Santo Afonso: Como foi o primeiro centenário de sua morte

Santo Afonso Maria de Ligório, fundador da Congregação Redentorista, faleceu no dia 01 de agosto de 1787, aos 91 anos. Cem anos depois, em 1887, celebrou-se em todo o mundo o primeiro centenário de seu nascimento que se repetiria depois em 1987, quando se celebrou o segundo centenário de seu nascimento para Deus na vida eterna.

O Governo Geral da Congregação, por meio do então Superior Geral, Pe. Nicolau Mauron, mobilizou a congregação para que em toda parte se celebrasse dignamente essa efeméride.

Na ocasião, a Congregação do Santíssimo Redentor se organizava em 12 províncias, contava com 127 casas distribuídas pela Europa, América do Norte e América Latina, sendo formada por 1.138 sacerdotes, 362 clérigos professos, 572 irmãos coadjutores, 121 noviços coristas e 205 irmãos coadjutores, num total de 2.072 congregados professos e 326 noviços, com boa perspectiva de crescimento graças ao número de noviços.

Nossa província mãe

A Província da Alta Alemanha, que alguns anos depois, em 1894, assumiria a missão Bávaro-Brasileira com fundações em Aparecida (SP) e Trindade (GO), era composta por 86 confrades na Baviera e na Áustria.

Um confrade residia na Província Inglesa e um irmão na Província Austríaca. Em 1873, 05 casas foram suprimidas ou abandonadas, e outras quatro receberam o mesmo destino entre 1885 e 1887, por causa da dureza das leis liberais que vigoravam na Alemanha.

Comissão do Patrimônio Histórico Provincial. Pioneiros alemães que chegaram ao Brasil em 1894.

Enquanto isso, a Província Holandesa cujos membros formariam a Província holando-Brasileira que faria sua primeira fundação em Juiz de Fora (MG) era composta por 196 confrades, com várias casas na Holanda e no Suriname.

Dinamismo missionário

Nos seus 155 anos de caminhada histórica, a Congregação era marcada por um forte dinamismo missionário. Isso se torna mais fácil de ver com a distribuição dos redentoristas por vários países em “estado de missão”.

Numa ampla reportagem, a revista La Sainte Famille, fundada pelo redentorista francês Pe. Achilles Desurmont (1875), são destacados os feitos missionários dos Redentoristas no Canadá, nos Estados Unidos, no Suriname, na Colômbia, no Equador e no Chile.

Os anais das províncias sublinham expressamente o tipo e o número de missões realizadas a cada ano pelas várias comunidades e nos oferecem também dados estatísticos sobre outras atividades apostólicas.

PASCOM BASÍLICA Missão Redentorista realizada na cidade de Sacramento (MG)

O apostolado das comunidades era acompanhado por um florescimento da devoção a Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, realizada principalmente através da Arquiconfraria do Perpétuo Socorro.

As demais associações de piedade lideradas pelos redentoristas em suas igrejas também estavam em franca ascensão. A mesma revista La Sainte Famille se destacava com mais de 300 mil membros associados, predominantemente da camada mais popular. Essa característica fez com que, durante o centenário afonsiano, alguém visse nela uma espécie de continuação das Capelas Noturnas.

Reprodução Fundador da Congregação Redentorista era adepto do “Apostolado de Rua”, onde pregava de forma livre aos mais necessitados nas "Capelas Noturnas"

O panorama da Congregação antes do Primeiro Centenário da morte de Santo Afonso ficaria incompleto se não fosse destacado outro evento que aconteceu na mesma época: a beatificação de São Clemente Maria Hoffbauer (1751-1820).

Primeiro, tinha sido marcada a data de 21 de novembro de 1887 para que isso ocorresse, mas sua canonização somente pode ocorrer após o término das celebrações jubilares em homenagem ao Papa Leão XIII, em 29 de janeiro de 1888.

A este fato, tão marcante para a Congregação, juntaram-se outros dois semelhantes. Em 20 de novembro de 1888, a Congregação para a Reparação do Vaticano realizou o exame dos milagres necessários para a beatificação de São Geraldo.

Nesse mesmo ano, concluiu-se o processo ordinário necessário para a canonização do futuro São João Nepomuceno Neumann. Ao mesmo tempo, os informativos da Congregação já haviam começado a propagar a vida extraordinária do Padre Pedro Donders, já conhecido como “o Apóstolo dos Leprosos”.

A coincidência desses eventos com o centenário da Congregação não era sem razão. A beatificação de São Clemente foi então anunciada na mesma Carta Circular que falava do centenário.

A partir daí, as celebrações jubilares de nosso Santo Fundador são associadas às figuras de São Clemente e São Geraldo. Mais uma vez, a Revista La Sainte Famille oferece aos leitores na sessão “Fleurs des Saints” uma biografia dos padres João Neumann e Pedro Donders.

A glória do pai e fundador se manifesta e se fortalece com a dos filhos mais ilustres. Portanto, a maioria das celebrações, em vez de prejudicar umas às outras, ajudou a criar uma atmosfera de entusiasmo e prestígio diante dos frutos de santidade que a Congregação pôde apresentar quando completou um século e meio de existência.

Primeiro centenário da morte do fundador

O Primeiro centenário de Afonso de Ligório (1696-1787) como santo (1839) e Doutor da Igreja universal (1871) constitui a base de todas as outras. Na realidade, os centenários são celebrados apenas em memória de personalidades significativas para a sociedade ou para a Igreja.

O fundador dos redentoristas, uma vez beatificado (1816), canonizado (1839) e proclamado Doutor da Igreja (1871) tinha o direito de não ver passar despercebido o centenário de sua morte (1887).

As celebrações ocorridas em todas as partes do mundo onde a congregação estava presente fizeram aumentar a dedicação de igrejas, a construção de monumentos, a multiplicação de imagens e publicação de biografias, se tornando como que o ápice de sua glorificação.

.:: Conheça a basílica que abriga as relíquias de Santo Afonso ::.

Isso não poderia ter ocorrido no centenário de seu nascimento (1796) porque era muito próximo da data de sua morte. Na mentalidade romana da época havia uma certa tendência a não dar tanto relevo ao nascimento dos santos.

Evidentemente este havia sido o primeiro centenário que podia ser celebrado em honra de Santo Afonso de Ligório, mas a celebração do centenário de sua morte ganhou muito mais vigor.

Por outro lado, antes que a situação política de alguns países impedisse as celebrações externas, os Redentoristas não perderam esta oportunidade para manifestar e difundir a devoção a Santo Afonso.

Se para Santo Afonso foi o “primeiro centenário”, para a Congregação foi a primeira oportunidade que teve de celebrar o seu grande fundador.

Já que a glória do pai se manifesta de maneira especial nos filhos, vários eventos foram realizados nas comunidades espalhadas pelo mundo: pelo menos um tríduo em preparação para a festa como lembrança de sua morte. As datas variavam de lugar para lugar, mas sempre aconteceram.

Um ano depois do centenário, o próprio Padre Mauron destacou os seguintes aspectos dos resultados do centenário:

• A participação de todo o Instituto, ainda mais, de toda a Igreja; os sentimentos de piedade e devoção manifestados em todos os lugares ao nosso Santo Padre e Fundador;
• A participação popular;
• O grande aumento que o culto de Santo Afonso estava experimentando a partir de então no clero e no povo cristão;

O que tudo isso poderia significar para o bem das almas e glorificação de Santo Afonso, apesar das dificuldades encontradas por algumas províncias na organização de eventos públicos.

Diante dos resultados, o Superior Geral exortou que se fizesse todo o possível para preservar os frutos do centenário e que todos procurassem fazer seus os sentimentos e atitudes de Santo Afonso, até que se tornassem “imagens” de seu fundador.

.:: Conheça 43 frases de Santo Afonso para viver na presença de Deus ::.

Fonte: Acervo Histórico Redentorista