Por Academia Marial Em Notícias Atualizada em 29 MAI 2019 - 10H08

Relembre as principais reflexões das palestras do Congresso Mariológico

Entre os dias 15 e 18 de maio, a Academia Marial de Aparecida (AMA), em parceria com a Faculdade Dehoniana de Taubaté, realizou o XIII Congresso Mariológico na cidade da Mãe Aparecida. Durante os dias de evento, muitos teólogos e estudiosos em Mariologia apresentaram reflexões com base no tema geral 'Maria e o Espírito Santo'.

Thiago Leon
Thiago Leon
Congresso Mariológico no dia 15 de maio.


Confira um breve resumo, preparado pelos
palestrantes e o diretor da Academia Marial, padre José Ulysses da Silva sobre os temas abordados:

‘Maria e o Espírito Santo nas Sagradas Escrituras’, com Frei Jonas Nogueira da Costa, OFM

Frei Jonas destacou que Maria não é uma figura cêntrica na Bíblia, mas primordial na história da salvação. O único caminho que temos para aproximarmos de modo responsável e reverente da relação entre o Espírito Santo e Maria reside nas Sagradas Escrituras, sobretudo nos 'Evangelhos da Infância' de Mateus e de Lucas. Lá encontramos as fontes que nos revelam a singularidade da relação entre a Mãe do Senhor e o Divino Paráclito. O lugar onde o Espírito se manifesta por excelência foi em Pentecostes. Maria, em oração com os seguidores de Jesus no Cenáculo, é o “Ícone da Igreja orante”, mostrando-nos que a oração é um ato eclesial no vínculo do Espírito Santo.

‘Maria e o Espírito Santo na Tradição eclesial’, com Frei Jonas Nogueira da Costa, OFM

Os elementos básicos que tratam da relação entre Maria e o Espírito Santo na Tradição eclesial encontram-se nas Sagradas Escrituras e na forma como os Santos Padres e a Liturgia dos primeiros séculos da Igreja compreenderam essa relação à luz do Espírito Santo. Percebemos ser a Virgem Maria a expressão privilegiada da maternidade fecunda do Espírito Santo. Logo, tudo em Maria nos remete ao Espírito Santo, pois aquela que é a sua mais singular morada, seu “sacrário, foi quem melhor o acolheu em sua vida, deixou-se ser totalmente guiada por Ele e fez-se para todos, um modelo dos que querem viver uma vida segundo o Espírito de Deus.

‘Maria e o Espírito Santo em perspectiva pastoral’, com Lina Boff

Ir. Lina focou os movimentos do Espírito Santo em Maria, afirmando que ela decidiu entrar no movimento do Espírito, doou-se totalmente às suas interpelações e alterou o contexto e a realidade do povo em expectativa messiânica. “Trata-se da atuação do Espírito que desce numa Mulher, Maria de Nazaré. Tem como finalidade primeira a de movimentar um povo que vivia na expectativa da chegada do Messias libertador, mas esse povo não se deslocava para o ponto central da história, aguardado com grande expectação”.

Enfatizou também “a função materna de Maria na Igreja Povo à luz da ação do Espírito. Movimentada pelo Espírito Santo, que a coloca como Mãe e inspiração da Igreja-Povo na ordem da graça, Maria torna-se ícone de participação das funções salvíficas de Cristo”.

Fundamentando-se no Papa Francisco, Ir. Lina discorreu sobre o modo mariano de evangelizar, afirmando que Maria movimenta a evangelização pastoral da Igreja, porque é uma mulher que está próxima do povo, atenta às necessidades humanas, e cujo estilo de evangelizar parte da ternura e do afeto.

‘Maria e o Espírito Santo na Teologia Contemporânea’, com Ir. Afonso Murad, FMS

Os principais tópicos abordados pelo palestrante foram os seguintes:

O Espírito Criador e Maria - Em Maria acontecem, de forma única e original, a transcendência, a imanência, e a transparência do Espírito Santo numa criatura humana.

Espírito Santo, o profetismo e Maria - O Cântico de Maria é expressão do profetismo bíblico, inspirado no Espírito Santo. Como consequências para hoje, a relação de Maria e o Espírito Santo comporta uma dimensão social, de empenho para que o Reino de Deus crie raízes na vida social.

O Espírito, a comunidade e Maria - O mesmo Espírito atua em Maria na concepção de Jesus, no encontro com Isabel, no cântico profético de louvor e em Pentecostes.

Mulher, figura do ser humano deificado - Visão predominante na Igreja ortodoxa. Em Maria, o Espírito de Deus faz morada permanente. Ela é a Toda Santa!

O Espírito e o feminino - Na trindade, o Espírito tem caráter materno e feminino. Maria o atualiza na história. Nela, o Espírito se exprime de forma pessoal e humana.

Maria, as mulheres e o Espírito Santo - Maria, acolhe o Espírito Santo no corpo de mulher.

‘Maria e o Espírito Santo na mística cristã’, com Maria Clara Bingemer

Maria Clara abriu a palestra falando a respeito da mística cristã em busca do seu veio antropológico, ressaltando que a experiência mística cristã é a experiência de um Deus encarnado. Deus que se faz carne, num corpo de uma mulher, se faz presente na fragilidades do ser humano. O reconhecimento de Maria, a imagem do povo fiel, como a morada especial de Deus, é a expressão máxima do mistério da encarnação e da expressão mais original do cristianismo, que emergiu do movimento inicial de Jesus.

A perspectiva da encarnação devolve a Maria seu lugar no processo de amadurecimento humano do relacionamento com Deus, posto semelhante ao de Jesus, apesar de diferente. Qualquer experiência mística dentro do cristianismo, união entre um ser humano e Deus, terá Maria como presente e constitutiva. Pois ela está presente em nossa humanidade por ser mãe do novo Adão e participa da divindade daquele que gerou – Theotokos. Indissoluvelmente, unindo humanidade e divindade em nós, criaturas como ela, desejosos como ela de experimentar a Deus e servir seu povo.

‘Maria na Teologia e na Vida Pentecostal’, com Pe. João Carlos Almeida (Pe. Joãozinho, scj)

Maria levou uma vida Pentecostal! A dinâmica do Espírito Santo, desde a anunciação até o Pentecostes, em Jerusalém, desde os mistérios da Alegria até os mistérios da Esperança, foi uma dinâmica permanente na vida de Maria. Então, nós poderíamos dizer que ela viveu na dinâmica de Pentecostes primeiro em Nazaré, nos seus mistérios da Alegria, na anunciação, quando o Espírito a cobriu com sua sombra, ficou grávida do Espírito Santo e deu à luz o menino Jesus. Mas esse Pentecostes da alegria se prolonga no Pentecostes da Luz.

Ela não é apenas discípula; é missionária, pois sai às pressas e vai servir sua prima Isabel. Assim, ela continua seguindo também os passos de seu filho Jesus. Conhecemos muito bem o episódio que diz: "A tua mãe e teus irmãos estão aí e querem falar contigo. E Jesus elogia sua mãe: Minha mãe e meus irmãos são aqueles que fazem a vontade de meu Pai". Maria vivia intensamente ligada ao ministério de seu Filho Jesus. Também no episódio das Bodas de Caná, em que Maria intercessora diz: "Façam tudo o que meu Filho vos disser", Maria vive o Pentecostes da alegria sobre a sombra do Espírito, sob a metáfora da nuvem, que representa muito bem o Espírito no capitulo 1 de Lucas, mas depois ela é levada pelo vento do Espírito. Esse Espírito que é expresso nas Escrituras sob a forma de nuvem nos mistérios das alegria, volta sobre a forma de vento nos mistérios da Luz.

Maria continua sua vida segundo o Espírito que começou na alegria e continuou na luz, começou no discipulado e continuou na missão, mas se aprofunda nos mistérios dolorosos. Ao pé da cruz , quando o soldado transpassou o lado de Jesus, Ele deixou sair sangue e água. Aquela água se realiza a promessa de Jesus que disse: "Todo aquele que tem sede vem a mim e beba; e de seu interior jorrarão rios de água viva". Para a samaritana ele disse: "Se conhecesses o dom de Deus, então pedirias água e Ele lhe daria uma água viva". O Espírito Santo é essa água viva e Maria viveu esse Pentecostes da dor, na lágrima, no suor, no sangue, unida ao seu Filho Jesus na dor, completando na sua carne o que faltava à paixão de Cristo.

Portanto, Maria não viveu apenas o Pentecostes da Alegria e da Luz. Ela viveu também o Pentecostes da Dor. Ela é Nossa Senhora das Dores, que também é Nossa Senhora dos Amores. E ainda tem o quarto mistério. Se, no mistério da Alegria, temos a metáfora da nuvem, no mistério da Luz, temos o mistério do vento, no mistério da Dor, temos a metáfora da água, resta-nos reconhecer em Jerusalém, que Maria estava lá com os discípulos e temos as línguas de fogo. O Espírito Santo é este fogo que Jesus veio trazer. Em Pentecostes, os discípulos trocam o medo pela coragem e Maria está no meio deles intercedendo.

Portanto Maria vive esses 4 Pentecostes: da alegria, da dor, da luz e da esperança. E experimenta essas 4 metáforas do Espírito Santo: da nuvem, do vento, da água e do fogo.

‘Maria e a intercessão no Espírito Santo’, com Vinícius Paiva

A intercessão de Maria se dá por meio da ação do Espírito Santo, e é uma expressão de sua mediação materna como mãe do Redentor. A Igreja, que faz a experiência marial de sua onipotência suplicante, deve imitar sua docilidade ao Espírito e abertura ao amor trinitário.

‘Maria jovem missionária na força do Espírito’ com Lúcia Pedrosa de Pádua

Lúcia trouxe uma reflexão articulada em três aspectos importantes na figura de Maria: a juventude, a missão e o envio no Espírito de Cristo. Juventude relaciona-se com uma etapa de vida, mas também com uma orientação interior de jovialidade, capaz de transformações, entrega e recomeços. A missão é a condição básica do discípulo; é a outra metade de um “sim” realizado na verdade do coração. Maria é enviada na força do Espírito, que a faz ir ao encontro de Isabel, de Jesus, dos discípulos e, na realidade atual da Igreja, de toda a humanidade.

Aos jovens, o Papa Francisco aconselhouolhar o horizonte, não o espelho”, isto se concretizou na vida de Maria. Ela soube jogar-se no projeto de Deus com força e coerência, sabendo que não poderia controlar os processos do Espírito. Os sinais do Espírito são a regeneração e jovialidade. Ele liberta e gera liberdade, congrega, instrui e fortalece, dá coragem, consola e faz orar.

Mas se o Espírito não for acolhido pode ser apagado, como consequência temos o envelhecimento da Igreja, dos cristãos e os vínculos humanos, a tendência religiosa e cultural é o fechamento à vida nova no Espírito de Cristo. Há um abismo entre a moral pensada, escrita e a moral vivida. Com Maria somos reenviados às nossas comunidades e aos nossos locais de trabalho com nova jovialidade, que é a força pascal e missionária. Nos sentimos chamados a reconhecer e reavivar os vínculos do amor - A Vida Nova.

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