Espiritualidade

Maio: Maria com as mães (uma carta para as mães)

Neste artigo, padre Dalton Barros, C.Ss.R. imagina-se no lugar de Nossa Senhora, pensando no que Ela teria a nos dizer

Padre Dalton Barros de Almeida, C.Ss.R.

Escrito por Padre Dalton Barros de Almeida, C.Ss.R.

11 MAI 2022 - 16H55 (Atualizada em 13 MAI 2022 - 15H05)

Sou a Mãe de Jesus, Filho de minhas entranhas virgens. Obra do Espírito Santo de Deus, que por amor sem medidas, nos dá o Redentor da história humana. Foi aos pés da cruz de Jesus crucificado que vi minha maternidade ampliada. E desde que o jovem discípulo João me recebeu em sua casa, gerações de seguidores de Jesus Redentor me acolhem em seus lares. Essas milhares de casas dos casais católicos me devotam carinhosamente intimidade.

Os devotos da Mãe de Jesus criaram uma extensa ladainha de muitos nomes para mim. Talvez, vocês mães não se deram ainda conta que muitos títulos a mim dados valem, igualmente, em modalidades diferentes, para a maioria das mães. Entendem?

Sou a Mãe do Belo Amor. Claro que a beleza plena do amor é Jesus, o Cristo, para quem remeto os pedidos que me são feitos. Quando na festa da vida o vinho vem a faltar, falam comigo. Vocês não me pedem muitas ajudas? Pois é, mães vivem também um amor belo porque sempre solicitadas. Colo de mãe, manto protetor de mãe, desfaz desolações. Desata nós. Até se antecipa: é socorro contínuo.

Mãe instrui acompanhando, como acompanhei Jesus por 30 anos: Belém – exílio - Nazaré – peregrinações a Jerusalém – sábados na sinagoga. Três vezes ao dia, nossas preces em família. Comigo estava o amado José, profissional solicitado, pai extremoso. Juntos, educamos Jesus. Sei: foi nosso amor jovem, de José e Maria, que o Pai, Senhor Deus, qualificou para acolhermos o seu Enviado, o caminheiro da Redenção.

Mãe é relação com os filhos, mas do mesmo modo, a mãe-Mulher se refere ao esposo, companheiro e parceiro nas lutas para viver a casa como lar, lareira na intimidade da acolhida, casa dos recomeços. Parceiro no gerar e cuidar de vidas. Que belo amor de casados! A Casa do amor.

Mãe: trabalho e casa. Casa e rua. Casa – rua – Igreja. O amor alcança tantos lugares! É que há vida a ser cuidada até em lugares inóspitos, às vezes. Sim, mães. Sou uma referência: Maria entre as mulheres de todas as gerações e países. Sim, sou Mãe da humanidade e a humanidade como mãe. Mãe da Boa Viagem. Mãe causa de alegria. Mãe dos caminhantes. Eu bem sei que, em cada mãe, Deus se manifesta. Então, não há como não cobrir com o manto da proteção milhares de adolescentes mães, sozinhas em sua precoce maternidade. Desamparadas do inesperado e despreparadas para a missão. Ser Mãe da Divina Graça nesta hora é indispensável. De vidas Deus cuida e conta com todos. Você com certeza soube escolher a hora de ser mãe.

Felizes de vocês, mães e pais, que me reconhecem, praticam a sinceridade de pedir auxílio. Os devotos me homenageiam com flores, canções, cantos. Doações. Quão belo é o amor dos casais que, juntos, seguem cheios de confiança na vida partilhada. Eu tenho parte na divindade, tendo tornado possível aos humanos a presença divina que é Jesus, o rosto humano de Deus. Que vida de ternura foi a Dele. Fez-se caminho. É só segui-Lo. Afinal, Deus é ternura.

Mas saiba, filha querida, você mulher e mãe, saiba que a vida terrena se constrói entrelaçando mistérios de luz, gozo, dores e ressurreição. Foi o que Jesus viveu e eu fiz parte desse caminho. Ninguém escapa de desencontros e desencantos. Então, há que saber portar-se. Saber se cuidar. Não descuide de si mesma. Como mãe, levei sustos de dor e alegria. Como ressoou suave alguém, olhando o Filho Jesus, dizer: Como deve ser feliz o ventre que te trouxe e os seios que te amamentaram.

Mas também ressoou doída a profecia de Simeão: Quanto a ti, uma espada de dor te transpassará. Perceba você, mãe, que já escutou coisas parecidas entre chegadas e partidas, começos e fins. E soube vivê-las cada qual a seu tempo. Como nos faz bem, não é, ouvir apreciações verdadeiras sobre os filhos e sobre nós mesmas. E a gratidão dos filhos, então, como nos revigora! O Filho Jesus me exaltou! Minha alma louva o Senhor. Magnificat, canto eu.

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Algumas vezes Jesus se referiu a mim desse jeito: MULHER. Que honra! Recorde-se: por mais que aprecie ser MÃE, você convive com um parceiro de vida, casados que são. O pai de seus filhos é seu bem-amado, escolhido de longa data para a jornada dos dias até o fim. Cuide-se e cuide dele, e ele cuidará de você. Experimente a reciprocidade de igual generosa parceria. São laços de ternura e delicadezas, sintonizações nos mais variados tons.

Casal! A festa do amor humano, que leva o sinal divino gravado na convivência de dias e anos. É o Pai Criador que assim o quer desde o início da história humana: homem e mulher juntos, para gerar vidas bem cuidadas. Que prevaleça o perdão e os recomeços. Delícia é poder os filhos rememorarem: - Lá em casa papai e mamãe se deram bem ou muito bem.

Filha, você que é mãe, sinta-se realizada vendo os filhos partirem para a missão de vida que lhes é própria. Eu vi Jesus, após 30 anos em Nazaré, deixar nossa casa e seguir com discípulos de aldeia em aldeia. Era sua missão de vida: se anunciar, anunciando o Reino do Pai e deixando as marcas de um novo tempo. Essa partida gerou uma solidão luminosa em mim.

Ele sabia onde eu estava e estive com ele no calvário. Ele esteve comigo após sua ressurreição. E por fim me levou para junto do Reino do Pai. Não há como esquecer e desconsiderar: a vida tem seus calvários. Os nossos e os de nossos filhos. Viva na confiança e na esperança estas fases. Mãe não perde seus filhos. Deixa-os partir. Inaugura-se assim uma outra dimensão da maternidade.

Filha, numa sociedade ferida como é a sua, por quebras e rompimentos, tempos que se mostram caóticos, alegre-se com suas escolhas de Fé. Reelabore e refaça sempre seus laços de cristão. Seja Igreja de meu Filho Jesus. Siga no discipulado Dele. Aprenda com Ele a desejar o que Deus Pai deseja para você. Mostre uma vivência da fé além das convenções sociais.

Com minha bênção de Mãe cante hinos de ação de graças: e a cada amanhecer saiba que despontarão aleluias de renascer. Peço-lhe: sustenta comigo a imagem do Deus da Vida. Somos o rosto feminino de Deus. Obrigada, sim.

Maria de Nazaré, Senhora da Glória.

Escrito por
Padre Dalton Barros de Almeida, C.Ss.R.
Padre Dalton Barros de Almeida, C.Ss.R.

Missionário redentorista, atua na Diocese de Juiz de Fora/ MG. Escreve sobre Psicoespiritualidade para o Portal A12.

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Por Redação A12, em Espiritualidade

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