma ardente devoção à Eucaristia, que visitava frequentemente e durante longo tempo na igreja paroquial, escondendo-se no púlpito, onde ninguém pudesse vê-la e distraí-la. De igual modo honrou a Virgem Maria, com um amor terno, filial e alegre, e constantemente correspondeu às suas palavras e desejos; muitas vezes honrava-a com a recitação do rosário e com piedosas jaculatórias.
De 21 de janeiro a 2 de fevereiro de 1920, esteve no Orfanato de Nossa Senhora dos Milagres, na Rua de Estrela, em Lisboa, casa fundada pela Madre Maria da Purificação Godinho, a quem a Jacinta chamava “Madrinha”. Madre Maria Godinho era devota de Nossa Senhora e desde que soube das aparições de Fátima, rezava para que pudesse ir lá e conhecer as três crianças videntes de Fátima. Quando lhe trouxeram Jacinta, acolheu-a imediatamente e cuidou dela com carinho maternal. Jacinta estava feliz. Agradava-lhe viver nesse ambiente, pois parecia-lhe um sonho celestial morar sob o mesmo teto que “Jesus escondido”, poder visitá-lo e recebê-lo na Missa todas as manhãs. A Madre Maria Godinho estava convencida de que Jacinta era uma santa. “Fala com autoridade”, dizia. Sempre sentava ao lado de Jacinta junto à janela e ficavam conversando.
Madre Godinho anotava tudo o que ouvia de mais edificante. Seguem alguns registros das últimas palavras de Jacinta, conforme as anotações de Madre Maria Godinho e compiladas, de acordo com Walsh (1996) e Borelli Machado (1997). Cabe ressaltar que as expressões têm tom profético e são cheias de ensinamentos valiosos:
Sobre a Guerra
Sobre o Pecado
Sobre os Sacerdote e Governantes
Sobre as Virtudes Cristãs
– Sei, sim. Ser pura no corpo é guardar a castidade. E ser pura na alma é não cometer pecados, não olhar para o que não se deve olhar, não roubar, não mentir nunca, dizer sempre a verdade, ainda que nos custe.
Jacinta não entendia como as visitas podiam conversar e rir na capela. Então, pediu para a Madre Godinho lembrar às visitas sobre o respeito que deveriam ter na Presença Real de Jesus na Eucaristia. A medida, não dando resultado satisfatório, pedia que comunicasse isso ao Cardeal: “Nossa Senhora não quer que a gente fale na Igreja”.
Vítima da pneumonia, Jacinta adoeceu em dezembro de 1918. Esteve internada no Hospital de Vila Nova de Ourém e, por fim, em Lisboa, no Hospital de D.Estefânia, onde morreu às 22h30 do dia 20 de fevereiro de 1920. Foi celebrada Missa de corpo presente na Igreja de Nossa Senhora dos Anjos, em Lisboa, onde o seu corpo esteve depositado até ao dia 24, dia em que foi transportada a urna para o cemitério de Vila Nova de Ourém. Aí, ficou no jazigo da família do Barão de Alvaiázere. Foi trasladada para o cemitério de Fátima a 12 de setembro de 1935, data em que a urna foi aberta. Em 1º de maio de 1951, foi finalmente trasladada para a Basílica do Santuário.
Jacinta foi beatificada com seu irmão Francisco, pelo Papa João Paulo II em 13 de maio de 2000. Jacinta é a cristã mais nova não-mártir a ser beatificada. O dia festivo dos beatos é 20 de fevereiro. No dia 11/03/2010 foi celebrado o centenário do nascimento da Beata Jacinta Marto.
Aparições particulares a Jacinta
Além das cinco Aparições da Cova da Iria e uma dos Valinhos, Nossa Senhora apareceu à Jacinta mais quatro vezes em casa durante a doença; uma na Igreja paroquial, numa quinta-feira da Ascensão, e ainda em Lisboa, no Orfanato e no hospital. No Poço do Arneiro teve uma visão do Santo Padre, e outra no Poço do Cabeço.
Visões da guerra
A 23 de dezembro de 1918, Francisco e Jacinta adoeceram ao mesmo tempo. Indo visitá-los, Lúcia encontrou Jacinta no auge da alegria. Na sua Primeira Memória, Irmã Lúcia conta: “Um dia mandou me chamar, que fosse junto dela depressa. Lá fui correndo.
"– Nossa Senhora veio-nos ver e diz que vem buscar o Francisco muito breve para o Céu. E a mim perguntou-me se queria ainda converter mais pecadores. Disse-lhe que sim. Disse-me que ia para um hospital, e que lá sofreria muito; que sofresse pela conversão dos pecadores, em reparação dos pecados contra o Imaculado Coração de Maria e por amor de Jesus. Perguntei se tu ias comigo. Disse que não. Isto é o que me custa mais. Disse que ia minha mãe levar-me e, depois, fico lá sozinha!
No final de Dezembro de 1919, de novo a Santíssima Virgem se dignou visitar a Jacinta, para lhe anunciar novas cruzes e sacrifícios. Deu-me a notícia e dizia-me:
"– Disse-me que vou para Lisboa, para outro hospital; que não te torno a ver, nem os meus pais; que, depois de sofrer muito, morro sozinha, mas que não tenha medo, que Ela vai lá me buscar para o Céu".
Durante a sua permanência de dezoito dias no hospital em Lisboa, Jacinta foi favorecida com novas visitas de Nossa Senhora, que lhe anunciou o dia e a hora em que haveria de morrer. Quatro dias antes de levá-la para o Céu, a Santíssima Virgem tirou-lhe todas as dores.
História dos Processos de Beatificação e Canonização de Francisco e Jacinta Marto
Os processos de beatificação dos Servos de Deus Francisco e Jacinta Marto tiveram início em 30 de abril de 1952, mas, pela sucessão dos bispos da diocese de Leiria-Fátima, impedimento e morte de vários membros do Tribunal, e ainda devido às modificações introduzidas após a realização do Concílio Vaticano II, os processos só foram entregues à Sagrada Congregação para as Causas dos Santos, em Roma, em 3 de agosto de 1979 o do Francisco e a 2 de julho do mesmo ano o de Jacinta. A mesma congregação aceitou como Postulador das causas dos videntes de Fátima, em Roma, o Rev. Pe. Molinari, SJ, que se dedicou ao desenvolvimento jurídico das causas. Como postulador “extra urbem”, foi nomeado, em 14 de dezembro de 1979, o Revmo. Pe. Luis Kondor, SVD. Os processos foram entregues na Santa Sé em 20 de dezembro de 1979.
Os trabalhos de tradução do português para o italiano terminaram em fevereiro de 1982. Porém, em abril de 1981, a Sagrada Congregação para as Causas dos Santos estudou num plano de princípios, a possibilidade da beatificação e canonização de crianças não-mártires, abrindo, assim, perspectivas favoráveis à beatificação dos videntes de Fátima, Francisco e Jacinta Marto. Passo importante no processo de beatificação foi a publicação dos decretos de heroicidade de virtudes dos dois videntes, feita em 13 de maio de 1989. Segunda nova norma introduzida para as beatificações e canonizações, torna-se necessário o reconhecimento científico de um milagre, no caso, obtido por intercessão dos Servos de Deus Francisco e Jacinta Marto (Fonte: Santuário de Fátima - Portugal).
Rita de Sá Freire
Fonte: DE SÁ FREIRE, Rita: Mensagem de Nossa Senhora de Fátima: O Plano Divino de Paz e Salvação – Editora Petrus São Paulo- 2017, Edição Comemorativa do Centenário da Primeira Aparição de Nossa Senhora em Fátima (1917-2017) pág 56 – 58.
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