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O sofrimento humano em tempos de secularização

Fr. Rafael Peres Nunes de Lima C.Ss.R.

Escrito por Fr. Rafael Peres Nunes de Lima, C.Ss.R.

05 SET 2023 - 15H54

Fran_kie / Shutterstock

Que hoje estamos vivendo uma proliferação da secularização no mundo, não é um fato novo, ou seja, o homem tem abandonado as “velhas estruturas” e tem buscado viver em busca de novos sentidos para o que antes referíamos a Deus.

Num mundo secularizado, a questão da fé é colocada é cheque e a partir daí o ser humano diz acreditar apenas na ciência e na razão. O problema não é acreditar na ciência, mas ficar restrito apenas à esta forma de conhecimento. A fé moveu (e move) o ser humano desde os primórdios, quando o homem ainda não conseguia explicar os fenômenos naturais e os associava ao Sagrado e isso era a explicação cabível para o momento histórico. Até o século XVII / XVIII quando se inicia o processo de modernização da sociedade com a Revolução Francesa e outros eventos posteriores até chegar aos dias atuais.

A questão do sofrimento humano não passa despercebido diante do secularismo, pelo fato de que a busca de sentido para muitas coisas gera no homem o sofrimento.

Um sofrimento causado não pelo fato de que ter que buscar o sentido, mas pelo fato de que não se encontra uma resposta “plausível” para o sofrimento, pois ao secularizar-se e afastar-se da fé e do Sagrado, perde-se a dimensão mistérica do sofrimento e permanece apenas o sofrimento pelo sofrimento.

O ser humano é um ser racional, fato inegável, mas ao mesmo tempo é um ser espirituoso, que busca sempre estar em comunhão/contato com o Sagrado. Esta comunhão dá ao ser humano forças e “respostas” para o seu sofrimento diante do mundo.

A perca de sentido é como uma caixa cheia de lembranças, objetos, ferramentas, quanto mais avançamos no secularismo, mais esta caixa vai ficando vazia; aquilo que antes dava sentido para a vida, agora é algo “superado”; “supérfluo” e conforme vamos esvaziando esta caixa e retiramos a fé, aquele espaço vazio não é preenchido com as coisas passageiras (prazeres, respostas rápidas, etc.) e caímos no sofrimento.

A vida do ser humano não pode ser colocada de lado. Tudo o que criamos até hoje é uma base para a vida do ser humano hoje. O secularismo que busca afastar o ser humano deste baú acaba por colocá-lo numa estrada que ruma ao fracasso. Devemos pensar e refletir, aonde estou encontrando sentido? No que é basilar para minha vida ou naquilo que é passageiro e que logo se dissolverá na correnteza do secular?

Escrito por
Fr. Rafael Peres Nunes de Lima C.Ss.R.
Fr. Rafael Peres Nunes de Lima, C.Ss.R.

Missionário Redentorista, Bacharel em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas e estudante de Teologia no Instituto São Paulo de Estudos Superiores – ITESP.

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