Congregação Redentorista já foi dividida por imposições políticas

Aqueles que conhecem um pouquinho da história da Congregação Redentorista sabem que Santo Afonso de Ligório, o seu fundador, era napolitano e, que, quando ele nasceu, a Itália ainda não era um país unificado como na atualidade. Leia MaisO que é ser missionário para os pobres, segundo Santo Afonso 8 passos para ser um Missionário RedentoristaConheça o padre que sucedeu Afonso de Ligório na Congregação Redentorista

O Reino de Nápoles era uma das grandes potências da época, se rivalizando com outros reinos da Europa. A Itália moderna era uma somatória de mais ou menos 50 unidades políticas diferentes entre reinos, repúblicas e principados.

Até 1870, quando se completou a Unificação Italiana, a Igreja Católica era possuidora dos Estados Pontifícios, que ocupavam uma vasta região no centro da Itália. Em 1870, quando se deu a unificação, a Igreja perdeu os seus territórios, ficando tão somente com o estado do Vaticano atual, com o palácio de Latrão e com Castel Gandolfo.

Naquele tempo as relações entre a Igreja o Estado eram regulamentadas pela chamada “Lei das Duas Espadas”, que justificava a intervenção do Estado, em nosso caso, do rei de Nápoles, em assuntos internos da Igreja.

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Santo Afonso é um dos Doutores da Igreja por seu grande saber teológico

Por esta razão, uma lei imposta pelo rei de Nápoles com o nome de “Regolamento” provocou a divisão da Congregação e separação das casas que ficavam nos Estados Pontifícios daquelas que existiam no reino.

Este “Regolamento” chegou, inclusive, a prejudicar o andamento da causa de beatificação do Venerável Afonso Maria de Ligório.

Prejuízos da divisão

No ano de 1749, apenas 17 anos depois de sua fundação, o Papa Bento XIV aprovou a Congregação Redentorista, bem como as constituições e regras que a regeriam daí para a frente. Mas o governo do Reino de Nápoles impôs algumas condições para dar a sua aprovação. Ainda assim a Congregação se desenvolveria e continuaria sua missão apostólica.

Por causa das dificuldades em manter a Congregação no Reino de Nápoles, porque de uma hora para outra o rei poderia decretar sua supressão, Santo Afonso, a partir de 1755, havia fundado algumas casas nos Estados Pontifícios. Ele fez isso não só para que cada casa fosse um centro de missão, mas também para estar a salvo caso houvesse um decreto de supressão da Congregação emitido pelo rei. E foi mais ou menos isto que aconteceu! 

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Teologia Moral de Santo Afonso é referência para a Igreja Católica

Para viabilizar a aprovação da Congregação no Reino de Nápoles, foi preciso realizar algumas mudanças substanciais em suas regras de vida e constituições. Estas mudanças, que receberam o nome de “Regolamento”, foram tão profundas, que provocaram a desaprovação dos confrades, que então apelaram à Roma.

Para a grande dor de Santo Afonso, o Papa declarou que somente as casas que estivessem nos Estados Pontifícios teriam aprovação, podendo subsistir. As casas redentoristas do Reino de Nápoles estariam, desta forma, fora da Congregação. Com isso, Santo Afonso por tabela, também ficou excluído da Congregação. Quando ele morreu, em 1780, a Congregação legalmente ainda estava dividida.

Após a sua morte e depois de várias tratativas, tudo se encaminhou de tal forma que o próprio governo do reino, que havia feito tanta imposição, acabou cedendo, possibilitando a oportunidade de não só aprovar a existência da Congregação no Reino, como também de proporcionar a sua reunificação, o que aconteceria no ano de 1793.

Encaminha-se o processo de beatificação de Santo Afonso

O Papa Pio VI, grande admirador de Santo Afonso, desejava avançar com a Causa de sua Beatificação, chegando a dispensar o período dos dez anos necessários entre a morte de nosso santo fundador e os Julgamentos Ordinários de sua vida e virtudes, que começaram em 5 de abril de 1788. Havia, porém, uma séria questão preliminar, que precisava ser resolvida: analisar se o dito “Regolamento”, que havia dividido a Congregação, não seria um obstáculo ao andamento da causa.

Para solucionar as dúvidas, o Papa Pio VI nomeou uma comissão formada por três cardeais para examinar esta questão.

A causa de beatificação de Santo Afonso era defendida por Giacinto Amici, um eloquente advogado, profundo conhecedor de sua vida. Ele provou que Santo Afonso havia sido enganado pelo Padre Maione, o autor do malfadado “Regolamento” e falsamente acusado perante a Congregação dos Bispos e Regulares pelos Padres Francesco de Paola e Isidoro Leggio.

Amici mostrou que Santo Afonso, além de não querer mudar as Regras da nascente Congregação, não parou de lamentar a mudança da qual não era responsável, trabalhando para restabelecer tanto as Regras, como também conseguir que todos professassem os votos religiosos. Além de conseguir o juramento de todos os membros, ele próprio não deixou de ser fiel às suas constituições.

O advogado Amice conseguiu provar que o acidente da divisão provocada pelo “Regolamento”, longe de diminuir a inocência de Afonso, provou, melhor do que todos os seus atos, o heroísmo de suas virtudes. O advogado conseguiu mostrar a inocência de Afonso levando os cardeais a imporem um silêncio eterno sobre esta questão. Com isso, o Papa Pio VI confirmou solenemente este decreto em 29 de abril de 1796.

Hoje Santo Afonso, além de fundador, é declarado como Doutor da Igreja, patrono dos advogados e confessores e sua Teologia Moral é por todos reconhecida.

Em 1839, Giacinto Amici publicou um compêndio sobre a vida de nosso Santo, publicação promovida pela Congregação da Consolata, em Turim.

Uma tela, que foi pintada mostrando como Afonso instruía Amici, está preservada em Pagani, no Museu Alfonsiano.

.:: Santo Afonso, o homem do equilíbrio moral ::.