Conheça o testemunho do noviço Mathias José

Tudo começou quando eu era bem pequeno, por volta dos cinco anos de idade. Tudo nasceu de uma forma que eu não sei explicar. Cresci em uma zona rural, onde vivíamos intensamente a vida Cristã na participação das celebrações, novenas, terços e atividades da piedade popular e foi ali que bem criança eu comecei a falar aos meus que queria ser padre missionário.

Desde a primeira vez que compartilhei com os meus sobre este meu pensamento, recebi o apoio deles. Tampouco recebi imposição deles, fui muito livre para tomar decisões e fazer escolhas. Lembro muito bem que poucos dias antes de entrar no seminário, quando estava preparando as coisas e malas, minha mãe chegou e me disse: “Mathias, tome consciência do estás a fazer, veja que o caminho que quer trilhar é exigente e difícil, não é brincadeira, é coisa séria, não brinque com isso”. Em minha caminhada vocacional meus familiares sempre foram e continuam sendo um valoroso suporte e auxílio, com a presença amiga e fraterna sempre ajudando com suas orações e amizade, e também com o material, sobretudo os meus pais, que nunca mediram esforços para auxiliar em minha formação, nunca deixando faltar o necessário a este filho.

Estou no oitavo ano de minha caminhada vocacional dentro do seminário, obviamente que minha história vocacional começa bem antes, dentro do seio familiar junto dos meus. Lançando um olhar sobre minha história percebo a bondade e a singeleza D´Aquele que nos chama, sem nenhum merecimento de minha parte, Ele me chamou, mesmo conhecendo as minhas fragilidades, imperfeições e machucaduras. É com sentimento de gratidão que olho para minha história percebendo tanta coisa bonita, manifestada no decorrer destes anos, nos pequenos gestos e atitudes que marcam a minha história e existência.

Em outubro do ano passado, quando recebi a notícia de minha admissão ao noviciado e de que deveria realizá-lo em outras plêiades, além Brasil, tive a certeza e a confiança de que aquele que nos chama é fiel e não me abandonaria. Naquele momento ressoou muito forte em meu coração o trecho da canção Sementes do amanhã, o qual diz; “Fé na vida, fé no homem, fé no que virá. Nós podemos tudo, nós podemos mais. Vamos lá fazer o que será”. É graças à força que Deus nos concede que vamos realizando nossos intentos, e vencendo os desafios, a bem da verdade desde aquele momento, eu pensava em minhas primeiras preocupações muitas coisas, porém tudo o que temia, ansiava e imaginava, eu só saberia ,de fato, o que aconteceria depois de chegar às terras Argentinas em 03 de Janeiro deste ano. Quando cheguei ao país foi um misto de sentimentos e preocupações, a primeira coisa que chamou a atenção foi a intensidade das estações do ano. Os primeiros dias são sempre os mais desafiadores, pois exigem abertura de coração e pensamento para conhecer e vivenciar o novo. Desde os primeiros dias fui muito bem acolhido, o povo Argentino é muito alegre e risonho. Tenho vivido um tempo muito feliz neste país, junto a este povo, as experiências aqui vividas fazem-me perceber e vislumbrar a riqueza de dons e carismas, mesmo com modo tão distintos de viver e celebrar a fé, formamos um só corpo. Este tempo de formação em outro país tem me feito aprender muitas coisas, algo que destaco é a missionariedade da igreja, percebendo e vendo tantos outros missionários e missionárias que estão aqui e acolá, todos com o mesmo objetivo e missão. Neste tempo bonito de imersão em outra realidade e cultura tenho lembrado sempre daquilo que canta o Pe. José Ricardo Zonta na canção doxologia da entrega: “Fiz do povo a minha família, da Igreja a minha mãe, do mundo a minha pátria. Em todo lugar o Evangelho anunciar” E é bem isso, formamos uma grande família, é também o que dizia um valente Redentorista, Pe. Jerônimo Colombo: “O mundo é a nossa família".

arquivo pessoal

Noviço Mathias José

Enquanto escrevia estas singelas palavras deste testemunho vocacional eu fiquei a pensar no que escrever em relação a esta pergunta, afinal foram tantos momentos bonitos e marcantes que vivenciei junto aos meus e depois junto a tantas outras pessoas que tive a oportunidade de conhecer e conviver nestes anos de formação. Fiquei pensando durante vários dias o que escrever, o que contar, e passados alguns dias, exatamente na data em que deveria entregar este relato, fomos realizar nosso trabalho da tarde. Para minha surpresa, quando estávamos trabalhando, vejo chegar em nossa casa um senhor da comunidade em que fazemos nossa pastoral, trazendo consigo uma bolsa, feito os devidos cumprimentos ele me relata: “Veja, ontem eu vi vocês na capela, e percebi que alguns não estavam bem agasalhados, então reuni algumas roupas e agasalhos e vim trazer para vocês, porque o frio argentino é intenso, e todos precisam estar bem agasalhados e protegidos.” Devo dizer que, de fato, o frio aqui é muito intenso. E me chamou muita atenção a delicadeza deste senhor que já com uma certa idade deslocou-se de sua casa e veio até nós fazer este lindo gesto de caridade e fraternidade. Após o ocorrido eu tive a plena certeza de que este seria o relato, pois este senhor de nome Alberto representa tantos outros senhores, senhoras, rapazes e moças, familiares e amigos, que no decorrer de minha história estenderam a mão para ajudar-me seja de forma material, ou pela atenção e carinho a mim dispensados. São estas muitas pessoas que com estes gestos de fraternidade fazem-me crer num mundo mais justo e fraterno. Como já dizia o filósofo: “a gratidão é a memória do coração”, trago no meu coração tantos rostos e lembranças de gente boa e santa que foi e continua sendo, apoio e sustento neste longo e belo caminho.

arquivo pessoal

Noviço Mathias José

Cresci e vivenciei o meu processo de iniciação à vida Cristã sob a sombra da majestosa matriz da Paróquia São de Itamonte-MG, neste mesmo templo foi batizado e depois anos mais tarde confirmado na fé, com o sacramento da Crisma. Minha primeira Comunhão foi celebrada na comunidade Sagrado Coração de Jesus e Imaculado Coração de Maria no bairro rural Morro Grande, onde cresci e fiz minha experiência de encontro com o Senhor nas celebrações e orações da piedade popular, ali pude experimentar a alegria de uma comunidade viva e atuante. Nesta mesma comunidade eu pude ajudar em diversos ofícios, dentre os quais destaco, o ministério de leitor, bem como ajudava o padre e os ministros nas celebrações, e ajudava também nas novenas e atividades da piedade popular.

Nasci naquilo que se pode chamar terras altas da Mantiqueira, na cidade de Itamonte (MG). Morava especificamente no bairro rural do morro grande, e tenho dois irmãos, Mônica e Matheus.

Sempre acompanhamos em casa a Rádio e a TV Aparecida, por meio desses meios eu ouvia falar sobre os Redentoristas, depois minha mãe também tinha um livro do Pe. César Moreira, C.Ss.R. que falava sobre as lembranças do Pe. Vítor Coelho na rádio Aparecida, para completar esse triângulo de conhecimento, em 2012 houve em minha cidade a ordenação de um Redentorista que é filho da terra e parente nosso, através da sema missionária e depois com o incentivo deste padre eu entrei em contato com o secretariado vocacional e comecei o acompanhamento.

Todos nós trazemos conosco medos e inseguranças. Quando em 29 de janeiro de 2015 eu ingressava no seminário Redentorista Santo Afonso com apenas 15 anos, eu jamais imaginava os desafios e temores que estavam por vir, naquela manhã calorosa do verão Brasileiro eu estava certo de que Aquele que me chamou ajudaria-me. Depois vieram as tempestades, as noites escuras, as incertezas, mas com tudo isso vêm também a graça de Nosso Senhor que nunca nos abandona. Por isso eu digo sem medo, que é preciso confiar e arriscar-se, lançar-se sem medo nesta aventura, afinal é aquilo que eu já escutava de meus primeiros formadores, o seminário antes de querer formar um bom consagrado, um bom padre, ele forma um bom homem, sendo assim, vale a pena aventurar-se neste caminho, que têm sim seus espinhos e sombras, mas muito mais que isso, tem suas alegrias, luzes e cores.

Conheça a Página da 53ª Semana Vocacional Redentorista