O povo vivia uma situação deplorável de injustiças e maldades internas: “Cada vez que falo, devo gritar e proclamar: ‘Violência! Ruína!’” (Jr 20,8a). Ruína, sofrimento causados pela violência!
Naquele mesmo tempo, os babilônios eram uma ameaça desenhando-se no horizonte, que o profeta lê como alerta divino: “Assim fala Javé: ‘Preparo contra vós uma calamidade e medito contra vós um projeto’” (Jr 18,11a). E mais que isso: o profeta apalpa um Deus inconformado com a situação e que, por nada, desiste do povo!
Para Ele, é tão fácil reverter a situação: “abandone, cada um, sua má conduta, e melhorai vossos costumes e vossas ações!” (Jr 18,11b). É incrível: o pecado só nos castiga, nos escraviza, mas nos atrai, nos arrasta a construirmos nossa própria desgraça!
Deus manda o profeta à casa de um oleiro, pois “lá te farei ouvir minha palavra” (v.2). O oleiro estava trabalhando ao torno, “mas o vaso que ele estava fazendo estragou-se... ele recomeçou e fez um outro vaso, como a seus olhos parecia justo” (v.3-4). E Javé diz: “Acaso não poderia eu agir convosco, casa de Israel, como este oleiro? – oráculo de Javé. Como a argila está nas mãos do oleiro, assim vós estais em minhas mãos, casa de Israel” (v.6).
Este é o sonho de Deus: como nosso Oleiro estar sempre nos aprimorando conforme o ideal que tem para nós, se nós Lho permitimos. Quer-nos formosos, o mais possível parecidos com Ele mesmo. Já ao nos criar, agiu como oleiro. Modelou-nos um boneco do barro, mas que se tornou de fato “um ser vivente” só quando “soprou” em nossas narinas “o sopro da vida”, o Seu Espírito (Gn 2,7).
Sim, unicamente movidos pelo Espírito, é que seremos e agiremos como imagem e semelhança Suas (cf. Gn 1,26), seremos o vaso que Ele-Oleiro sonhou. Ao nos criar, só isto Ele buscava: partilhar conosco já aqui na terra, Sua própria vida divina, Seu jeito de viver e agir, Sua beleza. Ele “é amor” (1Jo 4,8), e “o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que ele nos deu” (Rm 5,5b). Nós-barro, mas formosos, divinos no amor!
Mas, esse Seu sonho de Oleiro é a proposta que Ele nos faz. Agirá como Oleiro se Lho permitirmos! Que respeito o Amor tem por nós! E ainda que maravilha! Imaginando-Se um Noivo ou Esposo para nós, comparava-Se ainda a enfeites, a um cinto para nós! Ele, nossa única beleza! Ele, uma proximidade ou intimidade a nos cingir! Assim o Oleiro nos via como um vaso bonito, do Seu gosto!
Mas, “acaso se esquece uma virgem de seus ornamentos, uma esposa de seu cinto? Porém meu povo me esqueceu por dias inúmeros” (Jr 2,32). “Espantai-vos com isto, ó céus, estremecei com assombro – oráculo de Javé” (2,12): “Meu povo me esqueceu; eles oferecem incenso a um ídolo vão” (18,15a), “meu povo substituiu aquele que é sua glória por um ser inútil” (2,11b). À divina beleza preferiu a horripilante feiura!
Eu e você estamos permitindo a Deus, por Seu profeta, fazer a leitura mais profunda de nossas vidas? Sentimos necessidade de constante êxodo? Que resposta estamos dando a nosso Oleiro?
O profeta leu no coração de seus contemporâneos esta resposta: “É inútil, nós queremos seguir nossos projetos; cada um de nós agirá segundo a dureza de seu coração malvado” (Jr 18,12). Você acredita: ainda que esta malcriação esteja sendo a minha resposta até agora, não consigo fechar o divino coração? Ele não Se conforma conosco no “Egito”, não desiste de nos propor Seu êxodo libertador: “abandone, cada um, sua má conduta, e melhorai vossos costumes e vossas ações!” (v.11b). Eternamente obrigado, Oleiro teimoso e indomável!
1. Seu Deus é o Oleiro proposto pelo profeta?
2. Que especial imperfeição o Oleiro anseia desfazer em minha vida?
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Por Redação, em Santuário Nacional