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Mariofanias - Nossa Senhora de Lourdes

Escrito por Academia Marial

08 OUT 2022 - 07H00

Nossa Senhora de Lourdes
Lourdes, França (1858)

Título: Nossa Senhora de Lourdes
Festa: 11 de fevereiro
Aparições: 18 aparições (11 de fevereiro de 1858 à 16 de julho de 1858)
Vidente: Santa Bernadette Soubirous
Investigado: 1858
Aprovação: 18 de janeiro de 1862 por Bertrand Severe Laurence, Bispo de Tarbes

Os acontecimentos em Lourdes de 1858 marcaram a história das aparições marianas. Ao longo dos anos, os estudos em torno das aparições de Nossa Senhora à Santa Bernadette Soubirous se debruçaram sobre os peregrinos que anualmente buscam nas águas da gruta e na intercessão da Virgem um caminho para obter milagres. Milagres que muitas vezes são inexplicáveis até mesmo para a ciência.

Lourdes é uma comuna francesa, lugarejo montanhoso situado no Altos Pirineus, região da Occitânia. Na época das aparições, era uma pequena cidade que se concentrava em torno de seu castelo e sua igreja. No pequeno vilarejo do moinho de Boly, nascia a 7 de janeiro de 1844 a vidente Bernadette Soubirous, filha do moleiro Francisco Soubirous e de Luisa Castérot. Bernadette era a mais velha dos 9 filhos do casal. “A família de camponeses era numerosa, religiosa e muito pobre. Desde a infância, a pequena tinha problemas de saúde em consequência da asma. Era analfabeta, mas tinha aprendido a rezar o terço, o que fazia diariamente enquanto cuidava dos afazeres da casa.”¹

Para aquecer a pequena lareira do calabouço onde a família morava, Bernadette com frequência se dirigia ao bosque próximo ao Rio Gave para recolher gravetos e também alguns ossos. Os ossos eram recolhidos e vendidos para a compra de alimentos para o sustento da família.



Na manhã de 11 de fevereiro de 1858, Bernadette, acompanhada de sua irmã Toinette e a amiga Jeanne Abadie, se dirigiram para o bosque como de costume. Ao chegarem próximo à gruta de Massabielle, onde Bernadette nunca havia estado, a jovem se deteve. Enquanto a irmã e a amiga atravessavam a água gelada do rio Gave, Bernadette se preparava para fazer o mesmo retirando suas meias. É neste momento que o inesperado acontece. Bernadette nos relatos das aparições afirma que:

“Escutei um barulho, como se fosse um rumor. Então, virei a cabeça para o lado do prado; vi que as árvores absolutamente não se mexiam. Continuei a descalçar-me. Escutei de novo o mesmo barulho. Levantei a cabeça, olhando para a gruta. Avistei uma Senhora toda de branco, com um vestido branco, um cinto azul e uma rosa amarela sobre cada pé, da cor da corrente do seu terço: as contas do terço eram brancas”. ²

De joelhos, a jovem vidente rezou o Rosário junto com a Bela Senhora.

Quando a oração terminou, a aparição desvaneceu-se. Bernadette ficou com uma profunda impressão causada pela presença daquela Bela Senhora. Mesmo sem reconhecer nEla a Mãe de Deus, Bernadette sentia-se atraída por aquela figura tão amável, admirável e doce, em quem não podia parar de pensar. Anos mais tarde, ao relatar sobre as aparições na enfermaria do convento, disse que a Senhora era muito bela. "Tão bela que, quando se vê uma vez, deseja-se a morte só para tornar a vê-la!"

Por mais que tivesse pedido segredo à irmã e à amiga sobre seu estado de êxtase durante a aparição e também sobre o que vira, as jovens meninas não o guardam por muito tempo. Poucos dias depois já corria na pequena cidade os boatos da suposta aparição. Em 14 de fevereiro, mesmo diante da proibição dos pais de voltar na Gruta de Massabielle, uma força interior a atraiu para o local. Quando terminou de rezar a primeira dezena do Rosário no local das aparições, viu aparecer novamente a Senhora vestida de branco. Com medo de que fosse algo do maligno, a jovem arremessou água benta em direção à Senhora que reagiu com um sorriso e uma inclinação de cabeça. Terminada a oração do Rosário a Virgem desapareceu como da primeira vez.

Em 18 de fevereiro, a Senhora falou com a vidente pela primeira vez. Bernadette estendeu um papel e uma caneta para Ela pedindo que a mesma escrevesse seu nome. Com um sorriso doce, a Virgem respondeu: “Não é necessário" e acrescentou “Não prometo fazer você feliz neste mundo, mas no outro”. Antes de desaparecer como nas duas primeiras vezes, perguntou à Bernadette: “Você faria a gentileza de vir aqui por quinze dias?”. Em 19 de fevereiro, atendendo ao pedido da Virgem, Bernadette retornou à gruta e levou consigo uma vela. Continuando a repetir o gesto nas demais aparições, “deu origem à tradição de levar velas e acendê-las em frente à gruta, seguida até hoje pelos peregrinos em Lourdes é uma das características marcantes do Santuário”. ³

Em 20 de fevereiro, a Virgem ensinou à Bernadette uma oração pessoal. Era notável no rosto da jovem uma profunda tristeza quando a aparição terminou.

Em 21 de fevereiro, um domingo, a aparição aconteceu pela manhã e uma centena de pessoas a acompanharam nesse dia. Ao retornar à cidade, o delegado de polícia, Jacomet, interrogou a jovem pela primeira vez buscando saber o que ela via. “Aquéro” (aquela coisa, no dialeto local), foi a resposta.

Em 23 de fevereiro, um segredo foi revelado pela Virgem à Bernadette, um segredo particular nunca revelado. Cerca de 150 pessoas a acompanharam neste dia.

Em 24 de fevereiro, a Senhora dirige uma mensagem: “Penitência! Penitência! Penitência! Orem a Deus pelos pecadores”. Terminada mensagem de penitência, pede a Bernadette: “Beije o chão como um ato de penitência pelos pecadores!”.

Em 25 de fevereiro, Bernadette relata que: “Ela (Aquéro) me disse para ir beber na fonte (…). Só encontrei um pouco de água barrenta. Na quarta tentativa, eu fui capaz de beber. Ela também me fez comer as ervas amargas que foram encontradas perto da fonte e então a visão desapareceu”. As quase trezentas pessoas presentes pensaram que a jovem estava louca e ela dizia: “É pelos pecadores que o faço”.

Em 27 de fevereiro, cerca de oitocentas pessoas a acompanharam. Bernadette, realizou suas penitências habituais e durante toda a aparição a Virgem Maria permaneceu em silêncio.

No domingo, 28 de fevereiro, mais de mil pessoas estavam presentes no local das aparições. Em penitência, a jovem se ajoelhou, beijou o chão e rezou. Quando retornou da gruta, foi ameaçada pelo Juiz Ribes de ser presa caso continuasse a voltar na gruta.

O novo mês estava começando e as aparições seguiam seu curso. Em 01 de março de 1858, entre as quase mil e quinhentas pessoas presentes encontrava-se também um sacerdote.

“Durante essa noite, Catherine Latapie, uma mulher que morava em Loubajac, vilarejo a sete quilômetros de distância de Lourdes, foi à gruta e mergulhou na água da fonte a mão e o braço, que tinham ficado paralisados depois de uma queda de uma árvore.

Instantaneamente, essas partes do corpo recuperaram o movimento. Essa é considerada a primeira cura milagrosa de Lourdes, que hoje tem oficialmente 70 curas consideráveis inexplicáveis para a Ciência.”4

Jonas da Costa Reis
Jonas da Costa Reis
Arte inspirada na imagem de Nossa Senhora de Lourdes


Uma mensagem em especial aos padres é dirigida por Nossa Senhora em 2 de março. A Senhora diz à Bernadette: “Vá e diga aos padres que as pessoas devem vir em procissão e construir uma capela aqui.” A mensagem foi levada pela própria vidente ao Padre de Lourdes, o Reverendo Peyramale. Mas uma única coisa o mesmo desejava... saber qual era o nome da suposta aparição.

Em 03 de março, por volta das sete da manhã, Bernadette compareceu à gruta com três mil pessoas, porém a Virgem não apareceu. Após os estudos na escola do vilarejo, a menina sentiu o convite interior e foi à gruta. Lá se encontrou com a Senhora Vestida de Branco. Durante a aparição, a vidente perguntou seu nome e como resposta recebeu um lindo sorriso.

De volta à cidade, o Padre Peyramale informa à jovem que “Se a Senhora realmente deseja que uma capela seja construída, ela deve nos dizer o seu nome e fazer a roseira da gruta florescer.”

As multidões que acorriam a gruta cresciam cada vez mais. Em 4 de março, cerca de oito mil pessoas se reuniram na aparição. A Virgem estava silenciosa.

Nos vinte dias que se seguiram não ocorreram as aparições nem o desejo interior invadiu Bernadette. Silêncio do céu, silêncio de Bernadette e silêncio do padre Peyramale diante do pedido de construção da capela no lugar das aparições.

Em 25 de março, Festa da Anunciação, uma grande revelação surge durante a aparição: a roseira selvagem não floresceu, porém diante da pergunta sobre o nome da Virgem ela respondeu: “Que soy era Immaculada Concepciou” (Eu sou a Imaculada Conceição). Bernadette saiu a correr para dizer ao pároco o nome da Senhora de Branco. As palavras “Que soy era Immaculada Concepciou” chocaram-no, pois, quatro anos antes o Papa Pio IX havia declarado o Dogma da Imaculada Conceição. Aquela solene confirmação do dogma proclamado pelo Santo Padre era a pureza da doutrina que seria coroada, daqui por diante, pela beleza dos milagres.

Em 7 de Abril de 1858, Bernadette segurava uma vela durante toda a aparição, mas a vela não a queimou. Um médico, Doutor Douzous, estava presente e confirmou que mesmo com a chama da vela em contato com a mão da vidente a mesma nada sofreu. Esse fato ficou conhecido como o “Milagre da Vela”.

Em 16 de julho, festa da Virgem do Carmelo, a Senhora Vestida de Branco apareceu pela última vez. Estava mais bela do que nunca. O caminho havia sido bloqueado pela polícia e mesmo assim a vidente ficou do outro lado do rio na margem em frente à gruta: “Senti que estava na frente da gruta, na mesma distância de antes. Vi apenas a Virgem e ela estava mais bonita do que nunca!”.

No mesmo ano, 1858, Bernadette vai estudar em um hospício administrado pelas Irmãs de Nevers.

Em 28 de julho, é criada uma comissão de investigação dos fatos ocorridos na Gruta de Massabielle.

Após estudos minuciosos, em 18 de janeiro de 1862, o Bispo de Tarbes declarou autênticas as aparições de Maria Santíssima em Lourdes.

Em 4 de Julho de 1866, Bernadette deixa a cidade de Lourdes pela última vez para ingressar definitivamente nas Irmãs de Nevers, recebendo o nome de Irmã Mary Bernard. Trabalhou com as irmãs como sacristã e evitou ao máximo sua exposição pública. A vidente afirmava que ela era “uma vassoura que Nossa Senhora usava, mas agora fui colocada de volta no meu canto".

Em 1876, a basílica no local das aparições foi consagrada.

Após contemplar a Virgem na gruta, Bernadette Soubirous adormeceu para este mundo em 16 de abril de 1879.

No ano seguinte ao falecimento da vidente, 1890, a festa litúrgica em honra da Virgem de Lourdes foi instituída para 11 de fevereiro e aprovada pelo Papa Leão XIII. A festa tinha sido concedida apenas para a Diocese de Tarbes e em 13 de novembro de 1907, o Papa Pio X proclamou a festa a nível universal.

Em 1925, o corpo da vidente foi exumado e se encontrava incorrupto, sendo a vidente beatificada por Pio X no mesmo ano. Sua canonização ocorreu em 8 de dezembro de 1933, festa da Imaculada Conceição.

Vinícius Aparecido de Lima Oliveira
Associado da Academia Marial de Aparecida

Bibliografia:

1. Santa Bernadette Soubirous. Franciscanos. Disponível em: https://franciscanos.org.br/vidacrista/calendario/santa-bernadete-soubirous/#gsc.tab=0. Acesso em: 20 set. 2022.
2. Nossa Senhora de Lourdes. Arautos do Evangelho. Disponível em: <https://www.arautos.org/secoes/artigos/especiais/nossa-senhora-de-lourdes-3-144119>. Acesso em: 20 set. 2022.
3. Saiba mais sobre as 18 aparições de Nossa Senhora em Lourdes. Viagens de Fé. Disponível em: <https://viagensdefe.com.br/saiba-mais-sobre-as-18-aparicoes-de-nossa-senhora-em-lourdes/>. Acesso em: 20 set. 2022.
4. Idem.

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