Artigos

Mariofanias - As primeiras Mariofanias: Como tudo começou?

Escrito por Academia Marial

06 AGO 2022 - 07H00 (Atualizada em 06 AGO 2022 - 09H07)

Ao longo dos séculos muitas foram às afirmações de pessoas ao redor do mundo, que disseram terem visto a Santa Mãe de Deus e Dela terem recebido mensagens, ensinamentos, alertas e pedidos. Na maioria das vezes tais encontros entre o humano e o divino, os pedidos eram de conversão, oração e penitência. Pedidos de oração uns pelos outros e pelas almas que padecem no purgatório. A figura celeste durante as aparições pede de um modo geral para “cuidar dos irmãos de seu Filho, que caminham ainda na terra, até chegarem à pátria bem-aventurada” (Lumen Gentium 62).

O Catecismo da Igreja Católica nos afirma que o papel das aparições “não é de aperfeiçoar a revelação definitiva de Cristo, mas ajudar a vivê-la mais plenamente numa determinada época da história (...). A fé cristã não pode aceitar “revelações” que pretendam ultrapassar ou corrigir a Revelação de que Cristo é a plenitude” (n.67).

Stefano De Fiores afirma que: “Quando se calam os sinais da terra se fazem vivos aqueles do céu. A importância das aparições da Virgem Maria não está no fato de que iluminam ou recordam dados evangélicos, mas no de soar como um alarme para uma comunidade cristã que poderia adormecer nos hábito de sua vida”.

Ao percorrermos o caminho das aparições marianas notamos a que a primeira aparição da Virgem Maria ocorre no ano 40 de nossa história. “Na verdade, essa aparição é caracterizada como uma bilocação – ou seja, o fenômeno de estar fisicamente presente em dois lugares ao mesmo tempo –, pois Maria ainda estava neste mundo, morando na Terra Santa, quando surgiu diante de São Tiago”.1

“Segundo uma "antiquíssima" tradição – historicamente documentada a partir do século VII, ainda sob o domínio árabe –, Nossa Senhora teria visitado aquela região em carne mortal (isto é, antes da sua Assunção aos céus) poucos anos depois da Ressurreição de Jesus Cristo. Conta essa tradição que o Apóstolo São Tiago o Maior, irmão de São João, se dirigiu logo depois do Pentecostes à Península Ibérica, na época o extremo ocidental do Império Romano. No seu trabalho apostólico, porém enfrentou obstáculos insuperáveis, talvez por causa da dureza daquele povo. No dia 2 de janeiro do ano 40, reuniu-se com os seus poucos discípulos; todos estavam desanimados com os resultados, e dispunham-se ir para outras terras, em busca de melhores perspectivas. À meia-noite, porém, foram surpreendidos por um fato extraordinário. Apareceu-lhes Nossa Senhora em pessoa, transportada por anjos sobre uma coluna, o atual pilar. Posta de pé sobre ele, a Virgem confortou o Apóstolo e pediu que ali se construísse uma capela, onde Deus faria prodígios admiráveis em favor dos que implorassem o seu socorro. Quanto ao pilar, haveria de permanecer ali até o fim do mundo, e nunca faltaria naquela terra quem honrasse Jesus Cristo”.2

Após esta aparição da Virgem do Pilar muitas outras foram acontecendo em uma ordem que podemos dividir em grupos. Ao longo da história a Santa Igreja foi analisando e constituindo blocos contínuos e lógicos. Vários foram os mártires que durante as perseguições deram a vida em nome da fé em Cristo. Começa um período de expansão da Santa Igreja ainda dentro das fronteiras do Império Romano com grandes lutas contra as heresias. Neste período as aparições marianas aconteciam em sua maioria para pessoas que estavam encarregadas de lutar nesse campo. Aparições que aconteceram para favorecer especialmente o conhecimento da verdadeira doutrina. Com o fim do Império Romano, os bárbaros começam a invadir os países onde se encontra a maioria dos católicos. A Santa Igreja segue firme e atuante e dedicando-se também na conversão desses povos bárbaros. Neste processo de evangelização da Igreja, novas aparições da Virgem Maria se desencadearam.




“Típico das aparições dos primeiros séculos e ocorrerem, sobretudo para santos ou personagens de alta posição. Por exemplo, a Virgem aparece em 431 a São Maurílio, bispo de Angers, na França; em 455, ao Imperador Leão I em Constantinopla; em 552, aparece em Tagina (Itália) a Narsete, condottiero do Imperador Justiniano; em 664, a Santo Ildefonso, arcebispo de Toledo; em 680, a São Bonito, bispo de Clermont, na França; em 754, a São Bonifácio, o apóstolo da Alemanha; em 766, a Santa Oportuna, abadessa do mosteiro de Montreuil, na França. A finalidade de todas essas aparições parece ter sido a difusão e consolidação da fé, à qual o testemunho dos fatos podia dar uma contribuição válida”.3

Durante a Idade Média as aparições marianas ocorrem de formas numerosas e de todos os tipos: “Há aparições para fundar ordens religiosas, como a ocorrida a São João da Mata para fundar a Ordem dos Trinitários; a São Pedro Nolasco para fundar a Ordem das Mercês; aos sete fundadores dos Servos de Maria. Há numerosas aparições para que sejam erguidos conventos ou santuários, que por sua vez se tornam centros de afervoramento da população local. Chamam também a atenção as numerosas aparições para curar pessoas ou fazer cessar pestes e outras desgraças. Por exemplo, em 1105 Nossa Senhora aparece em Arras, na França, para fazer cessar uma epidemia de peste. Em 1285 aparece a São Nicolau de Tolentino, para curá-lo de sua doença, e daí nasce o costume do pão de São Nicolau, que por sua vez cura outras pessoas. Em 1426 aparece para extinguir uma peste na região de Veneza, o que dá origem ao santuário do Monte Berico”.4

Depois da revolta protestante surgem grandes obras de conversão de povos pagãos na América, Ásia e África com a expansão da fé pelo mundo. Na América as aparições ajudam na conversão de pequenas tribos indígenas como ocorreu ao índio Coromoto, na Venezuela e até nações inteiras como em Guadalupe, no México. “Há aparições para trazer de volta os protestantes para a Igreja. Seja para a conversão de uma só pessoa, como a de Notre Dame de l´Osier, na França; para a conversão de regiões inteiras, como a de Siluva, na Lituânia; para a conversão de jansenistas semi-protestantes, como as de Notre Dame de Laus”.

Shutterstock
Shutterstock


Com a explosão da Revolução Francesa, houve uma nova onda de ódio anticatólico, e novas aparições de Nossa Senhora para se opor a essa impiedade. Em Saint-Laurent-de-la-Plaine é que melhor se mostra o ódio revolucionário. Não apenas os revolucionários destruíram o santuário, mas cortaram a árvore onde se deram as aparições. Chegaram a fazer prisioneiros e guilhotinar os peregrinos, sob a única acusação de que “estiveram várias vezes na árvore de Saint-Laurent”.5 Outras aparições marinas resultaram desta impiedade, resultado da Revolução francesa. Como resposta da Santa Mãe de Deus, Ela volta a aparecer em La Salette, na Rue du Bac em Paris (Medalha Milagrosa) e em Lourdes. Já no século XX, com a investida revolucionária, a revolução comunista deu à Igreja milhares e milhares de mártires no México, em Cuba, na Rússia, na Europa Oriental, na China, entre outros lugares. Diante deste cenário dramático a Virgem Maria designou-se aparecer em Fátima e advertir sobre os castigos e a difusão comunista.Leia MaisMariofanias aprovadas pelos bispos, pela Igreja Copta e para a expressão da féMariofanias - Aparições: Critérios para aprovaçãoMariofanias – As manifestações da Mãe de Deus

Segundo uma pesquisa realizada pelo National Geographic, o maior número de aparições da Virgem Maria foi registrado na Europa, com os EUA seguindo de perto. No continente Europeu as aparições marianas ocorreram em sua maioria na Itália e na França, seguidas do sul da Alemanha (a parte católica do país) e a Bélgica. Mesmo sendo a Espanha e Polônia países de muita fé, o número de aparições nestes países é pequeno. Nos Balcãs quase não se registram aparições da Mãe de Deus, sendo Medjugore uma exceção notável. A Escandinávia, uma região nas quais muitos países são predominantemente ateístas, é totalmente livre de aparições da Mãe de Deus. Os EUA lideram o resto do mundo em número de aparições, embora a maioria não seja reconhecida pela igreja. O mesmo acontece no Brasil – temos algumas aparições, mas somente duas aprovadas pelo bispo local.

As aparições, se não são uma novidade objetiva, são, todavia, uma novidade profética. São como um imperativo de Deus para avaliar, nos momentos históricos que a humanidade atravessa alguns aspectos do Evangelho, afirma o mariólogo Antonino Grasso.

Vinícius Aparecido de Lima Oliveira
Associado da Academia Marial de Aparecida

Bibliografia:

1. Maria entre nós : as aparições marianas, a devoção a Nossa Senhora em seus vários títulos e os esplendor do Santo Rosário / Solange Garcia... [et al.]. – Petrópolis, RJ : Vozes, 2022.
2. FRACIULLI, Paulo Oriente – O Milagre de Calanda / Paulo Oriente-Franciulli – 2ª.ed. – Quadrante, São Paulo, 2004 – (Temas cristãos; 114)
3. Paola Giovetti, Le apparizioni della Vergine Maria, Ed. San Paolo, 1996, p.18-19.
4. CONTEÚDO aberto. In: Catolicismo – Aparições Marianas e suas razões. Disponível em: < http://catolicismo.com.br/materia/materia.cfm/idmat/ED937386-A47A-BA50-7A96A22C8139BDA8/mes/Dezembro2005>. Acesso em: 15 mai 2022.
5. Yves Chiron, Enquête sur les apparitions de la Vierge, Ed. Perrin-Mame, 1995, p. 165.

Seja o primeiro a comentar

Os comentários e avaliações são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião do site.

0

Boleto

Carregando ...

Reportar erro!

Comunique-nos sobre qualquer erro de digitação, língua portuguesa, ou de uma informação equivocada que você possa ter encontrado nesta página:

Por Academia Marial, em Artigos

Obs.: Link e título da página são enviados automaticamente.

Carregando ...