Recentemente, por ocasião do Jubileu do Esporte celebrado dia 15 de junho de 2025, o ex-jogador da Seleção Brasileira de futebol, Cafú, esteve no Vaticano, e na ocasião fez a doação de uma camisa autografada da Seleção Brasileira ao sumo pontífice.
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Volta e meia o Papa também recebe presentes menos inusitados, como ursinhos de pelúcia ou desenhos feitos pelas crianças.
Em 2017, o Papa Francisco foi presenteado com uma Lamborghini Hurácan pela própria marca italiana. O veículo foi assinado pelo Papa e recebeu as cores do Vaticano. Na época o veículo valia cerca de R$ 3,2 milhões.
Por causa disso, muitas pessoas ficam em dúvida e se perguntam: É válido o Papa receber tantos presentes? E o que ele faz com os presentes que recebe?
Apesar de estar localizado dentro da cidade de Roma, que é a capital italiana, o Vaticano é um estado soberano, equiparado a todos os que existem no mundo. Numa proporção bem pequena, o Vaticano tem o seu exército, tem correios, tem um eficiente sistema de comunicação e tem até mesmo uma ferrovia, como existem nos demais países do planeta.
Existem as propriedades que estão dentro dos muros que cercam a cidade-estado do Vaticano, mas existem outras chamadas de “extraterritoriais” por estarem fora de seus muros. Por exemplo, vários dicastérios da Igreja têm a sua sede extramuros, mas gozam das mesmas isenções e benefícios daqueles que estão dentro do Vaticano.
As demais propriedades da Igreja, sejam aquelas localizadas na Itália, bem como em outros países pertencem às dioceses, sendo administradas pela Cúria Diocesana, são de ordens e congregações religiosas. Nesses casos, constituem uma figura jurídica própria, dependente da legislação de cada país, ou, em casos excepcionais pertencem à membros da própria Igreja.
O Vaticano mantém relações diplomáticas com 184 países, entre os 193 reconhecidos pela ONU, participando e acompanhando organizações mundiais como a ONU, Unesco e tantas outras.
O Papa é chefe de estado, chefe de governo e chefe da Igreja. Por isso, muitas vezes o vemos recebendo autoridades políticas no Vaticano, como reis, rainhas, presidentes, ministros e embaixadores, com a consequente troca simbólica de presentes que é uma cerimônia de praxe.
Personalidades da música, da arte, do esporte e de tantos campos, católicos ou não, fazem questão de serem recebidos pelo sumo pontífice, de dar presente e de tirar foto ao seu lado.
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Normalmente os embaixadores creditados junto à Santa Sé, ao iniciarem a sua missão diplomática apresentam as suas credenciais ao papa e, pelo menos uma vez por ano, sobretudo, por ocasião das festas de final de ano, o papa costuma receber todo o Corpo Diplomático junto ao Vaticano.
Quando o papa faz uma viagem internacional, usando um avião de uma companhia italiana, por não ter o seu próprio avião, nos países com os quais mantém relações diplomáticas, recebe homenagens de chefe de estado e de chefe de governo, com a consequente troca de presentes.
Mais uma vez a mesma pergunta se repete: Ao voltar para Roma, o que o Papa faz com os presentes recebidos?
O Papa Francisco, em particular, tinha a prática de doar alguns dos presentes que recebia para instituições de caridade ou, às vezes, vendia ou leiloava alguns deles, a fim de levantar fundos para obras sociais, como foi o caso da Lamborghini já citada.
Os presentes mais valiosos, por sua vez, podem ser destinados aos Museus do Vaticano, à Biblioteca, Arquivo Pontifício ou à Sacristia da Basílica de São Pedro.
Os recursos conseguidos com a venda de certos presentes podem ser utilizados para custear obras feitas nas instalações do Vaticano, como as que no presente estão sendo feitas no próprio Palácio Apostólico onde o Papa Leão deverá morar, ou então na manutenção das despesas ordinárias da Casa Pontifícia.
Outros presentes podem ser utilizados em negociações diplomáticas ou doados para fortalecer laços com outras instituições e países porque além do valor material, tem um valor simbólico como um gesto de diálogo e amizade entre diferentes culturas e povos.
Os presentes valiosos com características histórica e cultural são enviados aos Museus do Vaticano, Biblioteca para serem apreciados por visitantes e pesquisadores representando gestos de concórdia e entendimento.
Quem se aproveita bastante dos presentes mais simples que o Papa recebe são os jornalistas que o acompanham nas viagens internacionais. Volta e meia o Papa os presenteia com medalhas ou itens próprios do país que visitou.
Alguns presentes, porém, não podem ser doados ou vendidos para não provocarem uma falsa impressão de desprezo ou de pouco caso com aquilo que se recebeu.
Dar e receber presentes a chefes de Estado ou membros da comunidade faz parte, portanto, da rotina do Papa Leão XIV, assim como de pontífices anteriores O problema é que às vezes, os presentes, ou “regallos” como se diz no italiano, escolhidos para presentear o Santo Padre fogem da classificação daqueles que são considerados itens tradicionais de valor histórico, cultural ou religioso.
Volta e meia o Vaticano recebe vestidos de noiva, anéis de núpcias ou de formatura, e até mesmo grandes quantidades de comida, como tortas gigantes das formas mais estranhas, pizzas, ovos de Páscoa de enormes dimensões e outras “estranhices”.
Em 2014, numa visita ao Vaticano, a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, levou ao Papa Francisco um quadro de Santa Rosa de Lima pintado com vinho Malbec que é o símbolo do país. Até aí, tudo bem, mas a questão é que a presidente tinha recebido o mesmo presente uma semana antes, de um prefeito de seu partido.
Ainda bem que o prefeito se disse “emocionado” com a distância que seu presente percorreu e certamente o autor do quadro ficou mais feliz ainda por saber que sua obra tinha ido parar nas mãos de Francisco.
O Papa Francisco recebeu certa vez um drone criado pelos estudantes de uma escola jesuíta em Roma. Ele já ganhou também tênis de marca estilizado, sendo impossível saber o número de chaves de cidades visitadas que foram doadas ou a quantidade de estolas, casulas ou até mesmo de báculos que chegam com frequência.
Não sabemos se diminuiu a chegada dos presentes “exóticos”, mas uma vez João Paulo II ganhou um jegue de um brasileiro que, por razões óbvias, não chegou ao Vaticano; Bento XVI ganhou um filhote de crocodilo que foi parar no zoológico de Roma.
O certo é que os presentes não vão parar de chegar e as trocas como gesto de amizade e cortesia vão continuar acontecendo. A reserva técnica ou a exposição dos museus serão sempre enriquecidos com obras de grande valor e os papas, em sua sabedoria, saberão que destinação dar aos presentes recebidos.
O Papa Francisco, por exemplo, ao morrer não tinha “nada para chamar de seu”, e o mesmo deverá acontecer com Leão XIV e com os que vierem depois dele.
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