Padre Jean Baptiste Ploussard foi um missionário redentorista com uma história muito incomum. Ele viveu um período de sua breve vida entre o povo tuaregue, nômades do deserto do Saara. Ele se identificava profundamente com esse povo pelo seu estilo de vida e encontrou no deserto, a experiência de Deus que sempre procurou.
Ele nasceu em Lorraine, na França, em 1928, batizado João Batista, mas entre o povo tuaregue ficou conhecido como irmão João de Deus (Yakhia ag Rissa, na língua tuaregue ou Tamacheq). Com eles, viveu apenas os últimos dois anos de sua vida, mas foram os que mais aproximaram o sacerdote da experiência de Deus.
Sua juventude foi marcada pelo escotismo, meditação, e sempre se sentiu atraído pelas missões. Nessa época, teve uma namorada, mas ao refletir sobre a sua vocação, se decide por Deus. Jean ingressou na Congregação Redentorista com 19 anos.
Na sua caminhada religiosa, descobriu os escritos de Charles de Foucault, que será canonizado pelo Papa Francisco, e de Santa Teresa do Menino Jesus que influenciariam o resto da sua vida.
Mesmo tendo dúvidas sobre as exigências do celibato, sentia-se cativado pela vida contemplativa dos monges e, entre os redentoristas, encontrou o equilíbrio de sua vida: contemplação e apostolado. Em julho de 1954, era ordenado sacerdote.
Em dezembro de 1955, é enviado ao Níger, e é imediatamente seduzido. Em seu diário, onde tinha o costume de registrar suas viagens escreve: “Eu conheci pessoas puras. Eu conheci homens santos e religiosos”. Transferido para Niamei, novamente escreveu para seus pais sua felicidade. “Eu me sinto cada dia mais profundamente unido à África por uma espécie de sacramento do matrimônio. Uma nova personalidade surge em mim como um novo coração”.
Em novembro de 1960, foi nomeado missionário para os 300.000 tuaregues do Níger. Passa a viver em Agades, como capelão das Pequenas Irmãs de Jesus do Padre de Foucault.
Em 4 de dezembro de 1960, na pequena igreja de Agades, não há tuaregues, mas ele declara: “Eu vim para você, para ficar com você, eu não vim aqui por alguns. Eu estou aqui para ficar. Eu me torno targui. Eu sou um dos tuaregue”.
Nesse momento que padre Jean toma um novo nome: Yakhia ag Rissa. Veste-se de azul, como os homens e cobre-se com um véu ao jeito tuaregue. Sobre o peito, uma simples cruz de madeira. Convicto, segue o exemplo de Charles de Foucauld, aprende a língua nômade e adota seus costumes e modo de vida. Em 1961 passa a viver em Tchirozérine.
Ali abre uma pequena escola, escava poços, semeia hortas. Os tuaregues buscam em vão convertê-lo para o islamismo. Por respeito, eles não o chamam de pagão, mas um eremita santo vivendo como “irmão” junto ao povo tuaregue.
Cada vez menos escreve em seu diário, sinal de que ele estava encontrando a serenidade que tanto procurava.
Em 17 fevereiro de 1962, depois de sua hora de adoração e missa, preside a abertura da classe, e depois vai trabalhar no jardim. Quando volta pra casa conta que fez um ferimento na cabeça, vomita muito sangue e é encontrado desacordado na cama. Levado para o hospital de Niamei, morre no dia seguinte, 18 de fevereiro de 1962. Ele tinha apenas 33 anos de idade.
Em 1964, o seu diário foi publicado sob o nome “Carnet de Route” (Diário de Estrada), e dele pode-se conhecer um pouco mais do redentorista que quis viver a simplicidade entre um povo nômade.
Em um registro oito anos antes de sua morte, Padre Jean Ploussard escreveu:
Salve a Padroeira do Brasil, Mãe do Redentor!
Três humildes pescadores mostraram para o Brasil a manifestação amorosa de Deus quando, em sua rede, apareceu Aquela que reconstruiria a esperança e a fé do povo brasileiro.
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