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Nosso êxodo para Deus passa pelo irmão (Is 59,1-8)
Nosso êxodo para Deus passa pelo irmão (Is 59,1-8)

O êxodo bíblico normalmente nos leva a pensar na saída que o povo de Deus fez, do escravizador Egito, rumo à Terra prometida através da longa travessia do deserto. Prisioneiro num país estranho, e distanciado de sua Terra por um grande deserto.

Hoje essa Terra buscada, nossa meta de vida, podemos entendê-la como sendo a Casa do Pai, e até mesmo, o próprio Pai, a nossa Terra definitiva: “ninguém vai ao Pai senão por Mim” (Jo 14,6b). O “Egito” estaria dentro de nós ou seríamos nós mesmos. Êxodo: sairmos para fora de nós mesmos, rumo a Deus, nossa Terra prometida! E, o que seria esse “deserto” que nos separa do Pai, nos impede de ir até Ele ou de Ele vir até nós?

Por Is 59,1-8, o próprio Deus nos responde. O povo reclamava de Deus ao próprio Deus porque Este não o estava escutando em suas súplicas. E O acusavam: Deus parece ter a mão “curta demais” para salvar, ou o ouvido “duro” para nos ouvir (Is 59,1). Parecia ter encompridado tanto o deserto a ponto de Ele, da outra ponta, nem sequer ter ouvidos para escutá-lo!

Mas, que olhar profético a ler a realidade em sua mais profunda verdade, “mais penetrante do que uma espada de dois gumes” (Hb 4,12)! Sim, Deus dá Sua versão, faz Sua leitura: nada de mão impotente nem de ouvido surdo de Sua parte, “mas são vossas iniquidades que cavaram um abismo entre vós e vosso Deus; vossos pecados o fizeram esconder de vós seu rosto para não vos ouvir” (v.2)! “Pecados...iniquidades”, estes sim criadores do deserto que distancia Deus, de nós!

Cria este abismo separador entre Ele e nós a maldade que cometemos contra os irmãos! Ferirmos o irmão é ferir Deus profundamente! “Quem vos tocar, toca a menina de meus olhos” (Zc 2,12b)!

Eis os “pecados... iniquidades” a criar esse abismo entre nós e Deus: “Vossas mãos estão manchadas de sangue e vossos dedos, de crimes; vossos lábios proferem mentiras, vossa língua murmura a maldade. “Ninguém apresenta queixa segundo a justiça, ninguém a discute com lealdade. Confiam no nada e dizem o falso, concebem a malícia e dão à luz a iniquidade. “Chocam ovos de víbora e tecem teias de aranha; quem come daqueles ovos morrerá, e do ovo quebrado sai uma víbora. “Suas teias não servem para vestes, eles não podem cobrir-se com suas obras; suas obras são obras iníquas; o fruto de violências está em suas mãos. “Seus pés correm para o mal, apressam-se a derramar sangue inocente; seus pensamentos são pensamentos iníquos, em seus caminhos há desolação e destruição” (v.3-7).

Sofrendo no exílio babilônico, o povo acusava Deus-esposo de ter abandonado a ele-Sua noiva ou esposa. E Ele responde: “Onde está o documento de repúdio de vossa mãe com o qual a rejeitei? Ou a qual de meus credores eu vos vendi? Sim, foi por vossas iniquidades que fostes vendidos, foi por vossas transgressões que foi rejeitada vossa mãe” (Is 50,1). Que leitura profunda! Quem nos vende à desgraça, à infelicidade somos nós mesmos com nossas iniquidades!

Pensados e criados para sermos imagem e semelhança de Deus, do Amor, da Bondade, ao praticarmos o mal, nós mesmos é que desfiguramos, destruímos essa nossa divina semelhança! Pela maldade, criamos nossa própria infelicidade: “Não conhecem o caminho da paz, não há justiça em seu proceder; tornam tortuosos seus caminhos, quem anda por eles não conhece a paz” (59,8).

Se “Deus é amor” (1Jo 4,8b), é unicamente nosso amor para com o irmão na solidariedade, na compaixão, no perdão incondicional e gratuito, que nos pode abrir caminho de nosso “Egito” ou exílio ou pecado até Ele, superando o “deserto” que nos separa. Nosso amor ao irmão, a chave com que abrimos nossa porta para Deus!

REFLEXÃO

1. Meu Deus, eu O sinto próximo ou distante de mim, surdo a meus apelos? Is 59,1-8 ilumina minha caminhada de fé, de busca de Deus e de Seu Reino?

2.Como vai meu “Êxodo” para minha definitiva “Terra Prometida”?

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Por Redação, em Santuário Nacional

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