O Redação A12 ao Vivo da última sexta-feira recebeu a visita de dois dos nossos articulistas do Portal A12: Cankin Ma e Martín Fernández, que são peruanos e fazem parte da Sociedade de Vida Apostólica de Direito Pontifício "Sodalícios de Vida Cristã”.
Eles foram convidados para retomar alguns de seus artigos publicados aqui no A12, que tratam de temas importantes e sempre atuais para nós, cristãos.
É perceptível que temas relacionados à formação humana, dores e sofrimentos das pessoas são recorrentes. Martín acredita que isso acontece porque esses temas, de fato, estão muito presentes na vida das pessoas.
“Trata-se de um tema que parece que sempre foi importante para o ser humano, que é como lidar com os próprios sentimentos, emoções... A ansiedade é um sentimento que nos leva a ficar ou presos no passado, ou muito pendentes do futuro, do que ainda não aconteceu, e não nos permite viver o presente”, afirma.
“Hoje, por mais que seja um tema de todos os tempos, as mídias, a quantidade de coisas que chamam a atenção pela nossa vida de hoje, contemporânea, eu acho que acentuam mais a tendência para a ansiedade. (...) Mas onde está a resposta? Para mim, uma coisa muito especial é o fato de que a Igreja tem muitas coisas, por exemplo, o Catecismo da Igreja Católica. (...) E e a Igreja realmente, em Cristo, tem uma resposta para eles. E eu acho que também é o nosso papel aqui, enquanto Igreja, enquanto pessoas que estão numa missão, enquanto meio de comunicação, tentar trazer uma resposta responsável para essas pessoas”, conclui.
“Me lembro que, quando escrevi este artigo, fiz um esforço para pensar na situação desta pessoa. Ela toca no tema da frustração. De repente, é uma pessoa que já tentou várias vezes alcançar algum objetivo e não conseguiu. Automaticamente, essas pessoas me levam a pensar em Jesus Cristo, na misericórdia. Por mais que a gente caia, por mais que a gente cometa erros, sempre Jesus nos ama, nos perdoa, nos chama”, reflete.
"A conclusão é ‘Olha, procure a Deus, porque Ele sempre tem algo bom que pode acontecer e você pode voltar a sonhar’. Quando a gente estudou sobre o livro de Jó, que tem uma família, que tem o sofrimento do justo, me fez pensar muito dentro dos sofrimentos que você tem nessa frase: ‘não tenho mais sonhos’. Realmente, essa experiência é muito humana, mas, no final, Deus manifesta que a resposta não está só no homem, mas na transcendência do sonho. Então, o contato com o transcendente, o contato com aquilo que a gente não pode controlar - os sentimentos, os sonhos - faz com que percebamos que ali está aberto algo a mais”, diz.
“Este tema me levou a pensar um pouco sobre o papel do silêncio nas nossas vidas. Às vezes, por respeito e reverência a outra pessoa, temos mais que escutar do que falar. Por outro lado também, algumas vezes temos que falar. E qual tem que ser o critério? A caridade. Aí está a passagem em que Jesus ensina os seus discípulos como tem que ser feita uma correção”, aponta.
“Às vezes, quando vemos uma coisa errada, ou não falamos - aí vamos acumulando sentimentos negativos para com essa pessoa, que explodem lá na frente - ou algumas outras vezes falamos a primeira coisa que vem, guiados pela emoção, pela ira, e aí a outra pessoa não aceita. Então existe, sim, um caminho: eu vou procurar esse irmão, pelo bem dele e com paciência, com caridade”, explica.
O colunista também fala sobre o bom uso das palavras, a importância do diálogo em tempos de aplicativos de mensagem e da experiência da comunhão com o outro.
“Acho que é super importante sermos educados, entrar em contato com o outro, bater o olho e olhar, conhecer como está a pessoa e ter essa experiência de realmente falar”, observa.
Minha família é o meu alicerce
O autor do artigo, Cankin, diz que o texto é interessante por abordar três aspectos: em que situações a família atua como alicerce na vida de alguém, se precisamos do apoio da família pela vida toda e se é possível viver bem e sozinho. Ou seja, toca-se na questão da autonomia e na afetividade.
“Ninguém deve fugir da experiência de viver a comunhão em família. Infelizmente, sabemos que hoje alguns têm essa comunhão, outros nem tanto. Às vezes, a gente fica só na percepção de que a gente pode fazer sozinho as coisas, mas não se nutre, como que numa farmácia, do suporte que a família pode dar”.
Outro ponto destacado pelo autor é a questão da aprovação. “Vamos supor que eu tenho sonhos e que minha família não concorde. Eu posso seguir adiante esse sonho sem essa aprovação, mas mantendo o respeito com a família: ‘olha, vocês não concordam com esse sonho, mas é o meu desejo, é minha vocação’”, explica.
Ele também citou o exemplo de Santa Terezinha do Menino Jesus, que queria entrar no Carmelo muito nova e o pai, uma pessoa de fé, foi compreendendo e apoiando a filha, por mais que inicialmente parecesse uma coisa um pouco fora do padrão da época, mas ele teve essa percepção e hoje temos uma grande santa da Igreja.
Gosto mais de animais do que de pessoas
Outro tema bastante comum atualmente diz respeito às pessoas que, brincando ou não, tratam seus animais de estimação como “filhos”.
Cankin diz que, com as pessoas vivendo cada vez mais solitárias, ou, por vezes, as decepções que algumas pessoas atravessam as levam a fazer essas “substituições”. Estas, por sua vez, fazem com que seja necessário olhar com atenção ao que que a pessoa está sentindo por trás desta afirmação.
“É interessante também a gente poder oferecer esse caminho, para ajudar a pessoa a falar dessas feridas. Uma coisa que eu percebi foi que o próprio animal se confunde quando é tratado como se ele fosse uma pessoa”, diz.
Outro ponto abordado pelo colunista do A12 foi a questão dos maus tratos contra os animais. “É algo que é contrário ao que Deus nos pede. Nós estamos chamados não só a cuidar da criação e ser carinhoso com os animais, mas a não fazer eles sofrerem de uma forma desnecessária”, destaca.
Como se inspirar na bondade de Madre Teresa de Calcutá
“Ela realmente teve essa noção clara de que era no próximo que ela tinha que servir a Deus. Ela entra como religiosa numa congregação, depois de um ano ela é enviada para a Índia e lá ela tem um contato com a pobreza extrema”, recorda.
Ele ressaltou ainda a necessidade de - a exemplo de Madre Teresa - olharmos para as pessoas que estão ao nosso redor e exercitar esse acolhimento. “Às vezes, quando a gente lê a vida dos santos, nós ficamos com a impressão de uma coisa muito aleatória, mas quando eles mesmos escrevem, como no caso da Madre Teresa, de quem foram publicadas as cartas de vida, vemos que tem muitas lutas e muita dificuldade. Ela também ensina para nós que o caminho é a santidade; é um caminho que é teu e é meu”, aponta.
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