Por Pe. Eduardo Catalfo, C.Ss.R. Em Notícias Atualizada em 05 MAI 2020 - 08H38

Os homens do terço e a festa do Divino Espírito Santo

Os Evangelhos recordam que Jesus prometeu e enviou o Espírito Santo como defensor e mestre, a fim de guiar seus discípulos no caminho da unidade e da verdade completa (Cf. Jo 16,13).

Foi assim que a Igreja começou: a ação do Espírito iluminou a compreensão dos Apóstolos e, com os olhos da fé, eles foram capazes de superar o aparente escândalo da cruz. Também por isso, dizemos que, em Pentecostes, o mistério pascal de Cristo chegou à sua plenitude.

Shutterstock/Por jorisvo
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Os
dons do Espírito Santo, que desde o início acompanham a Igreja de Cristo, ainda hoje fazem os Homens do Terço reconhecerem em Jesus de Nazaré o Filho amado de Deus. Jesus ressuscitado e glorioso aparece aos Apóstolos e sopra sobre eles o seu Espírito: “Como o Pai Me enviou, também Eu vos envio (…) Recebei o Espírito Santo” (Jo 20, 21.22). No dia de Pentecostes, os mesmos dons do Espírito são profusamente oferecidos: “Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar outras línguas” (At 2,4).

O dom de viver na companhia de Deus

O grande, e talvez o mais decisivo dom do Espírito Santo, é justamente a graça de nos tornar capazes de incluir Deus no cotidiano das nossas vidas. Os primeiros pensadores do cristianismo, carinhosamente chamados Padres da Igreja, ensinam que o ser humano é capaz de receber Deus (“capax Dei”). É assim, por exemplo, que santo Irineu de Lion explica o mistério da encarnação do Verbo: o Natal oferece ao ser humano tanto a imortalidade quanto a capacidade de viver na companhia de Deus.

Ninguém está dispensado de abrir-se sempre mais ao Espírito Santo. Viver segundo o Espírito significa transformar em nós o que ainda não é de Deus; significa transformar em nós o que ainda não é plenamente humano. São Paulo enumera alguns dos muitos dons espirituais que nos identificam como discípulos e seguidores de Jesus: “amor, alegria, paz, paciência, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, autodomínio” (Gl 5,22). Constante e progressivamente somos chamados a viver, com a assistência do Espírito Santo, o ideal da perfeição da caridade.

A experiência de Pentecostes está na origem da profissão de fé dos Apóstolos. Reconhecer Jesus como Senhor (Kyrios) é sempre dom e graça de Deus. Além de fortalecer e guiar a fé dos primeiros cristãos, o Divino Espírito Santo sempre orientou a dimensão missionária e evangelizadora da Igreja. Como ensina são Paulo, “anunciar o evangelho não é para mim motivo de glória. É antes uma necessidade que se me impõe. Ai de mim, se eu não anunciar o evangelho! ” (1Cor 9,16).

Unidade na pluralidade

De esperança em esperança, o Espírito Santo de Deus tem o poder de reunir, agregar, conciliar ideais distintos, harmonizar atitudes, promover práticas de caridade e suscitar a genuína disposição missionária. Apesar de toda sorte de oposições e hostilidades, o Espírito é o verdadeiro promotor da unidade. Respeitando a diversidade e a legítima pluralidade, é o Espírito Santo que faz a Igreja de Cristo crescer: “Todos os que abraçavam a fé viviam unidos e possuíam tudo em comum” (At 2,44).

A Tradição de fé da Igreja, na antiquíssima oração que chamamos “Sequência de Pentecostes”, atribui ao Espírito Santo inúmeras definições: consolo que acalma, hóspede da alma, doce alívio, portador dos sete dons, luz bendita, chama que crepita, descanso no labor, remanso na aflição, brisa suave no calor... No entanto, nenhuma definição que se quer legítima pode negligenciar que o Espírito Santo é, sobretudo, o verdadeiro “Pai dos pobres”. O Papa Francisco nos inspira a viver a nossa vocação missionária como uma Igreja “em saída”. Que a graça de Deus nunca permita que o nosso coração seja tomado pelo desprezo e pela indiferença para com os pobres!

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