Na noite de Natal, pela primeira vez em seus sete meses de pontificado, o Papa Leão XIV presidiu a Missa do Galo, reunindo milhares de fiéis na Basílica de São Pedro.
A celebração seguiu a tradição da Vigília de Natal. Textos do Antigo Testamento anunciaram a vinda do Messias e ajudaram os fiéis a entrar no mistério do nascimento de Cristo, à luz das profecias e dos salmos.
Logo no início do rito, o Papa se aproximou do presépio e descobriu a imagem do Menino Jesus. Em seguida, crianças da Coreia do Sul, Índia, Moçambique, Paraguai, Polônia e Ucrânia levaram flores ao recém-nascido, em um gesto que uniu povos e culturas diante do Salvador.
Na homilia, Papa Leão XIV falou sobre a busca humana por sentido e a surpresa de Deus que entra na história em forma de criança. Ele recordou que, por séculos, a humanidade olhou para o céu em busca de respostas, mas que, no Natal, a luz veio até nós.
“Hoje, na cidade de Davi, nasceu-vos um Salvador, que é o Messias Senhor”.
Para o Pontífice, essa luz não vem de longe, mas brota da simplicidade de Belém.
"No tempo e no espaço, onde quer que estejamos, vem Aquele sem o qual nem mesmo teríamos existido. Vive conosco Aquele que por nós dá a vida, iluminando com a salvação a nossa noite. Não há trevas que esta estrela não ilumine, porque à sua luz toda a humanidade vê a aurora de uma existência nova e eterna."
O Papa destacou que Deus não enviou uma ideia, mas uma Pessoa:
"Deus não nos dá algo, mas a si mesmo, 'para nos resgatar de toda a iniquidade e formar para si um povo puro' (Tt 2, 14). Nasce na noite Aquele que da noite nos resgata: o vestígio do dia que amanhece, já não deve procurar-se lá longe, nos espaços siderais, mas inclinando a cabeça, para o estábulo ao lado."
A força dessa mensagem está no sinal escolhido por Deus:
"O sinal claro dado a um mundo às escuras é 'um menino envolto em panos, deitado numa manjedoura' (Lc 2, 12). Para encontrar o Salvador, não é preciso olhar para cima, mas contemplar o que está em baixo: a onipotência de Deus resplandece na impotência de um recém-nascido; a eloquência do Verbo eterno ressoa no primeiro choro de um bebê; a santidade do Espírito brilha naquele corpinho recém-lavado e envolto em panos."
Ao falar da dignidade humana, Leão XIV lembrou que cada vida tem valor porque Deus se fez pequeno.
“A luz divina que irradia deste Menino ajuda-nos a ver o homem em cada vida nascente”.
O Papa também refletiu sobre os dramas do mundo atual. Ele afirmou que uma sociedade que fecha espaço para o ser humano fecha espaço para Deus.
“Onde há lugar para o homem, há lugar para Deus: então um estábulo pode tornar-se mais sagrado do que um templo e o ventre da Virgem Maria é a arca da nova aliança”.
Inspirado em Santo Agostinho, Leão XIV mostrou que o Natal responde às feridas do nosso tempo.
"Como observava Santo Agostinho, 'a soberba humana esmagou-te tanto que só a humildade divina podia levantar-te' (Sermo in Natale Domini 188, III, 3)."
Diante de uma economia que trata pessoas como números, o Natal devolve o valor de cada vida: “Deus torna-se semelhante a nós, revelando a infinita dignidade de cada pessoa”.
Para o Papa, o nascimento de Jesus abre um novo caminho para a humanidade.
“Enquanto o homem quer tornar-se Deus para dominar o próximo, Deus quer tornar-se homem para nos libertar de toda a escravidão”.
Leão XIV recordou que o Jubileu da Esperança iniciado por Francisco se aproxima do fim, iniciado há exatamente um ano.
“O Papa Francisco afirmou que o Natal de Jesus reaviva em nós ‘o dom e o compromisso de levar a esperança onde ela se perdeu’, porque ‘com Ele a alegria floresce, com Ele a vida muda, com Ele a esperança não desilude’”.
Por fim, o Pontífice convidou toda a Igreja a anunciar Cristo por meio das virtudes teologais vividas no Jubileu:
“A alegria do Natal é festa da fé, da caridade e da esperança. É festa da fé, porque Deus se faz homem, nascendo de uma Virgem. É festa da caridade, porque o dom do Filho redentor se realiza na dedicação fraterna. É festa da esperança, porque o Menino Jesus a acende em nós, tornando-nos mensageiros da paz. Com estas virtudes no coração, sem temer a noite, podemos ir ao encontro do amanhecer do novo dia".
Antes da Missa do Galo, o Papa fez um gesto que surpreendeu e emocionou os peregrinos. Mesmo sob chuva forte e temperatura de 10 °C, Leão XIV saiu à Praça de São Pedro para saudar os fiéis que não conseguiram entrar na Basílica.
Com simplicidade, explicou que o templo é grande, mas não comporta todos. Depois, dirigiu-se aos presentes:
“Obrigada por estarem aqui mesmo com esse tempo. Queremos celebrar juntos a festa do Natal de Jesus Cristo. Hoje recordamos o grande amor de Deus. Sigam a celebração dos telões e que Deus abençoe a todos e seus familiares. Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém”.
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Fonte: Vatican News
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