Sexta Dor de Maria Santíssima - Maria recebe o corpo do Filho tirado da cruz (Mt 27, 55-61)
(Evangelho Segundo Marcos 15,43-46)
Um silêncio sepulcral cobria a face da terra, “era mais ou menos meio-dia, e uma escuridão cobriu toda a região até às três horas da tarde, pois o sol parou de brilhar.” (Lc 23,44-45) diante da cruz que havia atravessado a via dolorosa nos ombros de Jesus, estava Maria de Nazaré com o rosto coberta em lágrimas, com o coração transpassado e nos braços o amado Filho agora inerte, sem vida! Para Maria as palvras do Arcanjo Gabriel sobre sua Maternidade Divina no momento da Anunciação soaram como algo humanamente inacreditável. Agora com o Filho já sem vida nos braços, as palavras do São Gabriel soava-lhe ainda mais inacreditável: “O Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi; reinará sobre a casa de Jacó eternamente, e o seu reino não terá fim” (Lc 1,32-33). Mesmo diante de toda a dor que embalava o ser de Maria, ela não duvidou um só instante. Toda a maldade cometidade contra Jesus não revoltou aquela mãe que agora segura nos braços o Filho morto pela maldade dos homens. Maria acredita e olha para além do seu sofrimento, mira o triunfo Daquele que transpassaram pois agora já “levantado da terra, atrairá todos a Ele” (Jo 12,32). Cantalamessa nos recorda que “a realidade maior de Maria junto da cruz foi a sua fé”. Dilacerada na alma, mas nunca na fé que permanece intacta como sua virgindade. “O sofrimento do Filho moribundo, que tomava sobre Si os pecados e as tribulações da humanidade, trespassou-a também a Ela. Jesus dilacerado na carne, Homem das dores desfigurado pelo mal (cf. Is 53, 3); Maria, dilacerada na alma, Mãe compassiva que indicando-nos em Cristo a vitória definitiva”.¹
O reino anunciado por Jesus parecia aos olhos humanos ter tido um fim. Um fim trágico onde o rei estava morto, abandonado pelos seus e restando junto ao madeiro apenas “a sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria de Cléofas, Maria Madalena” (Jo 19,25) e o “o discípulo que ele amava” (Jo 19,26). Todos os demais fugiram com medo e sem esperança. A esperança de ver um dia o Reino de vitórias prometido por Jesus parecia estar encerrado aos pés da cruz nos braços de Maria. Os seus não entenderam que “a cruz de Cristo não é apenas o momento da morte, mas também o de sua glorificação e triunfo” nos diz Cantalamessa. Maria é a mulher que permanece junto a cruz acreditando e “esperando contra toda a esperança, numa situação humanamente de total desesperança, continuou esperando unicamente por causa da palavra de esperança pronunciada por Deus”¹. Assim Maria de Nazaré, não é somente a Mãe das Dores, mas é também a Mãe da Esperança.
Como mãe da Esperança, Maria, é o ícone mais expressivo da esperança cristã. A partir do seu “sim” doado no momento da Anunciação toda a sua vida é vivida em atitude de esperança. Não compreende de antemão como tornarse-ia mãe: “Como vai acontecer isso?” (Lc 1,34), mas confiou e entregou-se totalmente aos mistérios de Deus tornando-se Mãe da Divina Esperança. Junto à Cruz com o Filho nos braços a mulher dolorosa é também a mulher esperançosa, a discípula missionária que aguarda vigilante o cumprimento das promessas: “ressuscitarei ao terceiro dia” (Mt 16,21). Com Jesus morto nos braços, Maria, é bem-aventurada pois segue acreditando e sua fé vê brotar um novo tempo e aguarda com esperança o dia da Ressurreição do seu amado Filho e nosso Redentor.
O Papa São João Paulo II nos diz que: “Na anunciação, Maria dá no seu seio a natureza humana ao filho de Deus; aos pés da Cruz, em João, recebe no seu coração toda a humanidade. Mãe de Deus desde o primeiro instante da encarnação, ela torna-se mãe dos homens nos últimos momentos da vida do Filho, Jesus”.³ É também junto a cruz que Maria tornou-se nossa mãe, pela oblação que faz do seu próprio Filho cooperando assim para que tivéssemos a vida da Graça. Ao deixar este mundo, Jesus entrega a sua mãe aos cuidados do Discípulo amado: João. Confiou a ele sua amada Mãe. Nesta entrega, João torna-se filho de Maria. A Mãe de Deus torna-se também a Mãe dos homens. Sendo a Mãe de Jesus que é a cabeça do corpo místico que é a Igreja, ela é nossa verdadeira Mãe na ordem espiritual sendo todos nós membros deste corpo. O Papa Francisco nos recorda que: “Maria a todos abraça, com uma solicitude particular, no Espírito Santo... A maternidade espiritual de Maria é, pois, participação no poder do Espírito Santo, no poder d’Aquele “que dá a vida”. E é ao mesmo tempo, o serviço humilde d’Aquela que diz de si mesma: “Eis a serva do Senhor” (Luc. 1, 38).4
A piedade cristã se deteve na celebre cena de Maria com o Filho morto nos braços, a Pietá. Os Evangelhos pouco nos relata sobre o desenrolar da dolorosa a segurar o filho morto nos braços. A hora segue avançada e é preciso sepultar os corpos antes do por do sol pois não era conveniente que a Festa da Páscoa fosse celebrada com os corpos pendentes na Cruz ainda mais naquele ano era ainda mais solene pois coincidia com Páscoa dos Hebreus. Maria o entrega para ser preparado para o sepultamento. Maria e as outras mulheres presente entoaram cantos de lamentações, como era o costume dos antigos povos do oriente médio. São Éfrem, no século IV afirma que: “as lamentações da Virgem expressa a sua dor, ao mesmo tempo em que adere totalmente à Vontade divina”. O corpo foi depositado no tumulo existente nas propriedades de de José de Arimateia. José “rolou uma grande pedra na entrada do túmulo e retirou-se" (Mt 27, 60). O grande e solene sábado iria começar. “Maria aceitou ser amparada pela mão do seu Criador. Por Ele deixou-se conduzir, aderindo ao seu “projeto de amor”. E porque o amor “existia antes da criação do mundo”, ele é o coração e o motor da tua vida, da tua história, de cada história humana e divina, vivida na fidelidade e sob o olhar de Deus, Pai criador e salvador”.5
Vinícius Aparecido de Lima Oliveira
Associado da Academia Marial de Aparecida
Bibliografia:
1.ALETEIA. As três caracteristicas da fé de Maria, segundo o Papa. Aleteia, 2021. Disponível em:https://pt.aleteia.org/2021/09/16/as-3-caracteristicas-da-fe-de-maria-segundo-o-papa/
2.NOGARA, Jane. Cantalamessa: “Perto da Cruz de Jesus estava Maria, sua mãe”. Vatican News, 2020. Disponível em:https://www.vaticannews.va/pt/vaticano/news/2020-03/reflexao-cantalamessa-quaresma-curia.html
3.ALETEIA. Maria aos pés da cruz - uma pequena reflexão. Aleteia, 2016. Disponível em:https://pt.aleteia.org/2016/03/25/maria-aos-pes-da-cruz-uma-pequena-reflexao/
4.VATICAN.VA. Homilia do Papa João Paulo II em Fátima. Vatica.Va, 1982. Disponível em:https://www.vatican.va/content/john-paul-ii/pt/homilies/1982/documents/hf_jp-ii_hom_19820513_fatima.html
5.GILSON, José. O testtemunho de fé de Maria de Nazaré. CNBB, 2020. Disponível em:https://www.cnbb.org.br/o-testemunho-de-fe-de-maria-de-nazare/
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