Em 16 de julho de 1930, Nossa Senhora Aparecida foi oficialmente proclamada, pelo Papa Pio XI, padroeira principal do Brasil e sua especial intercessora junto de Deus, atendendo, assim, a um especial pedido que lhe foi dirigido pelo episcopado brasileiro.
A festa para o oficial reconhecimento da declaração teve lugar no Rio de Janeiro, então capital federal, aos 30 de maio do ano seguinte, em uma memorável celebração que uniu, de um modo intenso, fé e patriotismo, já que a imagem negra da Virgem Aparecida irradia uma forte mensagem de harmonia e fraternidade, lançando um vigoroso grito profético contra a vergonha da escravidão de outrora, da exploração, da intolerância e do preconceito.
Leia MaisImagem original de Nossa Senhora Aparecida recebe novo mantoPapa Francisco: “Que Nossa Senhora Aparecida livre o brasileiro do ódio, da intolerância e da violência”
Com efeito, foi possível comprovar, mediante exames de respeitáveis estudiosos, que a imagem de Nossa Senhora Aparecida, moldada em barro tipicamente paulista e representando a Virgem Maria concebida sem pecado, era originalmente policromada nas cores azul, grená e branco.
Despida das cores originais, a coloração escura foi assumida em virtude do tempo em que esteve submersa no lodo das águas, bem como da fumaça das velas e tochas da casa dos pescadores.
Enegrecida e quebrada, a imagem recolhida nas águas barrentas do legendário rio Paraíba, nos idos de 1717, tornou-se objeto da devoção afetuosa do povo brasileiro. Seja na cor negra da pele, na delicadeza das vestes, próprias da cultura europeia, ou no costume indígena de as mulheres adornarem os cabelos com flores, como a vemos adornada, a pequenina imagem da Virgem Aparecida, delicada e formosa, apresenta-se como uma síntese das três raças que compõe o povo brasileiro e, por isso, verdadeira dádiva que a nós foi oferecida por Deus.
A imagem de Nossa Senhora Aparecida torna-se, assim, verdadeiro protótipo daquilo que somos chamados a ser e clara antítese daquilo que estamos sendo!
“No sangue ou nas ideias”, afirmou Silvio Romero, “todo o brasileiro é mestiço”. De fato! E o reconhecimento de tal realidade muito tem a contribuir para a edificação da fraternidade entre nós, tornando-se caminho de esperança e verdadeira prosperidade para todos.
Quanta violência absurda, quanta corrupção, quanta exploração, quantos preconceitos estúpidos, quanta passividade ante o mal conduzem à morte inúmeras vidas ou à privação de milhões do mínimo necessário à sobrevivência.
O homem, hoje, perde-se, facilmente, nos labirintos egoístas de seu individualismo, cego pela busca desenfreada de posse e lucro, esquecendo-se de que a vivência plena de sua humanidade está, necessariamente, configurada pelo amor, num movimento que coloca o seu eu a caminho do tu, do irmão, do próximo.
:: O que representa a Solenidade de Maria Mãe de Deus
Neste primeiro de janeiro – em que celebramos a Maternidade Divina de Maria e, desde 1967, o Dia Mundial da Paz – dirijamos nosso olhar para Ela, Mãe de Deus e nossa, e aprendamos a enxergar a vida humana naquilo que contém de mais digno: sua abertura à verdade e à beleza, sua aspiração pela felicidade e pelo amor, sua sacralidade, justamente porque oriunda, tal como sua santa imagem, das mãos do Divino Oleiro.
Quem contempla a imagem original de Nossa Senhora Aparecida pode perceber dois singelos detalhes: o singelo sorriso que emana de seus lábios e suas pequeninas mãos unidas em prece.
Neste tempo tão obscuro de nossa história, em que muitos choram e não sabem para onde ir, o sorriso e a prece da Mãe do Céu parecem nos dizer que ela nos espera para nos consolar, que ainda podemos ter esperança e que há possibilidade de futuro onde habita Deus, como afirmou o Papa Emérito Bento XVI (Cf. Catequese de 28/09/2011).
Por que não ouvir seu convite materno e encontrar abrigo em seu coração?
À sua materna intercessão confiemos o ano que está para começar, confiemos nosso país e nossas famílias, na certeza de que seu Filho Jesus não deixará faltar o vinho novo da alegria, da fé, da esperança e do amor de que precisamos para caminhar, construindo uma sociedade justa, fraterna e pacífica para todos!
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