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A devoção de Nossa Senhora Aparecida em Roma

De Roma ao Brasil: a presença de Nossa Senhora Aparecida na Igreja de São Joaquim e a missão redentorista na sede do cristianismo

Escrito por Pe. José Inácio Medeiros, C.Ss.R.

10 OUT 2025 - 07H00

Catino Fotografo

Com a visita de três papas a Aparecida (SP), com o aumento do número de brasileiros espalhados pelo mundo e pela Itália, com o crescente número de turistas brasileiros que visitam a Cidade Eterna e com a propagação feita pela Rede Aparecida de Comunicação, a padroeira do Brasil e sua devoção se tornam cada vez mais conhecidas em todo o mundo.

Em Roma, porém, a devoção à Rainha e Padroeira do Brasil chegou bem antes disso, ainda no início do século XX, graças à construção de uma igreja e criação de uma paróquia, desde o início entregue aos cuidados pastorais dos Missionários Redentoristas.

Em algumas igrejas de Roma, como na de Santo Andrea dela Valle, onde se reúne a comunidade brasileira, existem imagens de Nossa Senhora Aparecida, mas o altar da padroeira existente na igreja redentorista é especial.

No fim do século XIX, um bairro novo conhecido como Pratti começou a crescer, com o aumento da população residente. O Papa Leão XIII quis então edificar algumas igrejas e instalar algumas paróquias para melhor atender à população que chegava.

Por isso, na Via Pompeo Magno, foi edificada uma igreja dedicada a São Joaquim. A sede da paróquia de mesmo nome foi construída a partir do desejo expresso do Papa que, assim, pretendia também celebrar o seu jubileu de ordenação sacerdotal.

A primeira pedra foi lançada em 1881, e a obra foi continuada até 1898, com a igreja sendo aberta ao público ainda inacabada. A obra somente foi concluída em 1911. O título de São Joaquim, pai da Virgem Maria e avô de Jesus, foi escolhido em memória ao nome batismal do Papa.

Paróquia desde 1905 e sede cardinalícia desde 1960, foi confiada à nossa congregação através da antiga Província de Roma, desde 1898. Hoje, o convento existente ao lado da igreja abriga a sede da Província Europa Sul, que integra as antigas províncias de Lisboa, Madri, França, Roma e Nápoles.

Salvando vidas

Um episódio marcante da história da igreja de São Joaquim se deu durante a ocupação nazista de Roma, na Segunda Guerra Mundial. Um grupo de pessoas perseguidas, contando entre elas judeus, políticos e comunistas, encontrou abrigo dentro da igreja onde se esconderam.

Inicialmente, foram acolhidos no cinema paroquial porque as incursões do exército alemão em ambientes religiosos se tornavam cada vez mais frequentes. Poucos dias depois, os refugiados concordaram em ficar trancados em um espaço confinado e sem luz, localizado entre a abóbada e o telhado da igreja.

A alvenaria da única porta de entrada havia sido concluída em 3 de novembro de 1943 e, naquele espaço estreito, entre dificuldades e privações, todos os dias ali viviam de dez a quinze pessoas.

A única conexão que os refugiados tinham com o mundo era uma pequena janela que se abria à noite, a 50 metros do chão, por onde passavam as pessoas e as coisas necessárias como comida, roupas, cartas, jornais e se recolhiam os detritos humanos e o lixo orgânico.

Os refugiados somente puderam sair de seu esconderijo em 7 de junho de 1944, quando o perigo maior já tinha passado. Para ocupar o tempo, diminuindo a angústia e a solidão, alguns refugiados desenhavam nas paredes e vários desenhos de temática religiosa ainda hoje são conservados.

No final da guerra, o governo israelense declarou o padre redentorista Antonio Dréssino, pároco de São Joaquim; a irmã Margherita Bernès, das Filhas da Caridade, cuja sede ficava bem defronte da igreja, encarregada do fornecimento de alimentos e roupas; o engenheiro Lestini, que organizou tudo e supervisionou as operações logísticas; e sua filha Giuliana, que cuidava das relações entre famílias e refugiados romanos, como “justos entre as nações”.

Uma capela dedicada à Padroeira do Brasil

Para ajudar na construção da igreja foi realizada uma campanha entre vários países onde o cristianismo era mais forte e atuante.

A oferta recolhida foi doada como presente ao pontífice por vários países que se destacaram por sua contribuição: Argentina, Irlanda, Holanda, Bélgica, Itália, França, Espanha, Estados Unidos, Inglaterra, Canadá, Polônia, Baviera, Portugal e Brasil; e cada um deles recebeu a dedicação de uma capela nacional nos corredores da igreja.

Localizadas ao longo dos corredores laterais, cada capela nacional é decorada liturgicamente com motivos que recordam o país.

Instituto Histórico Redentorista Instituto Histórico Redentorista Capela dedicada a Nossa Senhora Aparecida na igreja de São Joaquim: Nossa Senhora Aparecida ao centro, com São Paulo à sua direita e São Sebastião à esquerda

A capela do Brasil, concluída em 1908, já no pontificado do Papa Pio X, foi projetada por Cesare Cappabianca, com os afrescos preparados por Eugenio Cisterna. No altar existe um retábulo composto por alguns painéis que formam um conjunto único, subordinado ao mesmo tema, tendo ao centro a imagem de Nossa Senhora Aparecida.

Nos lados estão as representações de alguns santos muito cultuados no Brasil, como São Paulo e São Sebastião, e acima estão, Santo Antônio de Pádua e Santa Isabel da Hungria. As pinturas nas paredes laterais retratam a primeira pregação da fé católica e a primeira missa celebrada no Brasil.

Além do altar dedicado à Nossa Senhora Aparecida, a capela possui uma abóbada decorada com a imagem de Maria estendendo a aba de seu manto sobre nosso país.

Desta forma, se é graça e privilégio a Congregação Redentorista ser a guardiã da imagem original de Nossa Senhora Aparecida e a responsável pelos cuidados pastorais do Santuário Nacional, deve-se também aos redentoristas de Roma, serem os pioneiros da guarda de nossa excelsa padroeira na sede do cristianismo do mundo.

.:: A devoção mariana de Santo Afonso de Ligório ::.


Fonte: Instituto Histórico Redentorista

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