Nossa Senhora Aparecida ou Nossa Senhora de Fátima?

Lembro-me de que, certa vez, numa capela, presenciei uma discussão amistosa entre duas mulheres. Uma defendia acirradamente Nossa Senhora de Fátima, afirmando que se tratava de uma santa poderosa. A outra discordava, dizendo que Nossa Senhora Aparecida tinha bem mais poder e amava principalmente os brasileiros. No meu íntimo, não pude deixar de rir!

Ora, Nossa Senhora Aparecida e Nossa Senhora de Fátima são a mesmíssima pessoa: Maria de Nazaré, a mãe de Jesus. Ocorre que existem muitíssimas devoções diferentes tributadas a Maria: Nossa Senhora de Lourdes, Nossa Senhora do Desterro, Nossa Senhora do Carmo, Nossa Senhora da Boa Morte, Nossa Senhora da Purificação, etc.

Às vezes, o título corresponde a uma aparição de Maria. Por exemplo: veneramos Maria como Nossa Senhora de Lourdes, porque ela apareceu na cidade de Lourdes, ou como Nossa Senhora de Fátima, porque ela apareceu a três crianças em Portugal, na localidade de Fátima. Veneramo-la como Nossa Senhora Aparecida (particípio passado do verbo aparecer), pois Maria apareceu ou teve sua imagem encontrada por pescadores no Vale do Paraíba. Outro exemplo: se cultuamos Maria com a epígrafe de Nossa Senhora da Boa Morte, é em virtude do fato histórico de que Maria assistiu seu marido, José, quando este expirou e pode, outrossim, estar espiritualmente conosco na hora de nossa morte.

As duas mulheres, no entanto, na sua simplicidade, cometeram mais um deslize: acreditam que Maria tem poder. Ora, Maria não goza de nenhum poder propriamente falando. Ela não nos dá as graças que pedimos. Ela tão somente recorre a seu filho, Jesus. Este, sim, dispõe de poder, porque é Deus.

Desta forma, as graças chegam por intermédio de Maria, mas quem as dá é Cristo. Por este motivo, sempre rezamos a Maria, pedindo que ela rogue por nós, isto é, peça, suplique a Deus por nós, em vista das nossas necessidades.