Por Cankin Ma Lam Em Espiritualidade Atualizada em 28 JUN 2020 - 09H55

A Santíssima Trindade e a vida espiritual

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Começarei pelo final: o caminho para entrar na vida de Deus é Jesus Cristo. Não apenas o rezar em si, nem o serviço, ou apostolado em si, nem a vocação específica em si. É Cristo, Ele revelou-se como “o Caminho” (Jo 14,6).

Vejamos agora o sentido que tem essa afirmação que abriu estas reflexões. Pensemos: Quem é Jesus na Santíssima Trindade?

Automaticamente, talvez pensemos que não faz diferença; no final das contas, cada uma das três Pessoas divinas é Deus.

Mas isto (o Pai ser Deus, o Filho ser Deus, o Espírito Santo ser Deus), que é totalmente verdadeiro, se abordado pelo ângulo errado, pode levar a uma percepção bastante inexata.

Jesus Cristo é o Filho. Gerado, não criado. O Pai “gera” e o Filho “é gerado”. Essas palavras – que rezamos no Credo – podem parecer muito técnicas. Vamos traduzir “gerado” por “aquele que recebe tudo”. Portanto, o Pai, “que gera”, é “aquele que entrega tudo”.

Voltando à pergunta feita: o Filho (que é o Caminho para entrar na vida divina) é “aquele que recebe tudo”.

Paremos um pouco. Talvez valha a pena reler o dito até aqui.

Leia MaisO que é a Santíssima Trindade?Trindade e Eucaristia: mistério de comunhão que Deus partilha conosco

Renata Sedmakova/Shutterstock
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Seria o suficiente se deste texto ficasse clara mesmo apenas que uma ideia: nossa vida cristã (quem somos por causa do nosso batismo) significa, em primeiro lugar, abertura dos nossos corações a todas as coisas que Deus Pai quer nos entregar (lembrando que Ele é “aquele que entrega tudo”).

Para tentar argumentar a perspectiva proposta, vamos considerar os dados que são fornecidos pela história do dogma. Ao estudar na Teologia sobre a Santíssima Trindade, fiquei muito questionado pelo seguinte: no início do Cristianismo, quando não havia um Catecismo para consultar, nem um renomado teólogo para garantir afirmações X ou Y; o que levou os Padres da Igreja a afirmar algo tão controvertido e difícil de entender, “três Pessoas, um Deus”?

Qual a certeza dos primeiros cristãos para ter isso tão claro e até chegar a lutar por isso? Um padre da Igreja foi desterrado várias vezes pela sua luta pela verdadeira fé revelada no Cristo. É fundamental afirmar o peso que tem a Revelação de Deus. Ele, no seu infinito amor, no-la entregou como dom. Garantiu que ela seja defendida e conservada ao longo dos séculos.

Agora, pensando na experiência mais concreta, o que foi inspirado nos corações daqueles que foram defensores da Revelação recebida de Deus. Pensemos como a experiência de filiação era tão forte e real que os Santos Padres não permitiriam a ninguém tirar isso da sua fé. Pensemos o que o Batismo deve ter significado para pessoas que, nunca tendo ouvido a Boa Nova, perceberam que lhes era oferecido ser inseridos, através de Cristo, o Filho, na filiação que garante o “acesso” à vida de Deus!

Tentando encerrar estas colocações: o Filho recebe tudo do Pai e depois Se abaixa para no-lo entregar. Deixemos algumas considerações concretas:

- O que é a Missa, senão uma oração ao Pai? (reparemos para Quem fala o sacerdote ao presidir as orações da missa).

- O que é o Pai Nosso, senão orar em Jesus, o Filho?

- O que são nossas lutas e sofrimentos, vitórias e alegrias, nosso caminho de vida cristã, senão o caminho pelo qual o Pai nos configura ao Filho, pelo Espírito Santo?

:: Desejamos uma boa reflexão e partilha deste tema!

Escrito por
Cankin Ma 2020 (arquivo pessoal)
Cankin Ma Lam

Nascido no Equador, filho de pai chinês é apóstolo de plena disponibilidade no Sodalício de Vida Cristã. Atualmente faz caminho ao sacerdócio e estuda teologia na Universidade Católica de Petrópolis.

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