As janelas e a porta central do Instituto Histórico Redentorista se abrem para a rua Pellegrino Rossi, que também dá acesso à Cúria Geral, que abriga os diversos organismos do Governo Geral da Congregação.
É uma rua pequena, formada por uma única quadra, tendo numa de suas extremidades o Largo e a igreja de São Vito, encontrando-se na outra com a rua do Estatuto, passando também por edifícios comerciais, residenciais e por uma faculdade de moda.
Sua localização acendeu a curiosidade em saber quem foi esse personagem que dá nome ao pequeno, mas importante logradouro, levando à pesquisa dos fatos relevantes de sua vida.
Pellegrino Rossi era da nobreza italiana, com o título de conde, mas era ainda economista, jurista e político. Ele nasceu em Carrara no ano de 1787, vindo a falecer por morte violenta em Roma, no ano de 1848.
Ele foi uma figura importante na Monarquia de julho da França, sendo ainda ministro da Justiça, do interior antes de ingressar no governo dos Estados Pontifícios.
Em 10 de setembro de 1848, Pellegrino Rossi ingressou no governo papal. Após a renúncia do Ministro da Polícia Odoardo Fabbri em 15 de setembro, o Sumo Pontífice, Papa Pio IX, levando em consideração suas qualidades, nomeou-o para os cargos de Ministro do Interior e da Polícia, com o cargo de Ministro Interino das Finanças.
O Papa Pio IX foi eleito em 16 de junho de 1846 e, tendo um dos pontificados mais longos da história, governou a Igreja por quase 32 anos, até 1878.
Pio IX governou a Igreja num período de grandes turbulências na Itália e na Europa por causa da Revolução de 1848, que também atingiu a Igreja, e por causa da luta pela Unificação Italiana que levaria à perda dos Estados Pontifícios em 1870.
Em meados do século XIX, os Estados Pontifícios ainda existiam, tendo Roma como capital. A Itália, como hoje conhecemos, ainda não existia, e os territórios da Igreja eram protegidos pelas tropas da Áustria, um país de tradição católica, que sempre foi aliada e protetora da Igreja.
No ano de 1848, aconteceu uma série de rebeliões contra a dominação austríaca em diversos pontos do território italiano. Apesar de inicialmente terem obtido sucesso militar, os rebelados acabaram derrotados pelo poderoso exército austríaco. Mesmo assim, o ideal nacionalista que movia os revoltosos continuou forte em toda a Península Itálica.
Nesse movimento de 1848, que aconteceu na Itália e em outros países da Europa, conhecido como “Primavera dos Povos” pessoas e grupos de diversas procedências se uniram por distintos motivos, se revoltando e causando grande agitação. Na Itália, o movimento ganhou a motivação de nacionalismo, sendo uma das bases da luta pela unificação que cresceria, sobretudo, nas décadas seguintes.
Por serem numerosos e simultâneos, os movimentos foram chamados de “primavera”, porque foi como se muitas flores desabrochassem ao mesmo tempo, tal qual a estação. Um dos grupos mais ativos dessa movimentação foi a carbonária italiana, que não pode ser confundida com a deliciosa massa italiana que leva um nome parecido.
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A carbonária era uma sociedade secreta de características anticlericais e liberais que atuou na Itália e em outras partes da Europa nos séculos XIX e XX, lutando contra o domínio das monarquias e dominação estrangeira.
A Sociedade Carbonária tem suas origens na Itália do início do século XIX (1810), baseando-se em ideais liberais e nacionalistas. A sociedade participou da luta pela unificação e independência de nações como a Itália e Portugal, atuando por meio de ações políticas, conspiratórias e, por vezes, até mesmo por ações violentas.
Combatendo o absolutismo, contribuiu para derrubar monarquias, promover a unificação e independência nacional, sendo um dos motores do “Risorgimento italiano”. Sua participação na luta pela Unificação Italiana explica a oposição ao predomínio da Igreja, que tinha os seus Estados, considerados um dos impeditivos da criação da Itália como país unificado.
O Risorgimento, por sua vez, foi um movimento político e social do século XIX (1815-1870) que lutou pela unificação da Itália, antes dividida em vários reinos, sob domínio estrangeiro, formando um único Estado-nação.
Liderado pelo Reino da Sardenha-Piemonte onde se destacam figuras como Cavour e Garibaldi, promoveu guerras de independência, revoltas e anexações territoriais que culminaram com a proclamação do Reino da Itália em 1861, tendo Vítor Emanuel II como rei, e na anexação final de Roma em 1870/71, que decretou o fim dos Estados Pontifícios.
Entre as atividades realizadas pela carbonária conta-se o assassinato de políticos, como foi o caso do atentado e morte de Pellegrino Rossi, ocorrido em 15 de novembro de 1848.
Ele foi morto nas escadas do Palazzo della Cancelleria (Palácio da Chancelaria), sede do Parlamento italiano. Pellegrino Rossi tinha ideias democráticas e federalistas, em nítido contraste com as intenções mais revolucionárias.
As investigações começaram imediatamente após a sua morte para descobrir os autores do crime, mas alguns acusados acabaram sendo absolvidos.
Pellegrino Rossi foi enterrado sem funeral público em San Lorenzo in Damaso, na antiga basílica incorporada ao palácio renascentista da Chancelaria onde ele havia sido morto.
A instabilidade, o agito e as movimentações em Roma tornaram-se intensas e perigosas e o Papa ficou como prisioneiro no Palácio do Quirinal, onde morava.
Em 24 de novembro, Pio IX saiu da cidade, indo para Gaeta, onde se refugiou sob a proteção do rei de Nápoles. Nos dias seguintes, a França decidiu intervir militarmente a seu favor, enviando forças militares a Roma, possibilitando um posterior retorno do Papa à cidade.
Pio IX teve um pontificado bastante criticado e contraditório tanto politicamente, pois se opôs ao movimento do “Risorgimento italiano”, profundamente anticlerical e antirreligioso, por ter promovido um intenso processo de centralização eclesiástica conhecido como romanização, teologicamente, por apoiar e defender medidas que reforçaram a ortodoxia católica, com a publicação de documentos contraditórios como o Syllabus (1864).
Deve-se a ele também a solene promulgação do dogma da Imaculada Conceição (1854), a confirmação da primazia de Pedro com o dogma da Infalibilidade Pontifícia (1870) e a convocação do Concílio Ecumênico Vaticano I (1869-1870) que precisou ser encerrado antes da hora por causa da guerra e da iminente invasão do Vaticano.
Um personagem hoje desconhecido da maioria das pessoas que transita pela rua Pellegrino Rossi, mas que teve uma grande importância na história da Itália e da Igreja do século XIX.
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Fonte: Instituto Histórico Redentorista
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