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Fé e Missão: Homilia da Memória Litúrgica de Santo Afonso Maria de Ligório

Confira a pregação do Superior Provincial da Província São Paulo, Pe. Marlos Aurélio, C.Ss.R. na Missa Solene em honra a Santo Afonso Maria de Ligório, celebrada no Altar Central do Santuário Nacional nesta terça-feira (01)

Escrito por Redentoristas

02 AGO 2023 - 15H21 (Atualizada em 02 AGO 2023 - 15H58)

Luiz Oliveira/A12

"Minha saudação aos meus confrades, padres e irmãos, bem como a Dom Joércio.

Nesta festa do nosso Pai Fundador, Santo Afonso de Ligório, verdadeiramente, somos uma família missionária. Temos um Pai comum, Santo Afonso, que nos inspira em nossa vida, nosso trabalho e nossa doação pelo Reino. Saudações também aos dois padres dehonianos, Padre João Luiz e Padre Otaviano, e a todos aqueles que rezam conosco pelos meios de comunicação. E, sobretudo, saudações a vocês, romeiros de Nossa Senhora, presentes aqui no Santuário Nacional.

A festa de Santo Afonso não é uma festa dos Redentoristas, mas sim a celebração de um santo da Igreja, Santo Afonso, doutor da Igreja. Ele é alguém que tem muito a nos ensinar e inspirar em nossa caminhada de vida cristã. Por isso, essa festa é para todos nós. Imaginamos que em todo o mundo redentorista estamos hoje fazendo memória com louvor e gratidão a Deus pela vida desse homem, que nos ajuda em nossa vivência e seguimento de Jesus Cristo, nosso Redentor.

Gostaria, neste momento, ainda que de maneira breve, de destacar três características da vida de Santo Afonso que são traços e sinais de sua vida como cristão e missionário. Esses traços podem nos interpelar, convidar e desinstalar, incentivando-nos a viver essas qualidades em nossa vida como cristãos e católicos.

Luiz Oliveira/A12
Luiz Oliveira/A12

A primeira característica, o primeiro traço de Santo Afonso: o homem de fé.

Sem abdicar disso, não compreenderíamos toda a dinâmica de sua vida. Santo Afonso estava profundamente unido a Deus, cultivando constantemente uma vida espiritual e de oração. Por isso, ele sempre colocava como grande ideal conformar-se com a vontade de Deus, buscando realizar em sua vida não o que ele queria, mas o que Deus desejava para ele.

Ele foi criado em um ambiente familiar religioso e recebeu, principalmente de sua mãe, Dona Ana, toda a formação religiosa católica, uma vida de piedade e devoção que o fazia experimentar constantemente o amor de Deus. Isso define e possibilita as muitas realizações de Afonso. Ele não teorizava sobre Deus, mas experimentava, a partir de seu coração, biografia e história de vida, a presença amorosa e misericordiosa de Deus.

Leia MaisO que a vida de Santo Afonso comunica hoje sobre a Vida Comunitária?Ladainha a Santo Afonso Maria de LigórioSanto Afonso Maria de Ligório é celebrado no Santuário NacionalAlém disso, é importante ressaltar que sua fé não era alienada. Ele não alimentava superstições religiosas ou sentimentos religiosos vazios, mas possuía uma fé esclarecida, adulta, viva e dinâmica.

Isso é particularmente relevante em tempos difíceis de questionamento da fé. Somos confrontados com muitas perguntas, mas como está nossa vida de fé? Nossa fé é esclarecida a ponto de nenhuma descoberta científica abalá-la? Nossa fé nos torna uma presença de Deus na vida dos outros ou ela é superficial?

Portanto, acredito que Santo Afonso nos ilumina nesse sentido. Ele se sentia amado por Deus e, por isso, desejava comunicar o amor divino aos irmãos e irmãs. Sua fé nasceu de suas entranhas e o motivou a responder às necessidades e questionamentos de seu tempo.

Luiz Oliveira/A12
Luiz Oliveira/A12

Vem então o segundo traço, a segunda qualidade que podemos destacar da vida de Santo Afonso: o homem que viveu profundas missões de êxodo.

Esta manhã, durante o programa da TV Aparecida, mencionei que, mesmo antes de Afonso fundar a Congregação dos Missionários Redentoristas, já como leigo, ele era um missionário.

Ele não se limitava a uma vida devocional intimista, mas colocava-se a serviço dos outros, visitando os doentes no Hospital dos Incuráveis e participando dos oratórios. Ele nutria uma inquietação.

O que hoje a Igreja do Papa Francisco chama de "Igreja em saída", ele já praticava, saindo de sua zona de conforto e segurança para enfrentar novos desafios. Afinal, são os desafios que nos fazem crescer e amadurecer.

Afonso teve uma educação sólida em sua formação profissional, sendo muito bem preparado intelectualmente, conforme desejo de seu pai. Aos 16 anos, já era doutor em Direito Civil e Eclesiástico. Poderia ter tido uma brilhante carreira profissional, proveniente de uma família nobre. No entanto, ele deixou esse ambiente confortável para se lançar a novos horizontes e desafios. Ele rompeu com sua zona de conforto e, aos 30 anos, tornou-se padre missionário.

No entanto, essa inquietação permaneceu em seu coração e, por inspiração divina, o levou a fundar um grupo missionário na Igreja. Ele nutria sensibilidade pelas necessidades dos que o rodeavam, especialmente os mais carentes, que precisavam ouvir palavras de esperança e ânimo, palavras de Deus, os chamados "cabreiros". Assim, Afonso de Ligório e outros fundaram o grupo missionário em 1732, chamado Congregação do Santíssimo Redentor. Inicialmente, foi chamado de Santíssimo Salvador. A partir de então, Afonso intensificou ainda mais sua vida missionária, liderando um grupo que tinha como objetivo evangelizar e anunciar a abundante redenção de Deus aos mais pobres e abandonados.

Isso nos leva à terceira e última característica que gostaria de destacar em Santo Afonso: sua opção pelos pobres mais desfavorecidos.

Essa opção, que a Igreja Católica adotaria como um de seus princípios muitos anos depois, reflete a opção por Jesus, que, por sua vez, leva à escolha pelos pobres e abandonados. Essa escolha não é política ou ideológica, mas evangélica, como foi a vida de Jesus, de Afonso e de outros santos e santas. Se não fizermos isso em nossas vidas, não poderemos ser verdadeiramente cristãos. Não se trata apenas de praticar caridade ou serviço social, mas de uma motivação que a fé em Jesus nos traz, uma fé que nos leva a nos solidarizarmos com nossos irmãos e irmãs. Essa solidariedade não visa apenas melhorar sua condição material, mas levar-lhes o amor preferencial e concreto de Deus.

Luiz Oliveira/A12
Luiz Oliveira/A12

Esses são os ensinamentos de Santo Afonso, que continua a iluminar e inspirar a jornada da Igreja no século XXI. Desde o Concílio Vaticano II, muitas mudanças ocorreram, confirmando as opções de Afonso. Ele era alguém que combinava brilhantemente o pensamento teológico com sua vida espiritual e seu papel de evangelizador.

Que esses ensinamentos possam inspirar nossos tempos. Ele era profundamente ligado à comunhão eclesial. Admirar Santo Afonso e ter devoção por ele é reafirmar nosso compromisso com a comunhão da Igreja. Aqueles que estão afastados da caminhada da Igreja não podem admirar Afonso, pois ele estava sempre em sintonia com a vida e os passos da Igreja.

Portanto, nesta festa de 1º de agosto, que marca o início do mês vocacional na Igreja do Brasil, peçamos a Santo Afonso que alcance de Deus muitas e santas vocações para todos nós: padres, irmãos, leigos e leigas, famílias religiosas consagradas. Que possamos viver como ele, com amor a Deus e aos nossos irmãos e irmãs.

Que Afonso, cujo coração está ligado a Maria, possa obter para todos nós as bênçãos de que tanto precisamos. Assim seja. Amém".

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