No Vaticano, na manhã desta terça (4), o Dicastério para a Doutrina da Fé publicou a Nota doutrinal “Mater Populis Fidelis”, sobre questões relacionadas à devoção mariana, sobretudo a alguns títulos marianos que se referem à cooperação de Maria na obra da salvação.
O documento, já em sua apresentação, recorda que esse rico e denso material é fruto de um trabalho de longos anos, e que as questões nele abordadas preocuparam os últimos pontífices e que, “foram repetidamente tratadas nos últimos trinta anos nos diversos âmbitos de estudo do Dicastério, como Congressos, Assembleias ordinárias, etc.”
O texto ainda esclarece que a nota não tem o caráter de correção da piedade popular, que genuinamente brota do povo e é suscitada livremente pelo Espírito Santo nos fiéis, mas, sobretudo, de valorizá-la, admirá-la e encorajá-la.
Porém, o documento alerta que “existem alguns grupos de reflexão mariana, publicações, novas devoções e inclusive solicitações de dogmas marianos, que não apresentam as mesmas características da devoção popular” e explica que, especialmente com o advento das novas tecnologias, esses grupos “acabam por propor um determinado desenvolvimento dogmático e divulgam-se intensamente através das redes sociais, despertando, com frequência, dúvidas nos fiéis mais simples.”
O extenso documento apresenta ainda as interpretações equivocadas relacionadas a alguns títulos marianos, afirmando que, “além dos problemas terminológicos, alguns títulos apresentam dificuldades importantes no que se refere ao conteúdo, pois, com frequência, levam a uma compreensão errada da figura de Maria, o que tem sérias repercussões a nível cristológico, eclesiológico e antropológico”.
Apesar de a reflexão ser necessária e atual, o documento “busca preservar o equilíbrio necessário que, dentro dos mistérios cristãos, deve ser estabelecido entre a única mediação de Cristo e a cooperação de Maria na obra da Salvação”, sem ser exaustivo ou esgotar a discussão.
A publicação ressalta que a presença e participação de Maria na obra salvífica do seu Filho, Jesus Cristo, está atestada nas Escrituras, enumerando diversos versículos em que a Mãe de Deus é mencionada, explicando também sua cooperação ativa em cada um deles. Nesse item, o documento ainda aborda a visão da Igreja desde os primeiros séculos do cristianismo sobre a figura da Virgem Maria e afirma:
“A colaboração de Maria na obra da Salvação tem uma estrutura trinitária, porque é fruto de uma iniciativa do Pai, que olhou a pequenez de sua Serva (cf. Lc 1, 48); brota da kenōsis do Filho, que se humilhou tomando a forma de Servo (cf. Fl 2, 7-8) e é efeito da graça do Espírito Santo (cf. Lc 1, 28.30) que dispôs o coração da jovem de Nazaré para responder na Anunciação e durante toda a vida de comunhão com seu Filho.”Sobre o título de “Corredentora”, o documento é claro e reforça a posição da Igreja ao afirmar que só há um Redentor, Jesus Cristo: “Nem a Igreja, nem Maria podem substituir, ou aperfeiçoar, a obra redentora do Filho de Deus encarnado, que foi perfeita e não necessita de acréscimos”.
E ainda adverte: “Este título corre o risco de obscurecer a única mediação salvífica de Cristo e, portanto, pode gerar confusão e desequilíbrio na harmonia das verdades da fé cristã, pois «não há salvação em nenhum outro, pois não há debaixo do céu qualquer outro nome, dado aos homens, que nos possa salvar» (Act 4, 12)”.
O texto reforça ao explicar que esse título, defendido por alguns grupos, não ajuda a exaltar a Virgem Maria, mas sim pode desviar do significado correto e trazer o “perigo de obscurecer o lugar exclusivo de Jesus Cristo”.
Outro ponto elucidado pela nota refere-se ao título de “medianeira”, ou de “medianeira de todas as graças”, para o qual é pedido especial prudência em sua aplicação, pois se “corre o perigo de ver a graça divina como se Maria se convertesse em uma distribuidora dos bens ou energias espirituais em desconexão com a nossa relação pessoal com Jesus Cristo”.
Tendo em vista que a expressão bíblica apresenta a mediação exclusiva de Cristo, o documento destaca: “Cristo é o único Mediador, ‘pois há um só Deus, e um só mediador entre Deus e os homens, um homem: Cristo Jesus, que se entregou a si mesmo como resgate por todos’”.
O documento, porém, reconhece que existe um uso muito comum da palavra “mediação”, em que ela é entendida também pura e simplesmente como o papel de “intercessão”, e evidência:
“Por outro lado, é evidente que houve um modo real de mediação de Maria para tornar possível a verdadeira encarnação do Filho de Deus na nossa humanidade, porque era requerido que o Redentor fosse «nascido de uma mulher» (Gl 4, 4). O relato da Anunciação mostra que não se tratou de uma mediação unicamente biológica, já que destaca a presença ativa de Maria perguntando (cf. Lc 1, 29.34) e aceitando com uma firme decisão: «Faça-se» (Lc 1, 38).”O que pondera sobre a efetiva ligação da Virgem Maria ao referido título, ensinar a “cada cristão a receber a graça, a conservar a graça recebida e a meditar a obra que Deus faz nas suas vidas”. O documento conclui ainda que: “a expressão 'graças', referida à materna ajuda de Maria, em distintos momentos da vida, pode ter um sentido aceitável.
O plural expressa todos os auxílios, também materiais, que o Senhor pode dar-nos escutando as intercessões da Mãe; auxílios que, por sua vez, dispõem os corações para se abrirem ao amor de Deus”. Destacando que, “deste modo, Maria, como mãe, tem uma presença na vida quotidiana dos fiéis muito superior à proximidade que possa ter qualquer outro santo”.
Dessa forma, a nota, publicada hoje, encoraja e valoriza a piedade popular mariana, inclusive ao citar a contribuição dos bispos latino-americanos, presente no Documento de Aparecida, que concluíram: “Os pobres ‘encontram a ternura e o amor de Deus no rosto de Maria. Nela veem refletida a mensagem essencial do Evangelho’”. Ao mesmo tempo, reafirma a contribuição da Virgem Maria na história da humanidade e da Igreja, como aquela que conduz os fiéis a Cristo.
“Com efeito, ela, como «serva do Senhor» (Lc 1, 38), orienta-nos para Cristo e pede-nos para fazer «o que Ele vos disser» (Jo 2, 5)”
Estudo e partilha marcam o IV Congresso Bíblico de Aparecida
Já consolidado pela Academia Marial de Aparecida, o evento é uma importante ferramenta de formação e de incentivo ao aprofundamento na Bíblia Sagrada.
Congresso Bíblico promove aprofundamento na Palavra de Deus
Único no Brasil, o evento promovido pela Academia Marial de Aparecida reúne, no Santuário Nacional, fiéis e estudiosos em momentos de formação e espiritualidade
Academia Marial dá início à IV edição do Congresso Bíblico
O evento é uma oportunidade para a vivência e o estudo das Sagradas Escrituras, com uma programação dinâmica que inclui palestras, momentos de oração e formação
Boleto
Carregando ...
Reportar erro!
Comunique-nos sobre qualquer erro de digitação, língua portuguesa, ou de uma informação equivocada que você possa ter encontrado nesta página:
Carregando ...
Os comentários e avaliações são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião do site.