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O Reino de Nápoles e sua influência na família Ligório

Quando o Reino de Nápoles passou do domínio dos Bourbons para o dos Habsburgos, a família de Santo Afonso foi diretamente impactada pela alternância de poder

Escrito por Pe. José Inácio Medeiros, C.Ss.R.

29 AGO 2025 - 14H11 (Atualizada em 01 SET 2025 - 13H45)

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Ao longo do século XVIII, o reino e a cidade de Nápoles viveram um acelerado processo de expansão. Abrangendo boa parte do sul da Itália, o reino passou por um período de prosperidade e desenvolvimento cultural.

O crescimento da capital provocou o enchimento dos subúrbios e a construção de novos bairros populares, justamente onde Santo Afonso implantaria o método de evangelização baseado nas “Capelas Noturnas”.

A cidade praticamente dobrou de tamanho e a expansão fez com que suas muralhas fossem expandidas para acomodar o crescimento. Com população de aproximadamente 250 mil pessoas, Nápoles se tornou um importante centro comercial, sendo a base da rota que ligava com Flandres (Bélgica e Holanda atuais), o que contribuiu para sua riqueza e prosperidade.

A capital então se rivalizava com as maiores cidades da Europa, mas a riqueza acumulada não beneficiava a população mais pobre, sobretudo, a do interior do reino, abandonada sob todos os aspectos.

A prosperidade proporcionou também o florescimento cultural com a cidade se transformando num centro cultural e político; uma das importantes instituições era o seu fórum visitado tantas vezes pelo jovem advogado Afonso de Ligório na defesa dos interesses e das questões das famílias da nobreza napolitana.

Tanto o Reino como a capital, passaram por mudanças de poder ao longo do século, com a disputa entre as dinastias dos Bourbon e Habsburgo, por causa da Guerra de Sucessão Espanhola.

A alternância de poder trouxe consigo uma política reformista e esclarecida para o reino, afetando, sobretudo, as famílias da nobreza napolitana, da qual os Liguori eram um dos componentes.

A população pobre dos subúrbios e do interior do reino, porém, não era levada em consideração, e nem a riqueza acumulada contribuía para melhorar sua situação que foi vivenciada fortemente por Santo Afonso e seus companheiros que tiveram a coragem de largar tudo para se dedicarem aos “cabreiros”.

A nobreza napolitana

A nobreza napolitana do século XVIII era a classe social mais influente, desempenhando papéis importantes na administração, na política e na cultura do Reino.

As mudanças no poder impactaram diretamente em sua vida, obrigando a se adaptar às novas circunstâncias para manter, mesmo que a duras penas, a influência na administração e na política do reino.

As famílias da nobreza possuíam títulos, terras e riquezas acumuladas ao longo do tempo, o que lhes conferia um status social elevado, auferindo grandes rendas das propriedades, podendo desempenhar o seu papel no mecenato artístico e cultural, contribuindo para o desenvolvimento da cidade e do reino, mantendo as aparências de poder e de classe.

Uma das formas de aumentar as propriedades e influências se dava pelos “casamentos arranjados” e, seguramente, o pai de Afonso de Ligório, por ser ele o primogênito da família, esperava aumentar o seu patrimônio e melhorar o “nome da família” conseguindo um bom casamento para o filho.

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O reinado de Carlos VII, que posteriormente seria Carlos III, da Espanha, foi marcado por reformas administrativas e sociais que buscaram modernizar o reino e fortalecer o poder central, apesar da resistência da nobreza, temerosa de perder o seu poder e influência.

A Guerra de Sucessão Espanhola

A disputa pelo trono espanhol provocou a chamada Guerra de Sucessão entre 1701 e 1714. O rei Carlos II, da Espanha, da dinastia Bourbon, morreu sem deixar herdeiros, começando então uma feroz disputa pela coroa envolvendo as casas reais europeias, sobretudo, com a oposição entre Áustria e França, as grandes potências de então.

No final do conflito, a Espanha perdeu a maior parte da Itália e os Países Baixos espanhóis, que foram divididos entre outros países, principalmente Áustria e Grã-Bretanha. Isso alterou o equilíbrio de força na Europa, com a ascensão da França e Inglaterra e o consequente declínio da Espanha e da Áustria.

Dinastias disputam o poder

As dinastias mais importantes da Europa sempre disputavam o poder em vários reinos. A dinastia Bourbon tem suas origens na França, governando países como França, Espanha e o Reino das Duas Sicílias.

Descendente da nobre família francesa de Bourbon, tinha suas raízes no século XII, ascendendo ao trono francês no século XVI com Henrique IV, que se converteu ao catolicismo para pacificar a França após as Guerras Religiosas.

Ao longo dos séculos XVII e XVIII, a dinastia se expandiu para outros reinos europeus, incluindo a Espanha, onde Filipe V, neto de Luís XIV, se tornou rei em 1700, e um dos ramos se estabeleceu em Nápoles e Sicília, com Carlos VII tornando-se rei em 1734.

Os Habsburgo, dinastia também conhecida como Casa da Áustria, tinha suas raízes na Suíça, dominando vastos territórios como Áustria, Espanha, partes da Itália e da Europa Central, desde o tempo do Sacro Império.

A dinastia, cujo nome deriva da nomenclatura do castelo localizado na Suíça, se tornou notável pela habilidade em expandir seus territórios e poder por meio de casamentos estratégicos e heranças, sendo lembrada ainda hoje por sua influência na história europeia, por sua habilidade em expandir seus territórios e sua ligação com a Igreja Católica.

As disputas políticas e a família Ligório

O período entre 1707 e 1711, foi crucial para Nápoles, que passou do domínio dos Bourbon para os Habsburgo. Em junho de 1707, o imperador José I, da Áustria, que era Habsburgo, enviou tropas alemãs para conquistar Nápoles e a cidade, cansada dos Bourbon, acolheu os imperiais como libertadores.

As mudanças políticas decorrentes desta troca de poder impactaram diretamente a Família Ligório. O pai de Santo Afonso, Giuseppe de Ligório, ocupava o posto de oficial da esquadra naval do reino, composta por navios modernos, bem armados e com grande número de tripulantes, entre eles muitos escravos.

O Reino de Nápoles possuía também uma base naval em Castellamare, onde navios eram construídos e reparados. A esquadra era comandada pelo almirantado, órgão máximo da esquadra, chefiado por um príncipe da Casa Bourbon, formado por um Conselho do qual seguramente participava Dom Giuseppe de Ligório.

Quando Afonso de Ligório nasceu em 1696, final do século XVII, o reino estava sob o domínio espanhol com a Casa Bourbon. Agora mudava o domínio que passou para os Habsburgos austríacos.

Em 1734, quando a Congregação já estava criada, Carlos de Bourbon reassumiu o trono de Nápoles, restaurando a dinastia no reino, cujo poder terminaria apenas em 1861, quando foi anexado ao Reino da Itália, no processo de unificação.

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Fonte: Instituto Histórico Redentorista

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