Por André Oliveira Em Artigos Atualizada em 30 AGO 2019 - 14H05

O que disseste ó Virgem?

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Não se pode negar que poucas são as palavras atribuídas a Maria no Novo Testamento; porém, é certo que ela falou muito mais do que foi narrado e, o que ali consta, já diz muito sobre quem foi Maria de Nazaré. Deve se levar em conta que no período apostólico (séc. I e II), a Mariologia ainda não possuía uma relevância. Nos primeiros séculos do cristianismo, a preocupação era definir a doutrina sobre Jesus Cristo. Mesmo em meio a tudo isso, os Evangelhos fizeram referência à Mãe do Senhor. A maternidade era muito relevante para os judeus, pois era a mãe quem assegurava a transmissão do judaísmo: era judeu um filho de mulher judia. Daí a afirmação, Maria é a mãe judia de Jesus, o homem judeu! Sobre as palavras e o silêncio de Maria, destaca a teóloga Daniela Del Gaudio:  “As suas palavras (Maria) encerram, como num porta-joias, o segredo de uma personalidade madura, do ponto de vista humano e espiritual, exatamente porque se formou na escola da Palavra de Deus, na contínua obediência da fé”

Do diálogo com o arcanjo, narrado por Lucas 1,26-38, destacamos o seu Fiat, o Sim criativo que permitiu ao Verbo encarnar-se. Maria ali mostra-se consciente das reponsabilidades de ser a mãe do Messias e, permite-se três posturas: interrogar, argumentar e aceitar. Na passagem do Magnificat (Lc 1,46-55), glorifica a Deus com uma narrativa que remonta o Shemá (oração) do povo judeu e demonstra sua confiança em Deus. Não se pode esquecer sua aflição quando achava que tivesse perdido a Jesus, e quando o encontrou o interrogou: “Meu filho, por que agiste assim conosco? Olha que teu pai e eu, aflitos, te procurávamos” (Lc 2,48). É próprio das mães preocupar-se com seus filhos. Maria se preocupa com seus “outros” filhos – os espirituais – como os noivos, quase constrangidos de Caná; quando percebeu que faltava o vinho, se dirigiu a seu Jesus e lhe disse: “Eles não tem mais vinho” (Jo 2,3) e sabendo que Jesus não lhe negaria tal prodígio ordenou aos serventes: “Fazei tudo o que Ele vos disser” (Jo 2,5). A mãe sabe como tocar o coração do Filho e dele conquistar o bem maior, ela nos ensina o segredo da confiança. Maria passou sua vida cultivando o silêncio, por isso muito se disse que ela “guardava todos esses acontecimentos em seu coração” (Lc 2,51), um silêncio refletido. Ao longo de sua vida Maria falou, olhou, refletiu, silenciou. Muito se pode atribuir a Maria, mas é certo que a única palavra que ela não disse foi: CRUCIFICA-O!

Ir. André Luiz Oliveira – CSSR
Associado da Academia Marial

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