Por Pe. Eugênio Antônio Bisinoto, C.Ss.R. Em Artigos Atualizada em 14 JUN 2019 - 15H23

A Devoção a Maria, Mãe de Deus e Nossa Mãe

A devoção mariana é o culto que nós prestamos a Nossa Senhora, a Mãe de Deus e nossa Mãe. Nós honramos Maria com culto especial.  “Por graça de Deus exaltada depois do Filho acima de todos os anjos e homens, como Mãe Santíssima de Deus, Maria esteve presente aos mistérios de Cristo e é merecidamente honrada com culto especial pela Igreja” Concílio Vaticano II. L. G., nº. 66

A devoção mariana difere-se da adoração. Enquanto a adoração constitui o culto tributado exclusivamente a Deus, reconhecendo nele o Criador, o Senhor e o Salvador, a devoção Mariana é a veneração especial que fazemos a Maria, dentro da comunhão dos santos. Esta devoção mariana “difere essencialmente do culto de adoração que se preta ao Verbo encarnado e igualmente ao Pai e ao Espírito Santo, e o favorece poderosamente” (Concílio Vaticano II. L. G., nº. 156).

A devoção mariana faz parte da vida e espiritualidade da Igreja. Desde os primeiros tempos da história da Igreja, Maria é venerada pelos cristãos com o título de Mãe de Deus, sob cuja proteção se refugiam. A partir do Concílio de Éfeso (421), o culto do povo a Nossa Senhora cresceu muito em veneração e amor, invocação e imitação. Mãe do Redentor, a Virgem Santíssima “está unida de modo especial com a Igreja, que o Senhor constitui como seu corpo” (João Paulo II. Redemptoris Mater, nº. 66).

Thiago Leon
Thiago Leon

Atitude de devotos diante da mãe de Deus

A nossa devoção mariana manifesta-se por atitudes, próprias da piedade da Igreja.

Uma primeira atitude de devotos é nossa veneração pela Mãe de Jesus. Tal veneração é um aspecto importante do culto mariano. Após sua vida de amor a Deus e de serviço aos homens, Maria, que viveu sua santidade na terra, está junto de Deus. Reina com Jesus Cristo e merece a lembrança carinhosa dos cristãos. A “veneração lhe é devida pela sua dignidade e santidade, pelo seu compromisso no seguimento de Cristo, pelo seu serviço prestado na história da salvação durante toda a sua vida” (Salvadore Meo, professor de Teologia e de Mariologia).

Veneramos Nossa Senhora mediante orações e tendo palavras de honra e respeito para com ela em nossos lábios. Procuramos participar ativamente das festas litúrgicas em louvor da Virgem Maria e dedicamos nossa homenagem a ela através de imagens e de seus ícones. Cultuamos a nossa Mãe fazendo nossas peregrinações, quer sozinhos ou em grupo, aos santuários e a outros lugares marianos de piedade.

Amor e Gratidão

Outra atitude nossa é demonstrar nosso amor e gratidão a Nossa Senhora. Temos carinho por ela e lhe agradecemos sempre por sua contribuição singular na redenção da humanidade. Como Mãe, ofereceu Jesus Cristo aos homens. Sua caridade imensa é continuada por sua maternidade espiritual. Ela a Mãe dos seres humanos na ordem da graça.

Em nossa devoção, exprimimos nossa gratidão e amor pela Mãe do Salvador de maneira interior e exterior. Interiormente, amamos Maria com nossa inteligência, formulando boas reflexões e aceitando as verdades de fé a respeito dela, propostas pela Igreja. Nossas idéias e decisões, bem orientadas, manifestam seu desvelo por ela. Também comunicamos este afeto exteriormente, por suas palavras e obras.

Invocação

A invocação de Nossa Senhora também caracteriza nossa a atitude devocional. Invocar significa solicitar a proteção da Mãe de Deus porque, em momentos de apuros, nós, seus filhos, recorremos a ela em busca de ajuda e orientação.

Durante nossa história, nós nos dirigimos à Maria e suplicamos sua intercessão e auxílio, confiando nela e em sua bondade maternal. O fundamento da invocação é a comunhão dos santos. O que significa isso? “Todo aquele que crê vive em Cristo como criatura nova já nesta terra. Quem está unido a Cristo está, outrossim, em comunhão, por meio dele e nele, com todos os remidos de todos os lugares e de todos os tempos. A comunhão dos santos é a comunhão pela qual vivemos ligados a todos os cristãos vivos no mundo e àqueles que já morreram e que agora vivem conosco em Cristo Ressuscitado, embora não mais na terra. Esses, também em Cristo, estão ligados a nós e intercedem por nós. Por essa razão, o povo cristão, desde o início, cultivou a devoção aos santos e sempre consagrou uma especial devoção à Virgem Maria” (Diogo Luiz Fuitem, franciscano conventual e escritor católico). Por isso, nós podemos invocar o patrocínio dela.

Por causa da confiança que nutrimos na dedicada obra materna de Maria junto aos homens e em benefício deles, suplicamos seu socorro, tanto nas necessidades materiais como espirituais. Nós também esperamos contar com sua intercessão na hora de nossa morte, quando dermos o último respiro para a terra e passarmos para a eternidade.

Imitação

Outrossim, expressamos nosso relacionamento para com Nossa Senhora através da imitação, traço muito caro e expressivo da espiritualidade cristã. Por ser a cristã exemplar, perfeita na vivência do Evangelho, nós imitamos a Mãe de Jesus e reproduzimos seu espírito religioso em nossa conduta concreta.

Lendo e contemplando os gestos e as palavras de Maria nos textos da Bíblia, nós a tomamos como modelo de vida cristã porque nos estimula no seguimento de Jesus Cristo. Com seus exemplos bem concretos, ela nos mostra como buscar a santidade. “Maria é o modelo perfeito a imitar e o símbolo de nossa esperança na eternidade” (Pe. John A. Hardon, escritor catequético).

São Gregório de Nissa (335-395), antigo escritor eclesiástico, já dizia com muita razão: “A verdadeira devoção consiste em imitar aquele a quem veneramos”. Se veneramos a Mãe de Deus, procuramos imitar as virtudes que ela tão bem viveu, com todos os desafios de sua época.

Devoção profunda e constante

Paulatinamente, nós aprofundamos nosso relacionamento com Nossa Senhora mediante nosso amor, nossa invocação, nossa imitação e nossa veneração para com aquela que nos orienta para Deus, princípio e fundamento do culto cristão. Nossa devoção há de ser sempre baseada na fé, excluindo todo o sentimentalismo alienante. Há de ser também gratuita e desinteressada, movida por nosso vínculo afetuoso com Maria e não pela busca de benefícios mesquinhos e egoístas.

Para ser consistente, a nossa a devoção mariana há de ser constante, terna e expressiva, ajudando-nos a viver, cada vez mais e melhor, nosso seguimento de Jesus. “Maria é caminho para Deus; a devoção para com ela deve levar-nos a aproximar de Cristo; deve integrar-se no culto geral que a Igreja dedica a Deus, fonte de toda a graça, ao qual se deve toda a honra e louvor” Vidal Ayala, escritor mariano

Pe. Eugênio Antônio Bisinoto CSsR
Redentorista da Província de São Paulo, formado em filosofia e teologia. Atuou como formador, trabalhou no Santuário Nacional, onde foi diretor da Academia Marial.

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